Bem-estar

Parou de menstruar? Entenda as principais causas da amenorreia

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Atualizado em 13.09.23

Mulheres costumam ter uma relação de amor e ódio com a menstruação – é o que aponta uma pesquisa conduzida pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), em parceria com a Bayer e produzida pela Datafolha. De acordo com os dados, 45% das mulheres gostam de menstruar, enquanto 55% não são fãs dos desconfortos causados pelo sangramento mensal.

Uma coisa é certa: gostando ou não, todas elas ficam assustadas se a menstruação não der o “alô” mensal! Quando o atraso passa de três meses, há um nome técnico: amenorreia. Normalmente, ela sinaliza gravidez, porém nem sempre. Conversamos com a ginecologista Karen Rocha De Pauw, especialista em Reprodução Humana pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), para entender as causas, sintomas e tratamento da ausência menstrual.

O que é a amenorreia?

Como já explicamos, a amenorreia é a ausência de menstruação por três meses. O termo também é usado quando uma menina não teve sua menarca. Ela tem diversas causas e é um sintoma, ou seja, não é um quadro, por isso sua conduta varia muito conforme o motivo de seu surgimento (isto é, desaparecimento da menstruação).

Tipos de amenorreia

A amenorreia pode ser dividida em dois tipos:

  • Primária: quando a menina ou mulher nunca menstruou antes.
  • Secundária: quando a paciente costumava menstruar normal e regularmente, porém, por algum motivo, o sangue para de descer por mais de três meses.

É importante entender essa classificação para investigar as causas, que podem ser bastante variadas.

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Sintomas da amenorreia

Normalmente, a amenorreia não apresenta sinais, além da ausência menstrual, até porque ela já é um sintoma. Entretanto, pode vir acompanhada de dores e alterações corporais, conforme o problema de saúde que está causando tudo isso. Entre eles, estão:

  • Alterações no peso.
  • Surgimento de pelos no corpo.
  • Queda de cabelo.
  • Dores de cabeça.
  • Cólicas.
  • Inchaço abdominal.
  • Acne.
  • Alterações nos seios, como dores ou mudanças no volume.
  • Alterações vaginais, como redução da lubrificação.

Esses são os principais sintomas que ajudarão o médico a mapear as possíveis causas da ausência menstrual.

Causas da amenorreia

Infelizmente, são muitos os fatores que podem atrapalhar e interromper a menstruação. Lembrando que a mais comum e menos nociva é a gravidez planejada ou não. No entanto, se o teste de beta HCG

Síndrome dos Ovários Policísticos

A síndrome dos ovários policísticos é um quadro no qual os ovários param de ovular devido aos problemas de feedback hormonal. Quando não há ovulação, dificilmente haverá menstruação. Essa condição pode estar associada a resistência à insulina, entre outros pontos. Normalmente, o tratamento envolve mudança de hábitos, além do uso de medicamentos específicos, conforme orientação médica, incluindo pílulas anticoncepcionais.

Questões anatômicas no sistema reprodutor

Muitas vezes, a ovulação está ocorrendo, bem como o endométrio descamando, porém o sangue não é expelido – isso pode indicar uma estrutura vaginal incompleta. Além disso, “às vezes, você tem uma hipoplasia uterina ou uma malformação uterina, isto é, não tem a saída deste órgão, ou ele mesmo pode ser ausente: a paciente pode ter apenas ovários, mas não o útero em si”, explica Karen.

Ainda, é possível que haja um quadro impedindo a saída do sangue menstrual, como um tumor, um mioma ou outros problemas que causam alterações anatômicas na região.

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Menopausa precoce

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Quando a amenorreia avança por um ano e os testes mostram redução de hormônios femininos, como a progesterona, pode ser que a menopausa tenha chegado. Isso tanto em mulheres acima de 50 anos quanto em mais jovens, na chamada menopausa precoce. Não há uma causa definida para esse quadro, mas estima-se que ele acometa aproximadamente 150 mil mulheres ao ano no Brasil.

