
Por Isabella Marques
Em 12.04.22 às 15:46
Neste último domingo (10), o técnico do Desportiva, Rafael Soriano, agride a assistente de arbitragem Marcielly Netto durante o intervalo da partida contra o Nova Venécia. A agressão aconteceu após o árbitro Arthur Gomes Rabelo encerrar o primeiro tempo do jogo, antes do time de Rafael cobrar escanteio. O treinador decide tirar satisfação com a arbitragem e, ao receber um cartão amarelo, dá uma cabeçada na bandeirinha Marcielly Netto, de 29 anos.
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Confira imagens do fato ocorrido:
O técnico da Desportiva Ferroviária (ES) acaba de AGREDIR a auxiliar de arbitragem da partida pelas quartas de final do campeonato capixaba. Espero que o STJD e a @CBF_Futebol apliquem o banimento desse bandido, que deve responder na justiça comum. pic.twitter.com/iJ6ZpnQNPW
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— Cláudio André 📊🇧🇷🚩 (@claudioandre_) April 10, 2022
O técnico deixa o campo após agressão, reclamando. Contudo, nega ter dado uma cabeçada em Netto e a desafiou a registrar um Boletim de Ocorrência. Em entrevista à TV Cultura, faz uma fala direcionada à bandeierinha: “Se você disser que eu te agredi, nós vamos para a delegacia. Vamos fazer corpo de Delito, senão eu vou te processar”. E continua: “Ela foi empurrar os jogadores e agora quer dizer que foi agredida. Ela tá querendo aproveitar de uma situação porque é mulher. Não encostei nela, se encostei ela vai provar na delegacia”.
Na segunda-feira (11), a bandeirinha comenta sobre o caso em seu Instagram e diz já ter registrado o boletim de ocorrência. “Eu espero que não fique impune e que a justiça seja feita”. Confira:
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Netto afirma já ter passado por situações de machismo e assédio, mas nunca tinha sido vítima de agressão física até o momento. A assistente comenta, ainda, sobre a necessidade de não tolerar esse tipo de situação e destacou a necessidade de haver punição em casos como o do último domingo.
Haverá punição?
No perfil oficial do Instagram, o Desportiva Ferroviária publica nota de repúdio e informa o desligamento de Soriano. Aponta, ainda, não compactuar com nenhuma forma de violência e que está à disposição para maiores esclarecimentos. Veja:
Violência contra mulher nos esportes
Ainda é comum presenciarmos casos de violência e machismo no futebol. Em março de 2022, a jogadora do Barcelona e da seleção brasileira, Gio Queiroz, publicou uma carta aberta ao presidente do clube espanhol, denunciando abusos morais e psicológicos que sofreu durante os seus anos dentro do time.
Também em março deste ano, uma torcedora foi hostilizada nas arquibancadas do Estádio Marizão na partida entre o clube paraibano e o Goiás pela Copa do Brasil. A torcedora comentou que gritou o nome do jogador, Souza, que havia prometido uma camisa do clube goiano e um rapaz, que estava atrás dela, começou a gritar dizendo que ela não entendia de futebol e deveria ficar quieta.
Uma pesquisa realizada pelo Diário de Pernambuco aponta a presença de mulheres na área técnica do futebol. Dos 243 árbitros principais presentes na CBF, somente 17 são mulheres, isto é, um total de 7%. O número de assistentes é um pouco maior. Do total de 335 assistentes, 64 são mulheres, um percentual de 19%.
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A representatividade das mulheres dentro e fora das quadras ainda é pouco visível e a violência não ajuda na inclusão. Todos os dias, mulheres são obrigadas a encararem o machismo e violência dentro do esporte, buscando equidade de gênero.
O estigma de que esporte não é coisa de mulher ainda é grande, mas nomes de jogadoras como Marta e Formiga, têm um grande papel para trazer mais visibilidade às mulheres no futebol.