Sociedade

Histórias inspiradoras: 14 brasileiras para acompanhar em 2023

Dicas de Mulher

Atualizado em 14.06.23
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O Dicas de Mulher compartilha lutas, histórias inspiradoras e conquistas das mulheres, reforçando a luta contra o machismo, a desigualdade e a violência de gênero. Em 2022, acompanhamos grandes exemplos de mulheres ocupando espaços na política, no jornalismo esportivo, em cargos de liderança e no empreendedorismo feminino. Para este ano, queremos amplificar mais vozes, por isso, selecionamos 14 brasileiras para seguir em 2023:

Karine Oliveira

(Ronald Santos)

De Salvador (BA), Karine Oliveira criou a Wakanda Educação Empreendedora, uma startup de impacto social que transforma a linguagem de conteúdos técnicos sobre empreendedorismo para deixá-los acessíveis e informais. A iniciativa visa ajudar a população periférica e pessoas que se tornaram empreendedoras por necessidade a se desenvolverem e prosperarem.

O projeto vai de encontro aos desafios que ela mesma enfrentou em sua carreira, como conta ao Dicas de Mulher: “acho que o primeiro desafio que enfrentei foi o maior, que foi exatamente como lidar com a minha própria mentalidade. Enquanto mulher periférica e LGBT, querer entrar no mercado de tecnologia era muito difícil. Uma das maiores dificuldades que tive foi realmente me aceitar e entender que eu poderia chegar lá”.

Além disso, ela cita as dificuldades de fazer conexões, pois as oportunidades não estavam na periferia, “comecei entrando nos ambientes de inovação e tecnologia de Salvador”, lugares em que ela sabia que precisava estar, mas não se via reconhecida. Ela também destaca a importância da diversidade na área da tecnologia, que vai além de abrir portas para pessoas diferentes, sendo necessária para que olhares diferentes tragam pontos de vista diversos que levam a inovação.

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“Quanto mais a gente tiver ambientes e equipe diversas, a discussão na área de construção dos produtos vai ser mais rica.”

– Karine Oliveira

Gabriela Chaves

(The Beshi)

A economista Gabriela Chaves é a fundadora e CEO da startup NoFront – Empoderamento Financeiro, iniciativa que tem como objetivo empoderar economicamente a população negra e periférica. Para isso, a NoFront aposta em educação e planejamento financeiro, abordando assuntos como padrões de consumo, formas de investimento e de quitação de dívidas ensinadas na plataforma através do rap.

Sobre sua trajetória profissional, ela disse: “acredito que o maior desafio está relacionado a ser mulher negra é a remuneração, já que durante grande parte da minha vida eu ganhei menos do que homens brancos no mesmo cargo, e isso foi um desafio muito grande para mim do ponto de vista profissional”. Nesse cenário, se tornar empreendedora é uma das maiores conquistas de sua carreira.

“É um sonho que está virando realidade, acredito que isso é uma conquista muito grande, conseguir executar algo tão desejado.”

– Gabriela Chaves

Gabriela Biló

Gabriela Biló

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A fotojornalista Gabriela Biló se dedica ao jornalismo político. Em 2020 e 2021 ela conquistou o Troféu Mulher Imprensa de fotojornalismo, criado pela revista e portal Imprensa para reconhecer a importância do trabalho das mulheres nas redações brasileiras.

Biló também recebeu o prêmio Vladmir Herzog em menção honrosa a sua cobertura em Brasília, da rotina do ex-presidente Jair Bolsonaro. A fotojornalista cobriu momentos importantes da política contemporânea, um trabalho de grande relevância para a democracia.

Flávia Cintra

A jornalista e escritora Flávia Cintra ficou tetraplégica aos 18 anos, por causa de um acidente de carro. Com o tempo e sessões de fisioterapia, ela recuperou parte dos movimentos das mãos e dos braços. Tempos depois resolveu entrar para a faculdade, onde se graduou em jornalismo.

Sua história inspirou a criação da personagem Luciana na novela “Viver a Vida”, interpretada pela atriz Aline Morais. A produção contou com a consultoria da própria Flávia Cintra, que no ano seguinte veio a entrar para o time de repórteres da TV Globo. A jornalista também é palestrante e ativista pelos direitos PCD. Também escreveu o livro “Maria de Rodas”, na qual compartilha suas experiências com a maternidade, e é vice-presidente do Instituto Paradigma.

