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Empreender ou intraempreender é um caminho repleto de altos e baixos, mas profissionais te mostram que é possível se destacar

Conquistar um cargo C-Level, ou seja, ter cargos do alto escalão executivo, ou ser dona do próprio negócio é um sonho de muitas mulheres que querem se desafiar ainda mais em suas carreiras. Pode envolver mudar completamente de vida, deixando um cargo supostamente seguro, ou trabalhar para entender mais sobre a empresa na qual já atua e mostrar ter tanto potencial quanto os homens.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Sebrae em 2019, todos os anos cresce o número de mulheres empreendedoras no Brasil, que inclusive assume a 7ª posição dentre os países com maior participação feminina no empreendedorismo. São mais de 24 milhões de brasileiras tocando seus próprios negócios, se empoderando, ganhando independência financeira e gerando empregos. Para elas, além de assumir um cargo de liderança, há o desafio de conciliá-lo com as tarefas da casa.
Ainda assim, o cenário é positivo e elas conseguiram espaço em um local antes dominado pelos homens. O Dicas de Mulher conversou com 12 mulheres que estão, hoje, em cargos C-Level e assumem o desafio de empreender o próprio negócio ou atuar como intraempreendedoras e trazer inovação em empresas já existentes. Confira suas declarações inspiradoras:
1. Ilana Nasser: co-fundadora e CXO da Startup de impacto social Vendah

Ilana Nasser / Divulgação
Nasser sempre se sentiu atraída com a ideia de empreender, tanto que na faculdade teve uma empresa de delivery de comida que acabou não indo para frente. Além disso, trabalhou na Endeavor por 9 anos, onde teve experiências importantes e decisivas. Hoje é co-fundadora da Vendah, uma startup paulistana de impacto social, que já reuniu inúmeras mulheres nas periferias de São Paulo em busca de renda com venda direta, principalmente de utensílios domésticos e itens para bebês.
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“Se hoje sou cofounder e CXO da Vendah, é porque eu tinha um sonho grande e pude contar com as pessoas certas. A nossa startup tem um propósito muito claro de levar renda para mulheres como forma de empoderá-las. Trabalhar com esse time é extremamente gratificante para mim.” – Ilana Nasser
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2. Cláudia de Moraes: CEO da Younder Edtech

Cláudia de Moraes / Divulgação
Moraes sempre sentiu que sua missão envolvia transformar a vida das pessoas e percebeu ter um perfil de liderança. Ela foca em desenvolver talentos em um ambiente saudável e com incentivos e hoje, por conta dessa visão, é a CEO da Younder Edtech, empresa de tecnologia para educação com foco em treinamentos corporativos humanizados para profissionais do trânsito, mobilidade e segurança do trabalho. Para ela, oportunidades são criadas e os desafios são enfrentados.
“Em meio às turbulências econômicas sempre fui pressionada a trazer resultados, o que me fez entender que há diferentes caminhos nos diferentes cenários, e junto disso criar equipes de alta performance, e ainda ter de lidar com uma barreira cultural como o preconceito masculino em relação à gestão feminina, por exemplo.” – Cláudia de Moraes
3. Emilia Rabello: CEO da holding Outdoor Social

Emília Rabello / Divulgação
Rabello é formada em jornalismo e começou sua carreira de empreendedora em 2004. Teve como maior desafio ser vista como inovadora. Ela afirma que criatividade não é o único fator levado em consideração e se destaca quem melhor se desenvolve no mercado. Sua paixão pela arte de empreender foi sua força motriz e o que a levou a ser CEO da Outdoor Social, um veículo pioneiro em mídia OOH em comunidades.
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“Foi – e continua sendo – necessária uma dedicação 24/7 e o mais importante: se potencializar, criando e não copiando. O fato de ser mulher também faz da minha jornada mais árdua. No começo da minha carreira existiam poucos modelos de mulheres líderes.” – Emilia Rabello
4. Mônica Granzo: CEO da Smarkets

