Sociedade

Mulheres inspiradoras que todas precisam conhecer

Dicas de Mulher

Atualizado em 28.03.23
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O mundo está repleto de mulheres inspiradoras, nas mais diversas áreas de atuação. A cada dia que passa, as mulheres conquistam mais espaços e reivindicam seu direito de mudar padrões de beleza e modelos de comportamento, assim como reiventam a forma de interpretar a vida, a partir de um olhar feminino mais plural. Nós, do Dicas de Mulher, indicamos mulheres fantásticas para você, não por ser 8 de março, mas por acreditarmos em tudo que uma mulher pode ser e conquistar!

Estela Lacerda indica Maria Firmina dos Reis

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“O escravo é olhado por todos como vítima – e o é”

– Trecho do conto A escrava

A maranhense Maria Firmina dos Reis foi a primeira romancista do Brasil. Uma mulher pobre, nordestina e abolicionista. Embora tenha escrito e publicado um romance, no formato de folhetim, em uma época que o meio literário era totalmente liderado por homens, pouco ouvimos falar dela, seja nas escolas, nos eventos ou nas aulas da área de Letras.

Seu livro Úrsula, publicado em 1859, é um marco na história das mulheres porque contribuiu para que portas fossem abertas para nós. Contudo, vale ressaltar, que a autora durante muito tempo teve de escrever com o pseudônimo “Uma maranhense”. Além dessa obra, publicou a novela Guapeva, entre 1861 e 1862, os poemas de Contos à beira mar, em 1871, e contribuiu com jornais e revistas.

A escritora foi ainda professora. Ela fundou a primeira escola mista, ou seja, frequentada por meninos e meninas, e gratuita, o que garantia o acesso à educação formal a pessoas que, como ela, tinham origens simples. O machismo e o preconceito da época tomaram proporções tão grandes que a instituição durou apenas três anos. Na luta abolicionista, também travou muitos conflitos, e a literatura era sua ferramenta mais potente. Resgatem e leiam Maria Firmina dos Reis!

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Bruna Soder indica Hwasa

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“Todo mundo trabalhou duro me odiando. Se você me destruir, vai ganhar um prêmio?”

– Trecho da canção Maria

Ahn Hyejin, mais conhecida pelo nome artístico Hwasa, é uma cantora sul-coreana, integrante do grupo de kpop Mamamoo. Em 2019, Hwasa falou abertamente em um show sobre um episódio em que foi duramente repreendida por um instrutor em uma audição, dizendo que por conta de seu peso e aparência, a cantora nunca teria sucesso. Felizmente, após as duras palavras, Hwasa refletiu e chegou a uma conclusão: “se eu não me enquadro nos padrões de beleza atuais, vou definir meus próprios padrões”.

Com o tempo, ela continuou recebendo críticas que outras tantas mulheres recebem diariamente, como por suas roupas ou por sua aparência sem maquiagem. Mas o seu forte posicionamento como artista, incluindo em suas músicas frases empoderadas, permite que outras mulheres se abram quanto aos estereótipos coreanos e quebrem a barreira dos padrões estéticos, mesmo que aos poucos. Hoje, Hwasa inspira jovens e adultas em todo o mundo a serem elas mesmas, vestindo e fazendo aquilo que as deixam felizes e se impondo a ocuparem seus lugares com independência e liberdade.

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Andressa Oliveira indica Michaela Coel

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“Fui formada de uma forma espantosa e maravilhosa”

– Trecho do poema Beautiful escrito por Michaela Coel.

Plural e singular, assim é Michaela Coel. De origem africana, ela se mudou para o Reino Unido ainda criança e ficou conhecida por sua série de comédia Chewing Gum. A atriz, roteirista, cantora, compositora e poeta, se inspira em suas próprias experiências para contar histórias. E foi assim que ela transformou um trauma de abuso sexual em sua nova série, I May Destroy You, em transmissão pela HBO.

Irreverente e ousada, Michaela questiona e ressignifica suas próprias dores. De forma única, ela conta uma realidade tão assustadoramente comum para muitas mulheres, inclusive para ela. E com sensibilidade e leveza demonstra toda a força necessária para entender a situação e superá-la. Também nos mostra como é importante falarmos sobre o tema e não nos calarmos diante de situações de abuso. Além disso, Michaela, não tem medo de ser verdadeira e rir de si mesma.

Vanessa Fenelon indica Letícia Wierzchowski

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“A lógica e a mágica, juntas, desfiam a vida como um novelo.”

– Trecho de O morro da chuva e da bruma

Letícia Wierzchowski é uma escritora e roteirista gaúcha nascida em 1972 em Porto Alegre, cidade onde ainda vive. Em 1998, publicou seu primeiro romance, “O anjo e o resto de nós”, mas seu maior sucesso literário foi “A casa das sete mulheres”, de 2002. O livro, inclusive, foi adaptado para minissérie e exibido pela Rede Globo no ano seguinte.