Bruna Tukamoto

(Arquivo Pessoal)

A criadora de conteúdo Bruna Tukamoto, de Londrina (PR), usa as redes sociais para falar sobre preconceito amarelo, maquiagem e mostrar sua rotina. Com mais de 150 mil seguidores no Tiktok e 45 mil no Instagram, ela amplifica pautas raciais amarelas, além de produzir conteúdo de maquiagem pensando em rostos asiáticos, algo que ela sentia falta quando começou consumir conteúdos sobre esse assunto.

Ao Dicas de Mulher, Bruna compartilha que seu “maior obstáculo enquanto criadora de conteúdo é conseguir lidar com quem não está aberto a entender as pautas raciais amarelas que defendo”. A comunicadora afirma sentir que levar o debate de um assunto deslegitimado para as redes sociais ainda é uma tarefa desafiadora, por receber comentários ofensivos, mas procura focar no lado positivo da criaçnao de conteúdos sobre amarelitude.

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“Abordo essa pauta na internet com a expectativa de contribuir para a conscientização da população e, assim, ajudar a combater os preconceitos vivenciados por nós na sociedade. Não existe nada mais gratificante do que receber feedbacks de pessoas que começaram a me acompanhar e repensaram atitudes ou comportamentos. A mudança é gradual, mas ela precisa acontecer e tenho esperança de que vamos caminhar para isso”.

– Bruna Tukamoto

Erika Hilton

Erika Hilton é a primeira mulher travesti eleita deputada federal pelo estado de São Paulo, com mandato iniciado em 2023. Foi duas vezes presidenta da Comissão dos Direitos Humanos em São Paulo, sendo um nome para acompanhar na política brasileira. Sua história reflete a realidade de muitas pessoas trans no Brasil. Foi expulsa de casa com 15 anos e precisou recorrer à prostituição para se sustentar.

Com isso, demorou anos para conseguir concluir o ensino médio e buscar o ensino superior. Desde então se envolveu com o movimento estudantil e depois se filiou ao PSOL, sempre defendendo os direitos LGBTQIA+. Em 2022, Erika Hilton foi eleita pela BBC como uma das “100 mulheres mais inspiradoras e influentes do mundo em 2022”, foi destaque no “Next Generation Leaders” (Líderes da Próxima Geração) pela Revista Time e foi reconhecida como uma das pessoas negras mais influentes do mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Márcia Rocha

Empresária e advogada, Márcia Rocha é co-fundadora do projeto TransEmpregos, maior e mais antiga iniciativa voltada à empregabilidade de pessoas trans no Brasil. Além disso, ela foi a primeira mulher trans a ser reconhecida com o nome social na OAB/SP.

“Foi uma vitória importante pessoalmente, mas também abriu precedente para que outras instituições de diferentes categorias profissionais respeitem o nome social”, explica em seu site. Atualmente, Márcia Rocha é integrante do Conselho Seccional da OAB/SP, onde também atua como consultora de diversidade e inclusão e usa suas redes sociais para amplificar essas pautas.

Wladia Goes

A produtora de moda e criadora de conteúdo Wladia Goes defende a importância de encontrar o seu estilo pessoal. Natural de Salvador, ela conta, ao Dicas de Mulher, que a falta de valorização do trabalho local foi uma das grandes dificuldades de sua carreira: “São mais de 20 anos trabalhando com moda em Salvador, uma cidade que não valorizava o que era produzido aqui. Na verdade, até hoje os de fora valorizam mais que os nossos e, graças às redes sociais, a conversa agora é outra”.

Sobre a importância de encontrar o estilo próprio e se libertar dos padrões de beleza, ela comenta quando a conversa é o (se) vestir, “agradar aos outros sempre foi minha última opção e seguir tendências nunca me agradou”.

“Acreditem, se vestir com o que te agrada é uma libertação dos padrões impostos pela sociedade. Ache o seu estilo e você será muito mais feliz”.

– Wladia Goes

Michele Simões

A estilista e consultora de moda Michele Simões é a fundadora do projeto Meu Corpo é Real, iniciativa que busca tornar a moda mais acessível para pessoas com deficiência. Ela utiliza as redes sociais do projeto e suas redes pessoais para amplificar o assunto da inclusão no mundo da moda. Um dos assuntos abordados por ela é como a falta de mobilidade pode levar pessoas com deficiência a vestirem o que é mais fácil de ser colocado ao invés de algo que gostam.

