
Dicas de Mulher

O empreendedorismo feminino está crescendo, consequentemente, aumentendo o protagonismo das mulheres no mercado de trabalho. Entretanto, além de empreender, é preciso compreender as próprias finanças e projetar ganhos futuros. Essas e outras habilidades podem ser desenvolvidas por meio da educação financeira. A educadora financeira e coach Vânia Santana fala sobre o assunto, abordando um letramento que oferece uma vida de realizações sem privações. Acompanhe!
O que é educação financeira?
A educação financeira é uma jornada de conscientização, domínio e responsabilidade pela tomada de decisão sobre o próprio dinheiro. “É um acelerador de realização de projetos. É também um modo de vida, pois, ao acessar os saberes da educação, você passa a se reorganizar com relação aos comportamentos de consumo. Isso impacta todas as áreas da vida, nenhuma escapa”, afirma Vânia.
O aprendizado começa na organização e identificação das finanças pessoais mais básicas, como as contas da casa e as despesas familiares. Esse diagnóstico constrói as bases de todo patrimônio próspero. Embora os investimentos sejam vistos como símbolo do domínio do letramento financeiro, é uma jornada sem fim. Sempre há algo para aprender.
Qual é objetivo da educação financeira?
De maneira geral, o propósito da educação financeira é fornecer ferramentas para a pessoa tomar decisões monetárias, compreendendo os riscos e as consequências de suas escolhas. Para isso, é necessário identificar a origem dos problemas, que podem ir além da falta de organização e proximidade com os números.
Segundo a educadora financeira, o letramento é também uma forma de obter autoconhecimento, principalmente nas primeiras etapas. “Existem muitos motivos para uma pessoa ter descontrole financeiro, desde o óbvio desemprego ou subemprego até traumas, questões emocionais e modelos herdados da família. Por vezes, é um mix de tudo isso”.
Publicidade
Outro problema deriva da pouca renda familiar, que impede o poder de compra. “Sempre digo que a ostentação vem de ausências. Eu nunca tive bom alimento, então, hoje só quero comer em bons restaurantes. Nunca tive roupas boas, herdei do irmão do vizinho, então, hoje quero a roupa da moda e a qualquer preço, sem ter a coerência com a própria renda”.
É assim que a educação financeira proporciona o autoconhecimento, identificando as causas do problema e oferecendo meios para controlá-las com a mudança de comportamentos viciosos. “A organização financeira, inclusive, viabiliza o planejamento com segurança, isto é, os novos passos para que a renda aumente”, finaliza Vânia.
Qual a importância da educação financeira?

Canva
A relação social com o dinheiro é transpassada pelas questões de gênero. As mulheres estão expostas às situações e preconceitos que afetam a confiança para lidar com as finanças. Por exemplo, crescer ouvindo que dinheiro é um assunto masculino, pois os homens são os provedores e sabem cuidar das contas.
A estrutura patriarcal deixa as mulheres mais sucetíveis à violência patrimonial. Esse tipo de abuso ocorre quando o homem assume o controle do patrimônio financeiro da mulher, criando situações de dependência e condicionamento que alimentam os relacionamentos abusivos.
“Já ficou no passado essa história: ‘ah, eu não entendo de dinheiro, meu marido que cuida’. Se ainda existe situações assim, um dos meus trabalhos é transformar essa realidade. O marido não aprendeu tudo isso no berço. Então, se ele aprendeu, qualquer uma de nós também pode”, defende a especialista.
A educação financeira também é um caminho para combater o machismo e o etarismo que excluem mulheres do mercado de trabalho. “Para mim, é um instrumento de emancipação, pois vivemos em um mundo machista em que a mulher é atravessada por por vários estigmas”, diz Vânia. A busca pelo conhecimento “é uma forma de independência, de liderar a própria vida e de realizar os próprios projetos”.
Publicidade
Como ter uma boa educação financeira?
A educação financeira é um tema que ganhou popularidade na internet nos últimos anos. No entanto, para avançar na longa jornada, é importante ter comprometimento com as etapas iniciais. Elas são a base para o domínio e consciência do uso do próprio dinheiro, promovendo, assim, uma vida tranquila e sem problemas financeiros. Acompanhe as dicas da educadora Vânia Santana para exercitar o aprendizado.
1. Busque conteúdo específico

Canva
Embora o conteúdo da educação financeira seja o mesmo para todos, a transmissão do conhecimento deve se adequar a cada público alvo. A realidade de classe social, gênero e raça, por exemplo, não podem ser ignoradas. Nas redes sociais, há vários “educadores financeiros falando sobre como construir o primeiro milhão. Não dá para você falar sobre isso com uma mulher periférica ou com uma mulher que veio de uma geração sem patrimônios”, explica a especialista.
Consuma conteúdos que se aproximem de sua realidade, que deem recomendações práticas para o seu dia a dia. “A gente deve olhar esse ponto de partida e trabalhar a partir disso”. Dessa forma, é mais fácil aplicar as dicas dos especialistas no seu planejamento financeiro e o resultado será mais alinhado a seus objetivos.
2. Faça um diagnóstico financeiro
Tudo começa com o raio-X das próprias contas. De acordo com Vânia, esse é o primeiro passo para o início do autoconhecimento financeiro. Muitas vezes, nesse momento, a mulher analisa as próprias escolhas, descobre o quanto ganha, visualiza seus gastos e identifica os ralos financeiros. O diagnóstico não precisa ocorrer apenas no final do mês. Crie o hábito de anotar as despesas diárias. Assim, você identificará seus padrões de consumo e terá um melhor controle do dinheiro.
3. Faça uma reserva de emergência
Parte do planejamento financeiro envolve a construção de um porto seguro. Guarde uma quantia necessária para cobrir despesas de emergência, como uma viagem inesperada, uma doença ou uma demissão, sem comprometer o orçamento do mês. Vânia explica que as economias também podem servir como reserva de opoturnidade: o dinheiro é usado para fazer um investimento, para comprar uma pós-graduação, fazer um intercâmbio etc.
O motivo do investimento depende dos objetivos de vida de cada pessoa. O valor deve aumentar proporcionamente no decorrer dos anos. Além disso, repor a quantia retirada é tão importante quanto juntar dinheiro. Sem esse compromisso, a reserva de emergência irá se desfazer e poderá deixar o poupador na mão.
Publicidade
4. Pensar no futuro é importante

