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A luta pelo reconhecimento e visibilidade do futebol feminino

Dicas de Mulher

Atualizado em 15.09.23

A origem do futebol feminino é repleta de lutas e retrocesso: as mulheres eram proibidas de praticar esportes devido a suas condições físicas. Alvo de muita controvérsia até os dias de hoje, o futebol feminino conquistou seu espaço e mostrou que não existe proibição e preconceito que impeça essas mulheres de fazerem história.

O começo do futebol feminino

A presença feminina no futebol tem seus primeiros registros no final do século XIX, como uma atração de circo. As mulheres se apresentavam ao jogar bola durante os espetáculos. A primeira equipe feminina foi fundada na Inglaterra, berço do futebol, por uma ativista feminista em 1894, e recebeu o nome de British Ladies Football Club.

A primeira partida oficial desse time aconteceu no ano seguinte e reuniu cerca de 10 mil torcedores que, na verdade, não foram para torcer e sim vaiar as jogadoras em campo. Em relação às seleções, o registro histórico indica que a primeira partida aconteceu ente Inglaterra e Escócia em 1898.

A história do futebol feminino no Brasil

Com uma presença tímida nos anos 20 e 30, as mulheres começaram a aparecer no cenário do futebol nacional em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Norte. Os poucos registros da época mostram uma partida realizada no Estádio Pacaembu em 1940 que, ao invés de visibilidade, gerou revolta da população.

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No ano seguinte veio a proibição do futebol feminino através do Conselho Nacional de Desportos. Com a chegada da ditadura militar em 1964, as leis se intensificaram e proibiram as mulheres de realizar qualquer prática esportiva “incompatíveis com as condições de sua natureza”.

Primeiros clubes e conquistas

A evolução chega com a revogação da lei em 1979. Somente quatro anos depois uma regulamentação é feita, criando calendários, utilizando estádios e permitindo que os times se profissionalizassem. Os primeiros clubes que apostaram no futebol feminino no Brasil foram o Radar, do Rio de Janeiro em 1981 e o Saad, de São Paulo em 1985.

Em 1988, a FIFA organizou um Torneio Experimental na China e a primeira competição internacional que a seleção feminina participaria. As jogadoras selecionadas eram da base de alguns poucos times e nem uniforme receberam: utilizaram a sobra dos homens. Conquistaram o terceiro lugar em uma disputa de pênaltis.

Em 1991 acontece a primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino. Entre as maiores conquistas da seleção brasileira feminina: segundo lugar (2007) e terceiro (1999) em Copas do Mundo e duas pratas em Jogos Olímpicos (2004 e 2008).

O impacto da mulher no futebol

iStock

A presença da mulher no esporte sempre foi alvo de preconceitos. Mesmo no país do futebol, ainda parece inconcebível uma menina preferir a bola a uma boneca. O futebol não é um esporte masculino, ele é apenas um ambiente hostil às mulheres, algo que precisa ser mudado, visto que não existe mais lei que proíba a presença feminina.

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As ligas femininas já existem, mas em muitos países, como o Brasil, ainda são incipientes. Falta um incentivo externo, o patrocínio, para que as equipes se fortaleçam. O projeto do futebol feminino precisa ser implantado em grandes clubes, visando um projeto a longo prazo, e não uma forma de competir com os lucros do masculino ou até o suprir déficit dele.

É importante que meninas e mulheres tenham a oportunidade de tornar o futebol uma profissão. Mulheres como Marta, Cristiane e Formiga chegaram ao topo e se tornaram ídolas, mas muitas meninas precisaram desistir no meio do caminho por falta de investimento.

Após a eliminação na Copa do Mundo da França em 2019, Marta deu uma entrevista com os olhos marejados: “Eu queria estar sorrindo ou até chorando de alegria. Mas para isso precisamos querer mais, treinar mais e se cuidar mais. A gente tem que estar pronta pra jogar mais 90, 30 minutos, o quanto for. É isso que eu peço pras meninas. Não vai ter Marta, Cristiane e Formiga para sempre. E o futebol feminino depende das meninas e dos torcedores para sobreviver. Então, pense nisso, valorize mais. Chore no começo para sorrir no fim”.

