Bem-estar

8 malefícios da chupeta e dicas para deixá-la de lado

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Atualizado em 24.06.22

O hábito de dar chupeta ao bebê é comum à maioria das famílias, especialmente com o intuito de acalmar a criança. Seja na hora de dormir, seja em momentos de dor ou propícios ao estresse como, por exemplo, na hora de colher sangue.

Porém, não é de hoje que ela causa polêmicas. Há quem defenda que todos os malefícios da chupeta não justificam o uso. Há os que apontam benefícios na utilização do acessório.

De toda forma, além dos prós e contras, para muitos pais, fica também a dúvida sobre como “substituir” a chupeta nos momentos em que é necessário acalmar o bebê. Confira abaixo os principais esclarecimentos sobre o assunto.

8 malefícios do uso da chupeta

Mas, por que, de formal geral, o uso de chupeta é contraindicado?

1. Pode prejudicar a amamentação

Nathália Sarkis, pediatra do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, e membro titular da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que o uso da chupeta está associado à menor duração do aleitamento materno. “Isto porque a língua do bebê se posiciona de forma diferente durante a amamentação se comparada à chupeta. Desta forma, pode causar uma confusão de bicos e dificultar a amamentação”, diz.

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“No entanto, cada caso deverá ser avaliado por uma equipe multidisciplinar, a fim de realizar ações preventivas quanto à exposição a bicos artificiais e intervenções precoces das alterações nos primeiros dias de amamentação”, acrescenta a pediatra.

2. Maior propensão a infecções de ouvido

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Com o uso da chupeta, de acordo com Nathália, existe uma propensão maior de infecções do ouvido médio. “A chupeta proporciona uma migração de micro-organismos para o ouvido devido à falta de estímulo do músculo tensor do palato membranoso (principal responsável pela abertura da tuba auditiva e importante na prevenção das otites médias)”, explica.

3. Mais chances de infecções em geral

A chupeta cai no chão e muitas vezes não é higienizada corretamente… Com tudo isso, oferece riscos ao bebê.

Nathália destaca que as chupetas são consideradas potenciais reservatórios de infecção, podendo afetar o sistema imunológico. O uso de chupeta está associado, por exemplo, com maior incidência de casos de diarreia, aftas, candidíase oral, entre outros quadros.

4. Pode prejudicar os dentes da criança

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Nathália explica que a chupeta pode provocar alterações anatômico-funcionais. “As alterações oclusais mais frequentes são mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior”, diz. Ela aumenta ainda o risco de cáries.

5. Pode provocar dificuldades na fala

O uso excessivo da chupeta pode levar a problemas de dentição e fala, especialmente se o uso se prolongar além dos três anos de idade.

Como o acessório costuma ficar muito tempo na boca da criança, pode causar mudanças estruturais, além de inibir a imitação de sons, o balbucio e a emissão de palavras em geral.

6. Pode influenciar a inteligência na vida adulta

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Um estudo associou o uso de chupeta a um menor desempenho em testes de inteligência na vida adulta.

A hipótese, conforme comenta Nathália, seria a de que a criança que utiliza chupeta é menos solicitante por atenção (dos pais/cuidadores). Por esse motivo, acaba sendo menos estimulada.

7. Pode estimular alguns hábitos negativos

Nathália comenta que há evidências de que o uso prolongado da chupeta possa “ser substituído” ao longo da vida por hábitos negativos, como o de fumar, comer excessivamente ou por outros transtornos compulsivos.

8. Riscos provenientes do acessório

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Existe a possibilidade de asfixia e estrangulamento causados por partes da chupeta que ocasionalmente se desprendam dela. Além do risco de machucados na boca ou no nariz caso a criança caia com a chupeta na boca.

Apesar dos malefícios da chupeta serem muito abordados atualmente, são raras as crianças que nunca a utilizaram em algum momento da infância. Isso se deve especialmente à visão da chupeta como algo “terapêutico” – que acalma – ter passado de geração em geração.

Diante de tanta polêmica, é ainda praticamente impossível falar sobre uma “idade ideal” para a retirada a chupeta. Mas, de forma geral, por volta dos dois ou três anos, a maioria das crianças começa a desapegar do acessório… Mas, claro, esta não é uma regra.

Existe algum benefício no uso da chupeta?

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Mas, um hábito que vem passando de geração em geração certamente tem alguma vantagem. Confira abaixo quais são os principais benefícios atribuídos ao uso da chupeta.

Sensação de bem-estar

Nathália destaca que o movimento da sucção, proveniente do uso da chupeta, libera neurotransmissores que causam a sensação de bem-estar. “Esses efeitos positivos estão relacionados ao manejo da dor no recém-nascido e também à modulação do comportamento agitado do bebê”, explica.

Neste sentido, o uso da chupeta costuma ser benéfico também na hora de reduzir o estresse em bebês durante procedimentos dolorosos. Use-a quando precisar colher sangue, por exemplo.

Solução para casos especiais

A chupeta também pode ser indicada em casos especiais, por exemplo, para estimular a sucção em crianças portadoras de doenças neurológicas ou para antecipar o início da alimentação oral em bebês prematuros.

Proteção contra a morte súbita

Embora o assunto seja bastante controverso, há estudos que associam o uso da chupeta a um risco reduzido de morte súbita. Uma hipótese seria a de que a chupeta evita que a língua “caia para trás” durante o sono (o que causaria a asfixia e poderia levar à morte).

Em contrapartida, sabe-se que a amamentação reduz em 50% o risco de morte súbita em bebês. E, como o uso da chupeta é responsável pela menor duração do aleitamento materno, seu uso também pode ser visto como um fator agravante para casos de morte súbita.

Como deixar a chupeta de lado

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Uma grande dúvida entre os pais é: o que posso usar no lugar da chupeta? E no caso das crianças que já usam o acessório, como fazer com que elas deixem a chupeta de lado?

  • Recorra a outros objetos: Nathália sugere oferecer, por exemplo, chocalhos e mordedores.
  • Mantenha o aleitamento materno: vale lembrar que o bebê tem uma necessidade fisiológica de sucção. A amamentação já oferece isso, ajudando a excluir o uso da chupeta.
  • Dê carinho e atenção: tentar descobrir o motivo do choro, conversar com o bebê e fazê-lo “nanar”. Esses são elementos importantíssimos na hora de acalmar a criança.
  • Recorra à música: músicas calmas e/ou atrativas podem ajudar a acalmar ou entreter o bebê. Estudos já mostraram, inclusive, que a música associada ao aleitamento materno tem efeitos calmantes.

No caso de crianças maiores e que já estão acostumadas à chupeta, conforme destaca Nathália, o ideal é a conversa dos pais ou cuidadores com o filho. “Os pais devem conversar com a criança a respeito do seu crescimento e sobre a importância do abandono da chupeta”, diz.

“Eles podem permitir o uso da chupeta em momentos específicos do dia, como antes de dormir ou durante episódios de doença.”, acrescenta a pediatra.

Entre tanta polêmica, ter consciência sobre os malefícios da chupeta é fundamental. Assim como entender quais são as vantagens do acessório, estar “aberta a novas alternativas” e tirar suas dúvidas com profissionais da sua confiança são as melhores orientações.

Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.