Canva
Como educadora financeira, parte do trabalho da Vânia é ajudar a cliente a pensar no futuro. A caixa da longevidade (como chama essa etapa) faz a mulher pensar sobre os próximos anos, seja um futuro a curto ou longo prazo. A aposentadoria é o maior exemplo dessa fase e exige planejamento. Quanto mais cedo você começar a pensar sobre o futuro, maiores são as chances de guardar uma boa reserva.
5. Comprometa-se com os seus projetos
A disciplina é a sua melhor amiga. Ninguém alcança os objetivos um ou dois dias após começar a economizar. “Quanto mais tempo você passa com esse comportamento de educação financeira, mais os processos vão ficando simples e mais frutos você colhe”, afirma a educadora.
Assim, se o objetivo é construir uma reserva para ir à Paris, comprometa-se em alcançá-lo no tempo estipulado. Vânia explica que ter foco ajuda a alcançar os objetivos com mais facilidade. Portanto, não traia Paris com blusinhas, recomenda a profissional.
6. Planeje seus investimentos
Deixe de lado a crença de que investimento é feito com o dinheiro que sobra. Segundo a educadora financeira, tudo é questão de planejamento. Para fazer o patrimônio crescer, é necessário separar o dinheiro assim como pagar contas de água, luz e outras despesas fixas.
“O primeiro boleto do mês é aquele com o seu nome. Se a gente espera sobrar, não sobra. Então, eu tenho o boleto do aluguel, do condomínio, do supermercado, por que que eu não me priorizo?”, questiona Vânia. Sua recomendação é que toda mulher se veja como um investimento.
7. Leve em conta as mudanças de ciclo em sua vida
Encerramento de ciclos, como pedidos de divórcio e demissão, também precisam de um planejamento financeiro. Se esse momento for inesperado, a reserva de emergência exerce sua função. Mas se for uma decisão da mulher, ela deve se organizar previamente para as despesas desse período.
A educadora financeira recomenda refletir sobre as seguintes questões: em caso de separação, quais os novos custos? É necessário alugar um imóvel? O condomínio deve ser pago? No caso de pedido de demissão, qual o valor necessário para manter o seu custo de vida sem que precise passar por privações até obter um novo cargo?
O mesmo deve ser feito na gravidez. “Você não vai prever 35 anos à frente, mas aquele primeiro ano que precisa de fraldas, não sei quantas roupinhas, vai montar o quarto. Tudo tem um custo para a família, que era de dois e agora são três”, lembra a profissional. Pôr no papel as despesas é uma forma de se preparar para esse momento.
Relacionadas
Na palma da mão: vídeos de educação financeira para assistir
Na internet, há muitos conteúdos sobre educação financeira. Entretanto, é preciso considerar um ponto importante: nem todos os fininfluencers – os influenciadores digitais do mercado financeiro – são especialistas no tema. Portanto, antes de mais nada, comece checando quem você pretende seguir. Assim, você evita cair em golpes. Acompanhe a seleção abaixo:
Não ignore a educação financeira
Há cinco erros comuns que dificultam a relação com o dinheiro. Um deles é ignorar a necessidade de procurar educação financeira. Com dívidas ou não, esse conhecimento é importante para ajudar a lidar com os compromissos do dia a dia e atingir objetivos. Aperte o play e veja como a mudança de comportamento pode te ajudar a poupar.
Use o crédito a seu favor
Comprar a prazo é um facilitador, mas também uma potencial bola de neve. Sem organização e planejamento, o cartão de crédito se torna um dos seus ralos financeiros. Nesse vídeo, você encontra dicas para se livrar de vez das dívidas do cartão sem se endividar. Confira três passos básicos da educação financeira!
Educação financeira para jovens
A mesada é um tipo de educação financeira para crianças e jovens para estimular o planejamento financeiro sem abdicar do consumo.Esse vídeo aponta estratégias para que você, mãe, possa trabalhar as noções de curto, médio e longo prazo, bem como poupança e investimento desde cedo.
Mesada: descontar ou não?
A sua mesada é um instrumento de educação financeira ou uma barganha para as tarefas da casa? A resposta para essa pergunta muda significativamente a relação de seu filho com o dinheiro. Nesse vídeo, a educadora financeira explica quando é recomendado descontar e bonificar a mesada dos jovens para evitar que eles associem remuneração e recompensa.
Uma forma de ter maior controle sobre o dinheiro é levar consigo um planner financeiro. Ao anotar os gastos diários e definir metas, fica mais fácil organizar as entradas e saídas. Além disso, você terá uma visão ampla do seu dinheiro e poderá planejar o futuro com mais segurança.

Fernanda Paixão
Comunicadora, voluntária e empreendedora. Apaixonada por moda, leitura e horóscopos. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela PUC-Rio, com domínio adicional em empreendedorismo.