10 jogadoras importantes para a história do esporte

Eleitas as melhores em suas posições e colecionadoras de títulos, essas mulheres fizeram história em seus clubes e suas seleções. Conheça as jogadoras que deixaram sua marca no esporte:

1. Marta

É impossível falar de futebol feminino e não lembrar de Marta Vieira da Silva. Seis vezes eleita a melhor jogadora do mundo, duas vezes medalha de prata em Jogos Olímpicos, campeã de Champions League, Libertadores e a maior artilheira da história das Copas, a alagoana de Dois Riachos é a maior representação do esporte no Brasil e no mundo.

2. Formiga

Miraildes Maciel Mota, ou melhor, Formiga é a jogadora com maior número de participações em Copas do Mundo e em Jogos Olímpicos, contabilizando 7 edições de cada. Ela é hexacampeã da Copa América e é a jogadora com mais partidas vestindo a camiseta da seleção brasileira.

3. Cristiane Rozeira

Completando o trio mais bem-sucedido do futebol feminino brasileiro, Cristiane Rozeira é a maior artilheira em Jogos Olímpicos com 14 gols. Cris chegou a ser indicada ao prêmio de melhor jogadora do mundo em duas ocasiões (2007 e 2008), mas ficou com a terceira colocação em ambas.

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4. Carli Lloyd

A norte-americana Carli Lloyd tem em seu currículo dois títulos de Copa do Mundo (2015 e 2019), duas medalhas de ouro olímpicas (2008 e 2012) e dois prêmios de melhor jogadora do mundo (2015 e 2016). É considerada uma das jogadoras mais decisivas da história. Aposentou-se em 2021 sendo a terceira maior goleadora da seleção estadunidense.

5. Alexia Putellas

Capitã do time feminino do Barcelona, Alexia Putellas conquistou a tríplice coroa em 2021 com o time catalão faturando o título da Liga dos Campeões, Copa da Rainha o Campeonato Espanhol. Levou seu time ao mais alto patamar do futebol e consagrou-se a melhor jogadora do mundo em 2021.

6. Megan Rapinoe

Destaque dentro e fora de campo, Megan Rapinoe esteve presente na conquista da Copa do Mundo de 2015, mas seu sucesso veio mesmo na Copa do Mundo de 2019. A norte-americana ficou no topo da atilharia com 6 gols e conquistou o título de melhor jogadora do mundo de 2019. Megan é conhecida por seu ativismo, tendo recusado a encontrar o presidente Donald Trump após a conquista do título. Ela usa sua voz para defender movimento antirracistas, LGBTQIA+ e pela igualdade de gênero.

7. Birgit Prinz

Birgit Prinz levou a Alemanha ao topo do mundo conquistando duas Copas do Mundo consecutivas (2003 e 2007) e cinco títulos de Eurocopa. Foi premiada como a melhor jogadora do mundo por três anos consecutivos, além das três medalhas de bronze em Jogos Olímpicos. Disputou seu primeiro jogo pela seleção alemã aos 17 anos e aposentou-se em 2011 aos 33 anos.

8. Hope Solo

A goleira norte-americana Hope Solo consagrou-se a goleira titular da seleção em 2005 e a partir de então colecionou bicampeonato olímpico, além do prêmio Luva de Ouro na Copa do Mundo feminina de 2011.

9. Sun Wen

Renomada ex-futebolista chinesa, Sun Wen estreou na seleção de seu país aos 17 anos e foi vice-campeã da Copa do Mundo de 1999 e medalhista de prata nas Olimpíadas de 1996. Em 2000, foi eleita Jogadora do Século da FIFA, prêmio que dividiu com a estadunidense Michelle Akers, além de ser a primeira mulher a ser indicada ao prêmio de melhor atleta do ano da Confederação Asiática de Futebol.

10. Ada Hegerberg

A primeira ganhadora do prêmio Bola de Ouro de melhor jogadora foi a norueguesa Ada Hegerberg em 2018. Ela já havia sido a artilheira da Liga dos Campeões em 2015 – 16, além de ter sido premiada a melhor jogadora da temporada. Hegerberg é atacante do Olympique Lyonnais e foi quatro vezes consecutiva campeã europeia.

O futebol feminino ainda precisa de muita visibilidade para se fortalecer, principalmente no Brasil. Descubra mais sobre mulheres que se destacam em outros esportes, como os de inverno, e fique sabendo sobre os destaques das Olímpiadas de Inverno.