Beijo grego: oráculo do sexo, portal do prazer

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Uma aventura dos deuses, a epopeia do sexo. De tempos em tempos, o beijo grego cai na boca do povo, vira assunto de bar e motivo de curiosidade. Entre a língua e o ânus, muito prazer, arrepios e orgasmos. A sexóloga e psicóloga do Dicas de Mulher esclarece dúvidas sobre essa prática sexual. Acompanhe!

O que é beijo grego?

Grécia antiga: o sexo está presente em rituais às divindades e na iniciação dos jovens à vida adulta. Somente homens podem participar. Os garotos (efebos) são entregues aos tutores (eratas) para serem educados e protegidos. Assim, a prática homossexual masculina (pederastia) é uma relação íntima, transmissão de conhecimento e estreitamento de laços entre as gerações.

Entretanto, seja atualmente ou há milhares de anos, no seco, dói demais. Como não havia lubrificante, os tutores gregos usavam a língua na região anal para facilitar a penetração. Por isso, séculos a frente, a prática sexual anilíngua, ou anilingus, ficou popularmente conhecida como beijo grego – outro termo muito usado é cunete.

Nas preliminares, lábios e língua exploram a região anal, que possui muitas terminações nervosas, ou seja, se bem feita, a prática tem tudo para te levar à loucura! A pergunta que fica é: quem pode praticar beijo grego? Fácil, todo mundo que tem c* – independentemente de gênero e orientação sexual – faz a festa nessa zona erógena.

Como fazer beijo grego?

“O ânus castrado é o armário do heterossexual” – Paul B. Preciado. Essa frase abre um leque de discussões importantes sobre sexualidade e machismo. Na Grécia antiga, a mulher era vista como um aparelho reprodutor e o sexo prazeroso estava restrito aos homens. Os tempos mudaram e as convenções sociais também. Não é de boa índole um homem dizer que fica excitado com o estímulo anal: para afirmar sua masculinidade, deve renunciar ao prazer dos ânus. Já esse orifício da mulher é o troféu do sexo. Um grande tabu.

A sexualidade não é rígida, muito menos definida por aquilo que você faz com a boca e outras partes do corpo. É preciso subverter a norma (sim, o ânus masculino é tão penetrável quanto o feminino!) para experimentar o prazer. Quer fazer beijo grego? Antes de tudo, converse com sua parceria, mostre essa matéria, fale sobre seus limites, preconceitos e inseguranças. Se os envolvidos concordarem, coloque as dicas abaixo em prática e prepare-se para ficar com o c* piscando.

Primeiros passos

Na trilha sonora do filme Tatuagem (2013), o DJ Dolores manda a letra: “tem cu que é dos outros e tem o cu da gente”. Uma consideração muito importante para quem deseja praticar beijo grego. Você só tem autonomia sobre o seu corpo, ou seja, para fazer qualquer coisa com o corpo do outro, precisa de consentimento, desde um beijo até uma relação sexual.

O beijo grego deve ser prazeroso para todos os envolvidos. Comunique-se! Se alguém se sentir desconfortável durante a prática, tudo bem parar. Observe os sinais, percorra a área do períneo com a mão, em seguida, com a língua, se a pessoa enrijecer o corpo, pare, tente outras preliminares e vá quebrando os preconceitos aos poucos.

Higienização

Presente grego não paga uma noite de prazer. Para evitar surpresas desconfortáveis, a região anal de quem receberá o beijo deve estar bem higienizada. A sugestão é: lave o períneo com bastante água e sabão para não deixar resquícios de fezes. A chuca também é uma opção, porém a técnica não pode ser feita com frequência e precisa de cuidados específicos. Uma boa lavagem é o suficiente.

A depilação íntima é uma decisão pessoal. Sinta-se livre para manter os pelos como preferir. No entanto, as sujeiras acumulam com mais facilidade nos pelinhos, então, a limpeza deve ser muito cuidadosa. Na dúvida, sugira um banho antes do bem bom – nesse caso, as preliminares podem começar no chuveiro.

Quando devo fazer e quando não?

Chega no ouvido do seu xuxu e fala: “quer fugir da rotina?” ou “o que você acha de um beijo grego?” Seja como uma preliminar para o sexo anal ou não, se o casal estiver de acordo, pode fazer beijo grego quando quiser, quantas vezes aguentar! Porém, existem contraindicações. A prática não deve ser realizada caso a pessoa que vai beijar esteja com a boca lesionada ou com cáries, pois há riscos de transmitir Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s).