Mônica Granzo / Divulgação
Granzo enfrentou uma vida com falta de recursos e pouco estruturada desde sua infância. No entanto, essa situação a desafiou a tentar uma carreira profissional de sucesso e a instigou a chegar ao cargo C-Level. Se dedicou com afinco aos estudos e a ser independente até que, em 2014, fundou a Smarkets, empresa focada em solução de marketplace B2B.
“Apostei tudo no meu sonho, inclusive, meu rico dinheirinho que não era muito – foram muitos aprendizados para chegar até aqui. Com dedicação e persistência, conquistei a confiança das grandes lideranças e a Smarkets se consolidou no mercado atendendo todas as necessidades dos clientes.” – Mônica Granzo
5. Liz Dell’Ome: advogada especialista em imigração e fundadora da Dell´Ome Law Firm

Liz Dell’Ome / Divulgação
Dell’Ome abriu seu próprio escritório, a Dell’Ome Law Firm, no auge dos 28 anos e sempre soube que seu grande desafio seria passar credibilidade aos seus clientes, ainda mais em uma área predominantemente masculina.
Ela é advogada especialista em imigração nos Estados Unidos, com um tipo de processo destinado a quem vai pleitar residência permanente por lá. Atende um público variado, com idades classes sociais, culturas e níveis de senioridade em diversas áreas.
“As pessoas – em sua maioria homens, mas às vezes até mesmo as mulheres – associam sua capacidade intelectual ao seu gênero, ou, no meu caso, à combinação do seu gênero e idade. Entretanto, sempre tentei desconstruir essa dúvida que as pessoas mostravam em relação a mim simplesmente mostrando o resultado do meu trabalho e a minha postura profissional no relacionamento com o cliente. A cobrança é muita, até porque haverá dias em que uma postura mais firme será necessária para você se impor e alcançar o respeito que você merece como mulher e profissional.”- Liz Dell’Ome
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6. Ingrid Reis: CEO da Espiral Soluções Socioculturais
Reis começou a empreender ainda na faculdade. Vendia salgadinho, lingerie e até bolo para conseguir concluir seus estudos. Trabalhou por muitos anos como consultora em organismos internacionais e empresas, até que, durante um voo de asa delta, percebeu que tinha muitas possibilidades de inovar.
Como sua filha tem uma síndrome genética, ela sentia que precisava de mais tempo para acompanhá-la, o que os vínculos empregatícios não permitiam. Assim, surgiu a ideia de criar a Espiral Soluções Socioculturais, empresa voltada para a elaboração de projetos culturais e sociais.
“O fato de ser mulher por si só já é um desafio, porque muitas das vezes a gente tem que se fazer entender no universo masculino. Existe também uma outra questão, que é a de ser uma mulher negra. As pessoas hoje em dia estão cada vez mais sem filtro, expondo os seus preconceitos. Então, eu posso dizer que os meus desafios são diários. O de demarcar um espaço quanto profissional e o de demarcar um espaço quanto mulher negra empresária”. – Ingrid Reis
7. Carol Cabral: CEO da Nimbi

Carol Cabral / Divulgação
Nascida em Joinville, Cabral se formou em Administração e ingressou na Nimbi, uma plataforma de supply chain management, em 2006, aos 19 anos, como estagiária do escritório localizado em sua cidade natal. Aos 33 anos assumiu o cargo de CEO e antes de chegar lá passou por praticamente todas as áreas da empresa. Ela acredita que isso ajuda na tomada de decisão, pois conhece a empresa com profundidade e hoje, mais madura, enxerga que enfrentou muito preconceito e até mesmo assédio ao longo da carreira. Além de empresária, ela é mãe do Gustavo e esposa da Patrícia.
“Nessa posição, tenho como objetivo, entre tantos outros, aumentar cada vez mais a diversidade e ter mais pessoas com culturas e vivências diferentes para agregar aos valores da Nimbi. Meu papel, além das metas quantitativas, é que a Nimbi seja um lugar de oportunidades e que possamos desenvolver a carreira de nossos colaboradores sem que ninguém precise se provar e desgastar mais por ser mulher, não branca, LGBTQIAP+”. – Carol Cabral
8. Mariana Hargreaves: CMO da Media for Stars

Mariana Hargreaves / Divulgação
Hargreaves chegou ao cargo de CMO aos 27, ao deixar uma multinacional e ingressar na Media for Stars, uma empresa de marketing digital. Começou a trabalhar aos 18 anos e cursou a faculdade de Comunicação em Marketing. Desde aquela época já sabia que queria empreender e buscou se aprimorar em entender melhor a área na qual pretendia atuar.
“Temos que aprender a solucionar problemas, muito antes de aprender a criar soluções. E está aí o diferencial de cada um, de cada negócio, cada gestor e cada empresário. As pessoas passam a faculdade toda visando grandes empresas, ser diretores de multinacionais, mas nem sempre o foco é o cargo, e o dinheiro, isso é consequência”. – Mariana Hargreaves
9. Daniela Jones – Fundadora do Grupo Said

