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O hábito de dar chupeta ao bebê é comum à maioria das famílias, especialmente com o intuito de acalmar a criança. Seja na hora de dormir, seja em momentos de dor ou propícios ao estresse como, por exemplo, na hora de colher sangue.
Porém, não é de hoje que ela causa polêmicas. Há quem defenda que todos os malefícios da chupeta não justificam o uso. Há os que apontam benefícios na utilização do acessório.
De toda forma, além dos prós e contras, para muitos pais, fica também a dúvida sobre como “substituir” a chupeta nos momentos em que é necessário acalmar o bebê. Confira abaixo os principais esclarecimentos sobre o assunto.
8 malefícios do uso da chupeta
Mas, por que, de formal geral, o uso de chupeta é contraindicado?
1. Pode prejudicar a amamentação
Nathália Sarkis, pediatra do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, e membro titular da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que o uso da chupeta está associado à menor duração do aleitamento materno. “Isto porque a língua do bebê se posiciona de forma diferente durante a amamentação se comparada à chupeta. Desta forma, pode causar uma confusão de bicos e dificultar a amamentação”, diz.
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“No entanto, cada caso deverá ser avaliado por uma equipe multidisciplinar, a fim de realizar ações preventivas quanto à exposição a bicos artificiais e intervenções precoces das alterações nos primeiros dias de amamentação”, acrescenta a pediatra.
2. Maior propensão a infecções de ouvido
Com o uso da chupeta, de acordo com Nathália, existe uma propensão maior de infecções do ouvido médio. “A chupeta proporciona uma migração de micro-organismos para o ouvido devido à falta de estímulo do músculo tensor do palato membranoso (principal responsável pela abertura da tuba auditiva e importante na prevenção das otites médias)”, explica.
3. Mais chances de infecções em geral
A chupeta cai no chão e muitas vezes não é higienizada corretamente… Com tudo isso, oferece riscos ao bebê.
Nathália destaca que as chupetas são consideradas potenciais reservatórios de infecção, podendo afetar o sistema imunológico. O uso de chupeta está associado, por exemplo, com maior incidência de casos de diarreia, aftas, candidíase oral, entre outros quadros.
4. Pode prejudicar os dentes da criança
Nathália explica que a chupeta pode provocar alterações anatômico-funcionais. “As alterações oclusais mais frequentes são mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior”, diz. Ela aumenta ainda o risco de cáries.
5. Pode provocar dificuldades na fala
O uso excessivo da chupeta pode levar a problemas de dentição e fala, especialmente se o uso se prolongar além dos três anos de idade.
Como o acessório costuma ficar muito tempo na boca da criança, pode causar mudanças estruturais, além de inibir a imitação de sons, o balbucio e a emissão de palavras em geral.
6. Pode influenciar a inteligência na vida adulta
Um estudo associou o uso de chupeta a um menor desempenho em testes de inteligência na vida adulta.
A hipótese, conforme comenta Nathália, seria a de que a criança que utiliza chupeta é menos solicitante por atenção (dos pais/cuidadores). Por esse motivo, acaba sendo menos estimulada.
7. Pode estimular alguns hábitos negativos
Nathália comenta que há evidências de que o uso prolongado da chupeta possa “ser substituído” ao longo da vida por hábitos negativos, como o de fumar, comer excessivamente ou por outros transtornos compulsivos.
8. Riscos provenientes do acessório
Existe a possibilidade de asfixia e estrangulamento causados por partes da chupeta que ocasionalmente se desprendam dela. Além do risco de machucados na boca ou no nariz caso a criança caia com a chupeta na boca.
Apesar dos malefícios da chupeta serem muito abordados atualmente, são raras as crianças que nunca a utilizaram em algum momento da infância. Isso se deve especialmente à visão da chupeta como algo “terapêutico” – que acalma – ter passado de geração em geração.
Diante de tanta polêmica, é ainda praticamente impossível falar sobre uma “idade ideal” para a retirada a chupeta. Mas, de forma geral, por volta dos dois ou três anos, a maioria das crianças começa a desapegar do acessório… Mas, claro, esta não é uma regra.
Existe algum benefício no uso da chupeta?
Mas, um hábito que vem passando de geração em geração certamente tem alguma vantagem. Confira abaixo quais são os principais benefícios atribuídos ao uso da chupeta.
Sensação de bem-estar
Nathália destaca que o movimento da sucção, proveniente do uso da chupeta, libera neurotransmissores que causam a sensação de bem-estar. “Esses efeitos positivos estão relacionados ao manejo da dor no recém-nascido e também à modulação do comportamento agitado do bebê”, explica.
Neste sentido, o uso da chupeta costuma ser benéfico também na hora de reduzir o estresse em bebês durante procedimentos dolorosos. Use-a quando precisar colher sangue, por exemplo.
Solução para casos especiais
A chupeta também pode ser indicada em casos especiais, por exemplo, para estimular a sucção em crianças portadoras de doenças neurológicas ou para antecipar o início da alimentação oral em bebês prematuros.
Proteção contra a morte súbita
Embora o assunto seja bastante controverso, há estudos que associam o uso da chupeta a um risco reduzido de morte súbita. Uma hipótese seria a de que a chupeta evita que a língua “caia para trás” durante o sono (o que causaria a asfixia e poderia levar à morte).
Em contrapartida, sabe-se que a amamentação reduz em 50% o risco de morte súbita em bebês. E, como o uso da chupeta é responsável pela menor duração do aleitamento materno, seu uso também pode ser visto como um fator agravante para casos de morte súbita.
Como deixar a chupeta de lado
Uma grande dúvida entre os pais é: o que posso usar no lugar da chupeta? E no caso das crianças que já usam o acessório, como fazer com que elas deixem a chupeta de lado?
- Recorra a outros objetos: Nathália sugere oferecer, por exemplo, chocalhos e mordedores.
- Mantenha o aleitamento materno: vale lembrar que o bebê tem uma necessidade fisiológica de sucção. A amamentação já oferece isso, ajudando a excluir o uso da chupeta.
- Dê carinho e atenção: tentar descobrir o motivo do choro, conversar com o bebê e fazê-lo “nanar”. Esses são elementos importantíssimos na hora de acalmar a criança.
- Recorra à música: músicas calmas e/ou atrativas podem ajudar a acalmar ou entreter o bebê. Estudos já mostraram, inclusive, que a música associada ao aleitamento materno tem efeitos calmantes.
No caso de crianças maiores e que já estão acostumadas à chupeta, conforme destaca Nathália, o ideal é a conversa dos pais ou cuidadores com o filho. “Os pais devem conversar com a criança a respeito do seu crescimento e sobre a importância do abandono da chupeta”, diz.
“Eles podem permitir o uso da chupeta em momentos específicos do dia, como antes de dormir ou durante episódios de doença.”, acrescenta a pediatra.
Entre tanta polêmica, ter consciência sobre os malefícios da chupeta é fundamental. Assim como entender quais são as vantagens do acessório, estar “aberta a novas alternativas” e tirar suas dúvidas com profissionais da sua confiança são as melhores orientações.
Tais Romanelli
Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.