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As 10 super-heroínas mais influentes e inspiradoras da história

Dicas de Mulher

Atualizado em 09.08.23

Se nas salas de cinemas faltam filmes protagonizados por super-heroínas, nos quadrinhos, elas estão presentes em peso. Essas personagens trazem representatividade e complexidade para o mundo dos super heróis. Essa representatividade feminina serve de inspiração para milhares de meninas e mulheres ao longo dos anos, de geração em geração. Com mensagens de empoderamento feminino, autoaceitação, redenção, as super-heroínas mostram que mulheres brancas, negras, LGBTQIA+, todas são super poderosas, ainda que tenham fraquezas ou fujam do padrão.

A lista com 10 super-heroínas importantes na história foi montada levando em consideração quesitos como diversidade, representatividade e relevância. Veja a seguir as personagens mais inspiradoras segundo a Dicas de Mulher:

1. Mulher Maravilha

Gal Gadot em Mulher Maravilha / Divulgação

Criada em 1941, a Mulher Maravilha é uma das super-heroína mais importantes das histórias em quadrinhos. Inspirada no movimento feminista da década de 20 que conquistou a simpatia do autor, Diana Price foi desenhada para dialogar com o público masculino sobre o poder das mulheres.

No entanto, se tornou inspiração para elas num mundo onde faltavam referências femininas poderosas e independentes. Faltavam personagens que estivessem par a par com os homens e não apenas na posição de interesses românticos. Nada mais justo: após duas guerras mundiais, conquista de direitos políticos, civis e trabalhistas em todo o mundo, as mulheres consolidavam aos poucos sua participação ativa na sociedade.

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Nascida em uma sociedade de mulheres guerreiras, as Amazonas, Diana é capaz de proteger a si mesma e suas irmãs, ser independente e autossuficiente. Ela é capaz de fazer qualquer coisa e com perfeição, incluindo tarefas consideradas masculinas na época. Esse era um dos pontos principais da luta femininas da época, que ansiava por igualdade de gênero e por direitos, principalmente na Inglaterra e EUA.

A Mulher Maravilha é uma das personagens mais influentes por ter se tornado um reflexo das discussões sociais das mulheres ao longo dos anos. As histórias da personagem, seja nos quadrinhos ou no cinema, sofreu influência de várias pautas do feminismo. De modo que seu comportamento, figurino, objetivos e relacionamentos também foram sendo moldados de acordo com as mudanças sociais, anseios da sociedade e o amadurecimento de assuntos como feminismo, objetificação e o papel feminino na sociedade.

2. Capitã Marvel

Brie Larson em Capitã Marvel / Divulgação

Talvez Carol Danvers seja a super-heroína mais conhecida atualmente sob esse codinome devido aos filmes da Marvel. Entretanto, a primeira Capitã Marvel dos quadrinhos foi Mônica Rambeau: mulher negra, de cabelos crespos, que abandona o trabalho como detetive para se tornar uma das super-heroínas mais poderosas do universo Marvel, liderando os Vingadores por um bom tempo. Uma grande representatividade para meninas negras dos anos 80.

Carol Danvers como Capitã veio depois, em 2012, após um longo tempo como Miss Marvel, simbolizando o crescimento, a redenção e o recomeço para a personagem nas HQs. É nas histórias escritas pela roteirista Kelly Sue DeConnick que a super-heroína se torna o símbolo feminista que foi criada para ser na década de 60, sob a segunda onda do feminismo, após anos sendo esnobada pelos roteiristas.

Mesmo com a falta de encorajamento, que vem desde a infância da personagem, a Capitã Marvel se transforma em um modelo de superação. Isso porque a personagem reflete que pode ser tão boa, se não melhor, quanto quem duvidava de seu poder. É a busca por igualdade entre os gêneros e luta pelo direito das mulheres que construiu a personagem e a acompanha no universo cinematográfico da Marvel (MCU).

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Além disso, outros tópicos importantes são trabalhados por meio da personagem, como o orgulho e segurança que demonstra em suas habilidades, superando a síndrome da impostora que atinge muitas mulheres. Ela é boa e sabe disso.

3. Miss Marvel

Com a mudança de codinome por Carol Danvers, o mundo ficou sem uma Miss Marvel. Eis que surge Kamala Khan, uma jovem paquistanesa, de 16 anos, fã de histórias em quadrinhos e, principalmente, da Capitã Marvel. Kamala é a primeira super-heroína muçulmana da Marvel Comics a ter sua própria HQ, abordando questões de uma adolescente que vive entre duas culturas muito diferentes uma da outra.

