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Tutoriais sobre mewing estão circulando nas redes sociais. As pessoas adeptas à técnica dizem que ela promove resultados parecidos com a harmonização facial, propiciando a definição do rosto e da mandíbula. Será que realmente funciona? A dentista pós-graduada em ortodontia e ortopedia facial, Letícia Vidal, explica o assunto. Acompanhe a matéria!
O que é mewing?
De acordo com Letícia, o mewing é “uma terapia miofuncional sobre posicionamento da língua e músculos da face”. A técnica “promete um melhor contorno e definição facial sem cirurgia ou procedimentos estéticos”.
Apesar de parecer novidade, a técnica foi criada em 1960 pelo ortodontista John Mew (por isso mewing). Tanto ele quanto seu filho, que trabalhava na mesma área, defendem a prática para corrigir a estrutura maxilar e melhorar a acomodação dos dentes.
Em 2017, segundo o Medical News Today, John Mew perdeu sua licença de dentista por criticar técnicas tradicionais da ortodontia e por usar práticas não convencionais. Um ano depois, seu filho divulgou que foi expulso da Sociedade Britânica de Ortodontia (British Orthodontic Society) devido a suas condutas na internet. Entretanto, a popularidade da técnica continuou a crescer nas redes.
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Como é feito o mewing?
Praticar o mewing é simples. Letícia explica que a prática consiste em fazer “exercícios com a bochecha, mastigação e postura da língua”. Adiante, a profissional explicará o passo a passo. Continue a leitura!
O mewing funciona?
Apesar da popularidade, não existe confirmação científica sobre os resultados do mewing. “Nós, dentistas e ortodontistas, trabalhamos sempre com ciência baseada em evidências científicas. A técnica não foi estudada nesse quesito e o que achamos na bibliografia é muito escasso”.
Para Letícia, “a promessa da técnica não tem fundamento, pois sabemos que padrão facial e crescimento craniofacial é determinado por fatores genéticos”. Apesar da falta de embasamento, ela conta que, nas redes sociais, profissionais sem formação usam fotos de pessoas famosas com harmonização e prometem os mesmos resultados com o mewing. Por isso, tenha cuidado para não cair em fake news, os procedimentos são muito diferentes.
A profissional finaliza explicando que a técnica pode “melhorar a mobilidade da língua e dos músculos, afinal, é um exercício, não vai fazer mal, mas não dá para prometer resultados inatingíveis”.
O mewing pode fazer mal?
Como já explicado, o mewing não apresenta riscos para as pessoas, pois a terapia envolve apenas “exercícios posturais de língua com controle da respiração. Isso não faz mal”. O problema está na falsa expectativa criada pela divulgação da técnica. Por isso, Letícia reforça que não existem malefícios “desde que a pessoa não se permita acreditar em resultados mentirosos”.
Como fazer o mewing com segurança?
Com base nas informações escassas disponíveis sobre a prática, Letícia explica que “fazendo algumas modificações, pela visão odontológica”, ela orienta os seguintes passos para praticar o mewing com segurança:
- Coloque a língua no palato, descansando-a no céu da boca, sem aplicar pressão excessiva.
- Preste atenção à posição dos dentes e dos lábios, ambos precisam estar encaixados levemente.
- Respire exclusivamente pelo nariz.
- Quando for engolir, use somente a parte traseira da língua, sem a ajuda dos músculos faciais.
Lembre-se que o exercício não traz resultados milagrosos, como muitas vezes são prometidos na internet. A profissional ressalta que “a melhor forma de ficar em repouso com os dentes é deixando uma ligeira distância entre as arcadas. Ficar em relaxamento, mas apertando os dentes, além de não ser saudável, pode indicar estresse e ansiedade”. Se tiver dúvidas, procure um especialista e faça perguntas para seu dentista.
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Letícia finaliza com um lembrete importante: “visite regularmente seu dentista de confiança”. Ao invés de fazer o mewing, cheio de polêmicas, você pode fazer exercícios caseiros de drenagem fácil que ajudam a desinchar a face, promovem relaxamento e diminuem a ansiedade.

Victória Vischi
Jornalista e produtora de conteúdo. Fã de cultura POP com interesse em Estudos Culturais, tentando acumular o maior número possível de hobbies nas horas vagas.