“Me lembro da frustração de vestir qualquer coisa para nãpo gastar muito tempo olhando para mim. Sim, eu também passei por esse momento e por isso sei o quão libertador foi o dia em que consegui, depois de anos, fazer uma escolha em que meu estilo não fosse sobreposto a funcionalidade. Não foi fácil e ainda não é fácil fazer essas escolhas. Não temos repertório, não temos representatividade, não temos uma vasta opção de produtos com design adequado e o constrangimento ainda assombra profissionais que nunca conviveram com pessoas com deficiência, mas que fatalmente cruzarão conosco em algum dos provadores sem acessibilidade da vida. Enquanto isso, eu sigo experimentando, testando e me equilibrando entre o estilo, a funcionalidade e a segurança”.

Laura Pohl

(Divulgação)

A escritora brasileira Laura Pohl é autora do best-seller do NY Times The Grimrose Girls, um dos poucos livros escritos por brasileiros a entrar nessa lista. A história foi publicada pela editora americana Sourcebooks Fire e traz uma releitura sombria de contos de fada com representatividade LGBTQIA+.

Seu primeiro livro publicado, também pela editora Sourcebooks Fire, The Last 8 lhe rendeu o prêmio International Latino Book Award. Em português, Laura Pohl possui um conto publicado na coletânea Cantigas no Escuro, organizada e editada por ela e que também conta com trabalhos das escritoras Iris Figueiredo, Emily de Moura, Solaine Chioro, Jana Bianchi e Gabriela Martins.

Além disso, a escritora formada em Letras (Português-Latim) pela USP atua como tradutora, preparadora e revisora de textos. Laura Pohl é um nome para acompanhar em 2023 no cenário das escritoras brasileiras e representatividade LGBTQIA+ na literatura.

Bianca Mayumi

(Divulgação)

A psicóloga Bianca Mayumi utiliza as redes sociais para criar conteúdos sobre saúde mental. Os conteúdos são compartilhados no Instagram e Titkok. A profissional ainda criou o podcast Mulher de Voz, um projeto feminista que, segundo a própria descrição no YouTube, “tem o objetivo de dar voz e nome para as diversas vivências, sentimentos e relações que as mulheres tem ao longo da vida”.

Ela compartilhou um pouco sobre os desafios de sua carreira e o que a levou a utilizar as redes sociais: “assim que aluguei e reformei o meu consultório em 2020, foi decretada a pandemia. Já havia muitos julgamentos das pessoas ao meu redor, por eu ser uma mulher de 22 anos investindo no meu trabalho. Confesso que foi muito difícil ver o consultório todo pronto, mas sem poder atender presencialmente. (…) Mas, foi a partir daí que comecei a investir não só nos atendimentos on-line, mas também na divulgação do meu trabalho. Desde então, tenho utilizado minhas redes para compartilhar os meus conhecimentos sobre saúde mental das mulheres com todos que se sentirem confortáveis em participar da nossa comunidade”.

Michelle Perenyi

A nutricionista Michelle Perenyi utiliza as redes sociais para produzir conteúdos sobre como ter uma alimentação saudável sem fazer dieta. Ela é especialista em comportamento alimentar, vegana e também fala sobre a importância de construir um bom relacionamento com a alimentação para a saúde mental. “Comida saudável é aquela comida que também faz bem mentalmente”, explica em uma postagem.

Thallita Xavier

“Mais um dia no barraco” é como começam muitos dos vídeos de Thallita Xavier, mais conhecida como Thallita Flor. Cozinheira, vegana, antiespecista e palhaça, Thallita é chefe no Banana Buffet, o primeiro buffet de gastronomia 100% vegetal do Rio de Janeiro. Ela também usa suas redes sociais para compartilhar receitas originais e divertidas, além de falar sobre racismo alimentar.

Bia Zaneratto

Um dos maiores nomes do futebol feminino, Bia Zaneratto é conhecida como a Imperatriz por sua facilidade para marcar gols. Ela joga pela Seleção Brasileira e pelo Palmeiras, tendo recusado propostas no exterior para permanecer mais uma temporada no time brasileiro.

A jogadora foi destaque do time na conquista dos títulos da Libertadores e do Campeonato Paulista de 2023 e faz sucesso em um ramo historicamente masculino. Zaneratto é patrocinada pela Nike e tem 466 mil seguidores no Instagram.

Esses são apenas alguns exemplos de mulheres que estão conquistando o seu espaço em diversos campos profissionais, exemplos que servem de inspiração e contribuem para disseminar conhecimento acerca de assuntos importantes para a construção de uma sociedade melhor. Confira também outra lista de empreendedoras na área de tecnologia.

Jornalista e produtora de conteúdo. Fã de cultura POP com interesse em Estudos Culturais, tentando acumular o maior número possível de hobbies nas horas vagas.