Meu primeiro contato com a escrita de Letícia foi pela leitura do conto “O morro da chuva e da bruma”, publicado no livro “25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira”, organizado por Luiz Ruffato. É uma história linda, sensível e mística sobre a vida e suas doses de (in)certeza. Recomendo muito que todas leiam!

Ler sua obra é mergulhar em uma escrita intuitiva, contagiante e com toques de realismo fantástico (além de, é claro, apoiar o trabalho de uma profissional de grande relevância para a literatura contemporânea). Você pode conferir mais sobre Letícia e seus trabalhos acompanhando as redes sociais da autora:

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Mabe Guilhermetti indica Tati Bernardi

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“Eu sou bonita, mas estou cansada”.

-Tati Bernardi.

Tati Bernardi, de 41 anos, é escritora, roteirista e podcaster brasileira. Seus livros são uma mistura de autobiografia com ficção e cheios do humor ácido que a autora tem. Desde 2018 ela apresenta, ao lado de Camila Fremder e Hellen Ramos, o podcast Calcinha Larga. Agora, apresentando também seu próprio podcast sobre psicanálise produzido pela Folha de São Paulo, o Meu Inconsciente Coletivo, Tati se abre sobre as angústias de uma pessoa ansiosa e extremamente criativa que a acompanham pela vida enquanto conversa com psicanalistas convidados.

Há anos atrás, na época em que os jovens ainda usavam o Tumblr, me lembro de ver várias frases assinadas por Tati Bernardi circulando pela rede social, mas nunca dei bola. Agora, na vida semi-adulta e ávida por entretenimento que seja sobre gente como a gente, acabei trombando com a autora enquanto procurava podcasts no Spotify. Depois que comecei acompanhar o Calcinha Larga, logo me identifiquei com a autora e não a larguei mais.

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Ana Ribeiro indica Lélia Gonzalez

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O feminismo negro de Lélia

Lélia Gonzalez foi uma grande ativista e antropóloga brasileira, co-fundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras no Rio de Janeiro, do Movimento Negro Unificado e do Olodum. Além disso, foi pioneira em diversos estudos sobre a política, a filosofia e uma assídua pesquisadora da cultura negra no Brasil.

É muito estudada e constantemente relembrada quando o assunto é feminismo negro e latino-americano por ter sido a primeira mulher negra brasileira a sair do Brasil para debater as condições de seu local de fala com intelectuais, façanha que resultou em sua obra crítica Por um Feminismo afro-latino-americano, na qual a autora discute o feminismo antirracista e anticapitalista.

O ícone do feminismo negro norte-americano, Angela Davis, em uma visita ao Brasil, no ano de 2019, proferiu a seguinte questão: “por que vocês precisam buscar uma referência nos Estados Unidos? Eu aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês comigo”. Tal comentário nos faz pensar a respeito da importância de associar as nossas lutas e nossos movimentos com a realidade e com a sociedade em que vivemos e, mais do que isso, lembra, à nós, de valorizar a nossa cultura. Você pode conhecer mais a respeito da Lélia por meio do projeto Lélia Gonzalez vive:

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Naomi Tanaka indica Ana Hikari

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Ana Hikari é atriz brasileira e ficou conhecida pela sua personagem Tina, em “Malhação: Viva a diferença”. Com seu trabalho e dedicação, a sagitariana de 26 anos foi a primeira atriz de ascendência asiática a protagonizar uma novela na Rede Globo. Além disso, a jovem foi escolhida para estar na lista, de 2020, da Forbes Under 30. Ela utiliza o alcance de suas redes sociais para abrir debates importantes como o racismo, o relacionamento abusivo e a sexualidade. Ainda, Ana Hikari possui ascendência japonesa, africana e indígena. Por isso, em suas redes ela aborda suas vivências como uma mulher racializada no Brasil. Além de aproveitar a proximidade com seus seguidores para debater e informar sobre o racismo com pessoas amarelas.

Comecei a acompanhar o trabalho da Ana pelo Instagram como uma forma de sentir representada naquilo que eu consumia. Foi muito bom poder assistir uma produção muito popular como a Malhação e ver que a atriz asiática estava entre as protagonistas e não como coadjuvante e reforçando esteriótipos. Por ser uma pauta de discussão recente no Brasil, muitas pessoas não sabem o que é o racismo com pessoas amarelas. Mas fico feliz em ver uma pessoa como a Ana podendo falar sobre o assunto para um grande número de pessoas. Recomendo conhecer o trabalho da atriz nas redes sociais para ficar por dentro desse assunto.

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Madu Carneiro indica Lua Menezes

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Dona do perfil Lasciva Lua e do curso Jardim das Delícias, Lua Menezes é terapeuta sexual, escritora e cria conteúdos maravilhosos sobre sexualidade feminina e autoconhecimento, ou como ela mesma se descreve: “Te ajudo a descobrir a delícia de ser você”. O que mais admiro no trabalho dessa deusa, é a sua dedicação para que cada vez mais mulheres percebam as potências de seus corpos e desfrutem da vida com prazer.

Com a Lua, eu aprendo a gozar a vida, enxergando as dificuldades e belezas do caminho, aprendendo a estabelecer os meus limites, cuidando cada vez mais de mim e me orgulhando da mulher que eu sou.