Além de abordar uma cultura oriental e a religião muçulmana, as novas HQs de Miss Marvel e série da Disney+ trazem também uma jovem não branca, que não atende aos padrões norte-americanos de beleza e vida adolescente. Kamala traz representatividade para garotas adolescentes, por ter uma figura menos sexualizada que de suas antecessoras, mostrando uma mudança na forma como heroínas são representadas. O visual também foi feito pela roteirista Kelly Sue DeConnick.

Mas talvez a mensagem que mais se destaca em Miss Marvel é justamente algo que ela aprendeu nas primeiras HQs: o fato de que ela não precisa ser outra pessoa para ser uma super-heroína. Ao despertar os seus poderes, a jovem se transforma na versão mais nova de Carol Danvers ainda como Miss Marvel, com cabelos loiros, de pele branca e utilizando até mesmo o uniforme da época. Era quem ela queria ser. Mas é algo que não se repete, a nova Miss Marvel é uma pessoa diferente e não menos heróica.

4. Promethea

Bárbara como Promethea / Reprodução

Diferente das outras heroínas, que tem seus “nomes de guerra” escolhidos por si, uma Promethea herda o direito de se chamar assim. Apenas mulheres podem ser Promethea e esse direito lhe é dado em algum momento da vida, quando a heroína reencarna na merecedora de seus poderes.

A HQ de Allan Moore apresenta uma relação feminina interessante que é bem diferente das demais. A heroína da vez conta com um conselho de Prometheas anteriores, que ajuda a tomar decisões. São mulheres maduras de todos os tipos físicos, referências e experiências, imperfeitas e heróicas. Além disso, a heroína anterior pode atuar como mentora da nova encarnação, uma história linda que traz a continuidade do legado das mulheres.

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Em relação às características físicas, as encarnações da super-heroína são sempre mulheres não-brancas quando transformadas. Sua aparência lembra uma mulher mediterrânea, remetendo à introdução da HQ número 1, na qual a história começa no Antigo Egito. Bárbara, a antecessora de Sophia (a nova Promethea), é uma mulher forte e musculosa, que oferece uma alternativa ao padrão das super-heroínas magras e altas. Há diversidade nos quadrinhos suficiente para valer a leitura, além de muita mitologia!

5. Faith

HQ Faith / Reprodução

Faith chega para desafiar o padrão de beleza da magreza imposto às mulheres – e até às super-heroínas. Como a primeira heroína gorda dos quadrinhos, a jornalista mostra que seu corpo não é um obstáculo para lutar contra o crime. Faith é bem resolvida consigo e em nenhum momento seu tipo físico é apontado como um problema na HQ. Isso nem é um assunto da trama.

A personagem não é nova. Apareceu pela primeira vez em 1992 em Harbinger, também da editora Valliant. Nele, a personagem conhecida pela população de Los Angeles como Zephyr faz parte do grupo de super heróis Harbinger, que está em busca de heróis experientes da mesma fundação onde foram criados para destravar seus poderes. Depois de um tempo trabalhando em equipe, ela parte para sua carreira solo.

Nos novos quadrinhos escritos por Jody Houser, a personagem aprende a lidar com erros e frustrações suscetíveis ao trabalho de super-heroína solo – que nem sempre salva o dia e prende todos os criminosos. É sobre ter responsabilidade e confiar em si mesma para crescer na trajetória que escolheu seguir.

6. Batwoman

Batwoman / Reprodução

Kate Kane é a primeira super-heroína assumidamente lésbica das histórias em quadrinhos. De acordo com a DC Comics, a personagem trava uma batalha por respeito e contra a injustiça em sua vida pessoal enquanto ajuda pessoas que nem sempre a respeitam como super-heroína. É uma jornada em busca de tolerância, respeito e igualdade de direitos.

Antes de se tornar vigilante, Kate foi expulsa do Exército norte-americano por se declarar lésbica. A instituição fictícia era declaradamente contra homossexuais e agia conforme o lema “Não Pergunte, Não Conte”, uma política real que vigorou nos EUA até 2011. Até 1993, quando foi aprovada, a regra era a proibição total de militares homossexuais.