Se você não está em uma relação estável ou não confia 100% em sua parceria, também dispense o beijo grego. Não está confortável com a situação? Não se force. Já experimentou essa prática e não gostou? Ninguém é obrigada. Explore sua sexualidade e descubra o que te deixa com tesão.

Melhores posições sexuais

Dica quentíssima da sexológa: há várias posições sexuais para fazer o beijo grego. Uma delas é a 69 – o casal troca carícias mútuas. Outras opções eficientes são: a pessoa fica de quatro e recebe estímulos na região anal; ou deita com as pernas abertas para cima. Se não estiver confortável para ambos, troque de posição, teste várias, pois não existe uma regra.

Que tal na banheira? Sair do quarto é bom para quebrar a rotina. Dentro do possível, explore os cômodos da casa, marque um motel e fuja do convencional. Já ouviu falar em camisinha de língua? Apesar de não fornecer proteção eficiente contra ISTs, uma vez que só envolve a língua, deixando a cavidade oral exposta, é um ótimo estimulante sexual, pois possui opções com sabores e texturas.

Por que fazer beijo grego?

Fomos criadas para reprimir a sexualidade. Aprendemos que o ânus é uma região suja. A zona proibida. A mulher até pode dar o seu, porém, na sarjeta, escondidinha, para o prazer de seu marido. Se fala abertamente sobre o assunto, é puta. Para o homem, uma espécie de “precioso” da masculinidade. Uma visão retrógada, machista e, sinceramente, amargurada. Sem preconceitos, com o beijo grego, você:

Experimente diferentes tipos de carícias: lambidas, para cima, para baixo, em movimentos circulares… e vai sentindo as reações de sua parceria. Combine o beijo grego com o estímulo do clitóris, vibradores e carinhos mútuos. Faça sexo com o corpo todo.

Cuidados

Relaxa e goza! Porém, não dá para ir “caindo de cara” sem conhecer o território. O beijo grego, assim como toda prática sexual, pede cuidados e prevenções. Para aproveitar sem neuras, não abra mão da higiene. Você conhece e confia suficientemente em sua parceria? Converse sobre o assunto, desmitifique o nojo do ânus, que também é um órgão sexual.

Beijo grego e sexo oral: cada orifício tem suas bactérias e não é interessante misturá-las, evitando, assim, a transmissão de infecções. Enquanto faz o beijo, você pode usar as mãos para estimular a vagina ou o pênis de sua parceria. Com todos os cuidados tomados, aproveite!

Vídeos sobre beijo grego

Você conversa sobre sexo com seus amigos? Você pensa sobre sexo no dia a dia? Não tem como refletir sobre um assunto sem entrar em contato com ele. Não há nada de vergonhoso em trocar experiências, ter dúvidas e aprender. Para começar, consuma conteúdos responsáveis e informativos. Abaixo, acompanhe uma seleção de vídeos sobre beijo grego:

Gel para beijo grego

Luana Lumertz fala sobre o gel Elétric Ice Beijo Grego: o produto promete uma reviravolta em sua vida sexual. A fórmula possui jambu, que provoca pequenos choques estimulantes. É unissex, beijável e fácil de usar. Assista ao vídeo e anote as dicas para deixar o seu beijo ainda mais gostoso.

Tête-à-tête sobre beijo grego

Wendy Palo, terapeuta sexual, conduz uma conversa íntima e informativa sobre beijo grego. Elas apresenta dicas que te ajudarão a abordar o assunto com seu parceiro, desmitificando os conceitos de masculinidade e prazer anal. Acompanhe!

3 tipos de beijo grego

Beijo grego com muito humor e simpatia! Tamires Tavares aborda o assunto com leveza e didática. Ela utiliza um objeto ilustrativo para mostrar com as mãos três tipos de beijo. O segredo está em sugar, lamber, enfiar a língua e muito mais. Aprimore sua prática!

Talvez o beijo grego seja o oráculo do sexo que a sua relação precisa: uma revelação de prazeres. Entretanto, para encontrar as respostas, é preciso consultá-lo. Sem vergonha, pratique! Também há outras formas de explorar o prazer anal, como o pegging, que decentraliza a excitação do falo.