Problemas na tireoide e outras questões hormonais

A ovulação e todas as alterações que compõem o ciclo menstrual ocorrem devido aos chamados feedbacks hormonais, ou seja, a interação entre as glândulas do corpo. No caso, a hipófise (considerada a maestra do corpo) produz hormônios que estimulam a produção de outros pelos ovários, desencadeando a liberação de folículos e, até mesmo, a receptividade do útero para os espermatozoides. Quando há algo errado nesses ciclos de resposta, a ovulação é afetada. Isso também ocorre quando a tireoide está desregulada, mesmo sem ela ter ligação direta com o ciclo menstrual.

Outro ponto é a influência do excesso de gordura corporal. Esse tecido adiposo pode produzir hormônios que influenciam na menstruação, causando, inclusive, sua ausência.

Baixo percentual de gordura corporal

Estar abaixo do peso também pode desencadear a ausência menstrual. Isso porque precisamos de gordura para produção dos hormônios femininos, progesterona e estrogênio, responsáveis pelo equilíbrio do ciclo menstrual. “Quando a mulher começa a ter menos de 16% de gordura corporal, ela pode ter problemas menstruais e para engravidar”, explica Karen.

Estresse

O estresse é a resposta do nosso corpo às situações em que julgamos estar em perigo, e está relacionado à liberação do hormônio cortisol. Antigamente, a alta dessa substância só ocorria em situações pontuais, como perseguições por animais e situações de luta ou fuga de modo geral. Atualmente, os moldes do trabalho na sociedade neoliberal mantêm as pessoas expostas às situações de estresse por longos períodos, o que afeta o equilíbrio hormonal do organismo, incluindo o ciclo menstrual, e provoca amenorreia em algumas mulheres.

A amenorreia é desencadeada por várias questões sérias que pedem a busca de ajuda médica. Como alerta a ginecologista, “ter um ou 2 meses de atraso menstrual, às vezes, acontece na vida de todo mundo, porém mais do que isso pede observação de um especialista”.

Dúvidas frequentes sobre a amenorreia

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Como já dissemos, a menstruação é um assunto sensível, já que diz muito sobre a saúde da mulher. Por isso, sua ausência por tanto tempo, como ocorre na amenorreia, é assustadora e gera dúvidas. Reunimos as principais a seguir:

1. A amenorreia é grave?

Não necessariamente, tudo depende da causa. “Em toda amenorreia, é preciso entender a causa para saber se o problema é grave. É muito difícil ser algo que pode levar a paciente ao óbito, porém, às vezes, você tem um câncer no colo do útero que tampa a saída de sangue, ou seja, uma situação grave mas não por causa da amenorreia e, sim, pelo câncer”, explica Karen.

2. Amenorreia incha a barriga?

Em alguns casos, quando a ovulação acontece, mas não é eliminada pela vagina, o inchaço abdominal pode aparecer. De acordo com Karen, “principalmente nas amenorreias primárias em que a barriga fica bem inchada e bem dolorida, com muita cólica”.

3. Quem tem amenorreia não consegue engravidar?

Se a amenorreia estiver relacionada à ausência de ovulação, certamente a dificuldade para engravidar estará presente, já que não há óvulo a ser fecundado. Mesmo quando há problemas anatômicos, se eles impedirem a chegada do espermatozoide ao óvulo, também será difícil ter um bebê.

Prevenção

Como as causas da amenorreia são múltiplas e dependem de vários fatores, é difícil bater um martelo na prevenção ativa desse sintoma. No entanto, um estilo de vida saudável é sempre benéfico: “se você come bem, dorme bem, faz exercício, está com seus exames em dia, a tendência é você não ter amenorreia”, ensina a ginecologista.

Tratamento para amenorreia

O tratamento para a amenorreia vai depender muito da causa do problema. Questões hormonais têm tratamentos hormonais relacionados ao uso de medicações e mudanças de estilo de vida, enquanto questões anatômicas podem envolver cirurgias. Algumas causas, como a menopausa precoce, por exemplo, não têm tratamento. Portanto, a abordagem médica é muito relativa.

Existem muitas causas e doenças que alteram o ciclo menstrual feminino. Assim, caso esteja com a menstruação irregular, seja a ausência há mais de três meses ou sangramento em entervalos curtos, é importante conversar com um especialista.

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.