Por essas e muitas outras, não canso de pregar as palavras da Lasciva para minhas amigas e todas as pessoas que convivem comigo e, podem esperar, porque depois que vocês a conhecerem, também ficarão encantadas assim!

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Mariana Paiva indica Rita Lobo

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“Não adianta querer se alimentar bem e não querer cozinhar pelo menos um pouquinho.”

– Rita Lobo.

Dona das melhores receitas e de dicas culinárias incríveis, Rita Lobo transforma, com seu jeito convidativo e descomplicado, nossa relação com a cozinha. Defensora da alimentação saudável e da comida de verdade, faz dos utensílios e ingredientes uma oportunidade para aqueles que não sabem, mas desejam aprender a cozinhar.

Para ela, a falta de tempo ou a desculpa da louça suja na pia não são justificativas aceitáveis para uma alimentação à base de ultraprocessados. Então, qual seria o segredo? Fazer escolhas simples, mas realmente significativas. A comida caseira, por exemplo, é um bom ponto de partida para esse novo lifestyle!

Assim, fica fácil encontrar o incentivo que você precisa para finalmente se alimentar melhor e ainda se divertir cozinhando. Afinal, preparar a própria refeição não é apenas uma forma de economizar, mas de se libertar da comida ultraprocessada, e de quem sabe, redescobrir os sabores do amor-próprio! Conheça mais de seu trabalho:

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Bruna Barranco indica Lia de Itamaracá

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“Minha ciranda não é minha só, ela é de todos nós.”

– Lia de Itamaracá.

Lia de Itamaracá é a rainha da ciranda no Brasil. A dançarina, compositora e cantora Maria Madalena Correia do Nascimento nasceu na Ilha de Itamaracá, no Pernambuco, em 1944. Começou a cantar aos 12 anos e desde então se tornou uma das maiores representantes da cultura popular pernambucana. Lia lançou 4 álbuns, participou de diversas produções cinematográficas e tem 3 biografias publicadas.

Foi um exemplo em sua dedicação à cultura popular, enfrentando muitas adversidades em seu caminho sem nunca desistir da arte. Por muito tempo trabalhou como merendeira em uma escola pública e como recepcionista da Ilha, apresentando-a aos turistas. Seu primeiro disco foi lançado em 1977, mas sua carreira teve um período de altos e baixos pela falta de reconhecimento à sua importância.

Atualmente, é reconhecida como patrimônio cultural de Pernambuco, obteve o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e é uma das últimas representantes da tradição de cantar cirandas, as tradicionais, e não que o senso comum habitou-se a chamar de cirandeiro. Sobre a prática, ela mesma define como “A ciranda é muito bom, a ciranda é uma confraternização, é onde todo mundo dá-se as mãos, na maior satisfação, alegria. A ciranda não tem preconceito, dança branco, preto, criança, velhos, não tem preconceito. Caiu na roda, dança!”

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Carol Oliveira indica Carol Naine

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“Mulher, mulher, a dor é feminina… À sombra do desejo, mostra tua pessoa.”

– Carol Naine.

Dona de uma voz aveludada e única, Carol Naine desponta como doce novidade no cenário musical brasileiro. A compositora e cantora carioca de 39 anos é um talento nato na arte da composição combinada com arranjos sofisticados que conversam diretamente com a mensagem proposta. Entre bossa, MPB e samba, suas músicas convidativas encarnam letras inteligentes e sem rodeios como verdadeiras crônicas que falam diretamente a nós, sobretudo mulheres contemporâneas.

Lançou seu primeiro disco autoral em 2014, que lhe rendeu ficar entre os 10 finalistas do Digital Music Experience (DMX), importante prêmio da música digital, e indicação pelo Buzzfeed como um dos 20 nomes da nova MPB em 2015. Como destaque, seu segundo álbum trouxe o single empoderado Dizputa, trocadilho com a palavra disputa, carregado de ironias sutis sobre o linguajar popular adulto em vista de combater o machismo também impresso no uso da linguagem.

Não me recordo como cheguei até Carol, mas foi amor à primeira música, daquela bem humorada sobre a experiência cansativa de lidar com callcenter (eis o vídeo). Desde então, acompanho seu trabalho me deleitando com o conjunto da obra, a delicadeza da voz e a força do bom uso da palavra musicada. Ouvir seu canto é repousar a alma e despertar com uma consciência renovada para a realidade. Ela canta a vida como ela é, seja sobre as contradições da sociedade ou os desatinos com a política do nosso tempo, sem deixar o lirismo e a crítica de lado. Um trabalho autoral inspirador que merece ser conhecido!

Onde encontrá-la:

Celebre o Mês da Mulher como nós, lembrando e agradecendo pela vida de outras tantas que, em suas batalhas da vida, são fortes, seguras, amáveis e verdadeiras inspirações para todos. Se preferir, envie também frases de mulher forte para elas.

Dos assuntos cotidianos, como moda, beleza e saúde, às causas feministas, estamos juntas em todas as buscas da sua jornada!