Outro fato interessante é que seu pai, membro da inteligência do exército, não se afasta da filha, ajudando-a a seguir e se preparar para ser uma vigilante – o que reforça a importância do apoio familiar na afirmação da identidade sexual dos jovens. Kate pode ter sido impedida de viver seu sonho e seguir carreira militar, mas carrega consigo a importância sobre se aceitar e ter orgulho de ser quem é.

7. Tempestade

HQ STORM #1 / Divulgação

Ela não é só uma mutante de alto nível. Tempestade, ou Ororo Munroe, é também Rainha de Wakanda e do Quênia! A personagem traz representatividade para o continente Africano, passando por vários territórios em sua história. Filha da princesa do Quênia e de um fotojornalista nova yorquino, a jovem cresceu em Cairo, no Egito, onde permaneceu após a morte dos pais.

Foi no Quênia, sua terra ancestral, onde foi ensinada a controlar seus poderes e se tornou, não apenas a Rainha, como também era considerada uma Deusa devido aos seus poderes. Mais tarde, se casou com T’Challa, Rei de Wakanda – a comunidade negra mais desenvolvida do mundo. A personagem também foi criada na década de 60, sob a segunda onda feminista. Além da representatividade feminina, Tempestade carrega consigo o pioneirismo entre as personagens negras de HQs, muito importante para o movimento negro.

8. Lume

Embora existam super heróis brasileiros nas principais editoras de HQs, Lume é um símbolo completamente nacional. A ambientação da personagem se passa no Complexo do Alemão, uma favela carioca, e a super-heroína precisa lidar com problemas próximos da realidade brasileira sem perder o caráter fantástico dos vilões.

A HQ, embora curtinha, tem um enredo bem social, abordando o comportamento da polícia e do governo em relação à população que mora na favela do Rio de Janeiro – reflexo de outras regiões periféricas do Brasil. Em seu site, o quadrinista PJ Kaiowá afirma que Lume “assume a missão de trazer luz onde a sociedade insiste em manter na escuridão”.

9. Martha Washington

Martha Washington / Reprodução

Nem toda heroína tem super poderes! Um exemplo disso é Martha Washington, uma soldado americana que cresceu numa Chicago segregacionista, vítima de racismo e das políticas desfavoráveis para pobres e negros e de governos corruptos. É contra a esse sistema de falsas promessas pelo bem do povo que Martha se rebela, se tornando a heroína que o mundo de fato precisava.

O seu maior objetivo é mudar a realidade em que vive e por isso Martha se torna o agente dessas mudanças, destruindo por dentro do sistema que abomina. Nem é preciso dizer que a personagem é determinada e com forte senso de justiça e comunidade. Mas é sem a ajuda de poderes especiais que a personagem mostra que a mudança só ocorre quando se busca por ela.

10. Viúva Negra

Scarlett Johansson em Viúva Negra / Divulgação

Assim como Martha, Natasha Romanoff não tem super poderes, mas nas HQs ela recebe um soro similar ao do Capitão América, dando a ela a vantagem da força sobre-humana. Independente disso, Natasha foi criada para ser uma assassina letal da KGB (organização soviética de serviços secretos) que não só atua sabotando os EUA, como derrubando e controlando nações e organizações de interesse russo.

A história da Viúva Negra a constrói como uma vilã de sangue frio, mas aos poucos mostra sua redenção, tornando-a uma das super-heroínas mais queridas da Marvel. Esse arrependimento é abordado várias vezes em seus diálogos, ao mostrar que não se orgulha do seu passado e trabalha para se redimir no presente.

A personagem também traz uma questão interessante quanto à imagem de mulheres fortes e bem sucedidas, sempre associadas à frieza, à falta de empatia e incapazes de manter um relacionamento. Ao longo dos filmes, a personagem desconstrói esse perfil, mostrando também uma mulher assombrada por seu passado, que precisa aceitá-lo para seguir em frente e construir novos laços.

O caminho para uma representatividade feminina mais compatível com os anseios femininos na cultura pop deve levar em consideração respeito pelas histórias, pelos corpos e pela complexidade de lutas e realidades. No entanto, cada avanço deve ser apontado para servir de referência para produtos posteriores. Que tal começa a avaliar o que consome através do Teste de Bechdel? Aproveite e leia sobre os motivos para comemorar o Dia do Orgulho Geek.

Comunicadora, voluntária e empreendedora. Apaixonada por moda, leitura e horóscopos. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela PUC-Rio, com domínio adicional em empreendedorismo.