Daniela Jones / Divulgação
Daniela começou a trabalhar aos 15 em um Mc Donalds. Depois fez faculdade de Administração e trabalhou na área. Sua avó tinha uma empresa de cuidadores de idosos e em uma época trabalhou com ela, podendo aprender muito sobre o ramo da saúde. Em 2004, decidiu abrir sua própria empresa de cuidadores de idosos, a Said, e chegou a começar com uma linha telefônica dentro de sua própria casa.
“Durante os primeiros 5 anos passei por discriminação por ser mulher gestora e mãe tomando conta de uma empresa. Tive que aprender muito a lidar com as pessoas, pois nosso trabalho é direto com elas. Hoje tenho uma empresa considerada, em 2021, como uma das 5 melhores empresas para se trabalhar no ramo da saúde, segundo o Great Place To Work, com uma equipe de 980 colaboradores. Além disso, a Said é considerada a melhor empresa de cuidadores de idosos e somos uma empresa 98% feminina”. – Daniela Jones
10. Ana Purchio: Country Manager da GoStudent Brasil

Ana Purchio / Divulgação
Purchio acredita que o maior desafio de sua carreira foi conciliar o crescimento profissional com a maternidade, inclusive, quando sua filha tinha apenas três anos e havia sido diagnosticada com um tumor raro. Com isso, ela precisou administrar seu tempo, estar 100% no trabalho durante o expediente e 100% com sua filha nos momentos em que passavam juntas. Hoje ela é Country Manager do Brasil da GoStudent, uma empresa de aulas particulares.
“Precisei aplicar todo meu conhecimento de gerenciamento de tempo, priorização de atividades e foco na gestão da equipe recém-conquistada e na minha rotina. Concentrei minhas melhores energias para mergulhar de cabeça no trabalho durante o expediente, para então dedicar todo o meu tempo livre à minha filha e estar 100% presente, sem distrações, nos momentos em que estivéssemos juntas. Foi uma reviravolta na minha forma de trabalhar, mas aprendi o valor do equilíbrio entre vida pessoal e profissional”. – Ana Purchio
11. Luciana Lacerda: Diretora de Operações da FM Logistic

Luciana Lacerda / Divulgação
Luciana trabalhou por 23 anos na área de logística e supply chain e em 2021 assumiu o desafio de ser diretora de operações. Ela é a primeira executiva a ocupar o cargo na subsidiária brasileira da FM Logistic, uma empresa de logística. Seu papel é estuturar as bases para um crescimento eficaz ao mesmo tempo em que trabalha nos times de projetos de melhorias contínuas.
“A participação da mulher não deve ser notada apenas no segmento logístico, mas de maneira geral na sociedade. Sempre me dediquei muito em qualquer frente de trabalho, isso significa que se focarmos na execução e entrega de resultados, a questão de gênero deixa de ser, aos poucos, predominante e passa a ser enxergada de forma mais natural”. – Luciana Lacerda
12. Livia Villar: CEO da LocarX Aluguel de Carros

Livia Villar / Divulgação
Aos 36 anos, Villar é CEO da LocarX, empresa de aluguel de carros e vê que esse segmento está em amplo crescimento, porém, ainda monopolizado pelas multinacionais. Sua empresa é 100% brasileira e tem uma proposta de atendimento personalizado aos clientes, além d eum investimento acessível.
“Ter um negócio próprio sendo mulher e ainda jovem era algo que surpreendia clientes, parceiros de negócios e até funcionários. Mas, com muita dedicação, estudo e conhecimento eu consegui quebrar as barreiras e conquistar meu espaço. Sempre vi os obstáculos como processos e isso me permitiu aperfeiçoar o negócio e encontrar sempre as melhores soluções”. – Livia Villar

Stephanie Quadros
Escritora com 8 livros publicados e apresentadora de um programa de rádio sobre literatura nacional, o Capivaras Leitoras. Ama ler, viajar e passar um tempo com a Buffy, sua cachorrinha vira-lata.