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Por Erika Balbino
Atualizado em 22.06.22
A vulvodinia acomete muitas mulheres gerando desconforto e dores intensas que podem prejudicar a qualidade de vida. Além disso, a doença é dificilmente diagnosticada, o que pode prolongar os sintomas. A ginecologista Dra. Regina Amarante (CRM 142513), da Rede de Hospitais São Camilo SP, esclareceu o que é essa condição clínica, citou os sintomas e formas de tratamento. Confira!
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O que é vulvodinia?
Segundo a profissional, a vulvodinia (VD) é definida como uma dor vulvar que dura, no mínimo, três meses. “Trata-se de uma condição clínica complexa e multifatorial, com dor intensa que ocorre na ausência de achados infecciosos, inflamatórios, neoplásicos ou neurológicos visíveis”. Além disso, a especialista esclareceu que a doença não é sexualmente transmissível.
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Causas da vulvodinia

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A Dra. Regina informou que a vulvodinia não tem causa clara identificável, no entanto diversos fatores podem estar associados à sua origem, como:
- Comorbidades e outras síndromes dolorosas, como síndrome da bexiga dolorosa, fibromialgia, síndrome do intestino irritável e disfunção temporomandibular;
- Predisposição genética que aumenta os riscos de candidíase e outras infecções;
- Mudanças genéticas que permitem respostas inflamatórias exageradas ou prolongadas;
- Aumento da susceptibilidade às mudanças hormonais associadas ao uso de contraceptivos hormonais;
- O uso de contraceptivos hormonais combinados podem aumentar o risco de desenvolver vulvodinia;
- Doenças musculoesqueléticas, como hiperatividade muscular pélvica, miofascial e biomecânica;
- Mecanismos neurológicos e neuroproliferação;
- Inflamações e fatores psicossociais, como ansiedade, depressão, vitimização na infância e estresse pós-traumático, também contribuem para o desenvolvimento de vulvodinia.
Como visto, as possíveis causas da doença são diversas, portanto é importante buscar ajuda médica para avaliar cada caso.
Como detectar a vulvodinia e principais sintomas
A ginecologista informou que “o diagnóstico da vulvodinia é de exclusão, inclui anamnese detalhada e exames para afastar causas orgânicas. Na maioria dos casos, o exame de vulvoscopia não detecta anormalidades e geralmente a histologia é inconclusiva, o que não auxilia no esclarecimento do diagnóstico”. Veja abaixo os principais sintomas citados pela especialista:
- Dor na vulva ou bastante sensibilidade na região genital feminina;
- Incômodo intenso ao toque;
- Irritação, coceira ou queimação na região vulvar;
- Sensação de calor na vulva;
- Dificuldade ou dores durante as relações sexuais;
- Incômodo ao inserir na vagina absorvente interno ou coletores menstruais;
- Pontadas na vulva.
A Dra. Regina destacou que a “maioria das pacientes com vulvodinia tem seu diagnóstico postergado, muitas vezes, por anos, e também por conta do desconhecimento dos ginecologistas em relação à doença”.
Como tratar a vulvodinia

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A ginecologista informou que o tratamento é normalmente realizado com o uso de antidepressivos tricíclicos, estrogenoterapia tópica ou oral e sedativos tópicos para diminuir a severidade dos sintomas. Além disso, a profissional disse que 30 minutos antes da relação sexual pode aplicar “lubrificantes e anestésicos tópicos, como lidocaína gel 2% a 5% e reaplicar durante o ato. Se houver dor durante o dia, também pode aplicar a substância anestésica”.
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Outra orientação da médica é “usar produtos neutros e roupas íntimas brancas de algodão, evitar lubrificantes de silicone ou oleosos e dar preferência aos hidratantes feitos à base de água”. Além disso, manter uma “dieta pobre em oxalatos – resíduos de alguns alimentos excretados na urina como cristais que quando entram em contato com a vulva causam irritação”. Para auxiliar na redução dos níveis urinários de oxalato, é recomendado ingerir “1.200 mg de citrato de cálcio diário”, completou.
Nos casos em que a paciente não responde ao tratamento tradicional, a ginecologista informou que pode ser realizado excisões focais, vestibuloplastia, perineoplastia ou vestibulectomia. Porém a cirurgia de remoção hiperplasia neural “não é indicada quando houver dor generalizada e não provocada”.
Além das opções de tratamento citadas, alguns médicos podem indicar a aplicação de toxina botulínica, a realização de fisioterapia local e tratamento com laser CO2 fracionado. Aproveite e saiba mais sobre fissura vaginal e como tratar esse incômodo que afeta tantas mulheres!