Sociedade

Por que o padrão de beleza existe e nos incomoda tanto?

Dicas de Mulher

Atualizado em 14.08.23
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De corpos curvilíneos à famosa barriga negativa, o padrão de beleza se altera ao longo da história por questões culturais, históricas e regionais. Para falar sobre o assunto, a socióloga Beatriz Amparo e a psicóloga Alessandra Augusto compartilham informações sobre os padrões de beleza e como tentar se encaixar neles pode gerar consequências para a sociedade. Confira!

O que é o padrão de beleza?

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Segundo a socióloga, “o conceito está relacionado ao conjunto de características tidas como ideais e tornaram-se modelos reproduzidos pela mídia, audiovisual, materiais didáticos, literatura, publicidades e afins”. Assim, não existe apenas um padrão de beleza, pois “há diferenças culturais e sociais que mudam esse conceito”.

Já para a psicóloga, o padrão de beleza é construído na adolescência, a partir da história cultural e da miscigenação. “O indivíduo chega nessa fase, necessitando se encaixar e buscar sua identidade em um grupo. Esse grupo ditará os padrões de beleza conforme o local e a cultura”.

Como exemplo, Beatriz cita a música ‘Miss beleza universal’, de Bia Ferreira, na voz de Doralyce, que fala sobre o padrão de beleza exigir mulheres magras, claras e altas. Na letra também é possível observar a opressão sofrida pela mulher para estar dentro desse padrão.

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Por que o padrão de beleza existe?

Segundo Alessandra, o padrão de beleza existe para o indivíduo tentar atingir as imposições da sociedade. Entretanto, “é necessário entender e aceitar a forma do seu corpo”. A especialista ainda diz que é natural querer melhorar a aparência, mas a busca exagerada se torna patológica e gera consequências físicas e emocionais.

Beatriz complementa, explicando que “os padrões de beleza podem até variar conforme o período histórico, cultura e idade, mas raça, identidade de gênero e deficiências são termos que raramente se encaixam em padrões”. Essa questão apenas evidencia a manutenção de um privilégio e a dominância de certas categorias.

Para ela, o racismo estrutural e sistêmico que rege a sociedade também está inserido no padrão de beleza. “O racismo na manutenção da sua exclusão, marginalização e descriminalização de povos negros e indígenas restringe os acessos e oportunidades. Além disso, também objetifica e sexualiza estes corpos”.

Quais são as consequências do padrão de beleza?

A psicóloga aponta que a padronização da beleza pode gerar consequências sociais e pessoais graves. “A pessoa se despersonaliza, perdendo o estilo próprio e natural para tentar se encaixar nesses padrões. Isso pode frustrar muito”.

Além das frustrações em não conseguir atingir um padrão de beleza tido como ideal, a pessoa pode desenvolver distúrbios alimentares, como bulimia e anorexia . Geralmente, essas doenças vêm acompanhadas de angústia, depressão e ansiedade.

Atualmente, “há uma gama muito grande de jovens bulímicos fazendo cirurgias bariátricas e reduções das partes do corpo, colocando a vida em risco para alcançar os padrões de beleza”, destaca a profissional.

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Qual é o padrão de beleza no Brasil?

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Segundo a socióloga, o conceito “é fruto de sociedades ocidentais a serviço da colonialidade e branquitude que continua perpetuando os códigos de hierarquização, materialização dos corpos, naturalização de estética de beleza branca, cisgênera e heterogênea, exercendo influência direta sobre o imaginário das pessoas”.

Essa relação estética, também alavancada por celebridades e influenciadoras nas redes sociais, “está intrinsecamente conectada com a manutenção do racismo e do machismo na estrutura do capitalismo global”. Ao longo do tempo os padrões de beleza se modificam conforme as tendências de cada época. Mas no Brasil, o padrão se consolidou pela sensualidade, seios fartos e quadris largos, muito influenciado pela cultura indígena, carnavalesca e liberdade de exposição de corpos.

A psicóloga aponta que, atualmente, “o padrão de beleza no Brasil é um corpo malhado, esculpido e atlético. Por conta dessa leitura, muitos indivíduos vão à academia atingir esse padrão de corpo, deixando a noção de saúde em segundo plano”. Por fim, ela explica que “muitas pessoas buscam o ambiente, a socialização e a integração pela aparência, para ser aceito”.

Vídeos sobre padrão de beleza para aumentar o conhecimento

Os padrões de beleza mostram algumas tendências da sociedade e ainda revelam diversas problemáticas. Nos vídeos a seguir, saiba mais sobre o assunto e como a supervalorização da beleza ideal traz consequências negativas:

Padrão de beleza na história

No vídeo, entenda como o padrão de beleza mudou ao longo da história e o que isso representa na sociedade até os dias atuais. Note que, apesar das mudanças, os padrões ainda excluem e marginalizam alguns grupos. Se você ama história, esse conteúdo é essencial.

Influência da mídia sobre padrão de beleza

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A professora e psicóloga Rita Flores Muller fala sobre o padrão de beleza e como a mídia influencia e reafirma esse conceito. Além das explicações didáticas da professora, quatro mulheres falam sobre aceitação e como se sentem em relação aos seus corpos.

Consequências do padrão de beleza

Nesse podcast, a psicóloga alerta sobre as consequências de supervalorizar o padrão de beleza. Além disso, a profissional também dá dicas de como lidar com as dores emocionais causadas pela pressão estética. Vale a pena assistir!

Não existe um modelo perfeito e mais bonito de corpos, texturas de cabelo e cor da pele. Amar as diferentes formas de beleza é o caminho para uma vida mais leve e saudável. Então, praticar o autoconhecimento é uma importante ferramenta para chegar a aceitação e se tornar mais feliz!

Formada em Letras e pós-graduada em Jornalismo Digital. Apaixonada por livros, plantas e animais. Ama viajar e pesquisar sobre outras culturas. Escreve sobre diversos assuntos, especialmente sobre saúde, bem-estar, beleza e comportamento.