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Fetiches costumam apimentar as relações sexuais por mexerem com a imaginação. Mas, o que acontece quando esse desejo põe em risco a sua intimidade e a intimidade do outro? Nesta matéria, você conhece o voyeurismo, prática que promove prazer por meio da observação e que, assim como qualquer outro ato sexual, exige consentimento.
O que é voyeurismo?
“Voyeurismo é um fetiche em que se chega à excitação ao observar outras pessoas em situações íntimas. Pode ser o ato sexual em si, mas também inclui outras situações como trocar de roupa”, explica a sexóloga Nathalie Raibolt.
Em geral, o voyeur é retratado no audiovisual e na literatura como aquele que espia, muitas vezes escondido, sem consentimento. Entretanto, Nathalie explica que, no mundo real, a prática sem autorização é ilegal.
“Muitos praticantes são autorizados a observar, uma vez que pode não ser simples pegar alguém desprevenido. A depender do que ele deseja assistir, é quase impossível”, conta a profissional. Por isso, é comum que os fetichistas, como os chama a sexóloga, procurem pessoas afins e marquem encontros para praticar.
Neste ponto, a internet facilitou a prática. “Sem dúvida a internet facilita não só o voyeurismo, mas todos os fetiches. É comum, por exemplo, que um fetiche cause angústia em quem deseja praticar pela crença de que ele é a única pessoa no mundo com esse desejo. A internet naturalizou muitos fetiches e permitiu que os praticantes trocassem informações e formassem grupos de interesse. Dentro de um grupo de mesmo interesse, a chance de o sexo ser praticado com consentimento é maior”, diz a profissional.
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Portanto, para praticar é preciso, sim, de autorização. “Consideramos o consentimento o pilar de uma prática sexual saudável”, afirma. Ao ignorar essa permissão, o praticante do voyeurismo pode acabar cometendo um crime, pois viola a privacidade do outro, contam Nathalie e a advogada criminalista Juliana Abreu.
Características do voyeurismo
Você sabe como reconhecer um voyeur? Nathalie Raibolt aponta três características predominantes desse fetiche. São elas:
- O voyeur não participa do ato sexual ou da situação de intimidade, seu prazer vem apenas da observação do outro;
- Sua presença passa despercebida no ambiente;
- O voyeur prioriza ter tempo para observar.
5 dúvidas respondidas por especialistas

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Está considerando praticar o voyeurismo? A Nathalie e a advogada criminalista Juliana Abreu explicam tudo o que você precisa saber sobre o fetiche e como se proteger no processo. Confira!
Há ambientes específicos para a prática do voyeurismo?
De acordo com a sexóloga, algumas casas de swing têm ambientes projetados para o voyeurismo. Essa pode ser uma alternativa para aqueles que não podem ou não querem fazer em sua própria casa. Há também plataformas online, como a Sento Mesmo.
Quando a prática do voyeurismo se torna um problema?
“O problema de qualquer fetiche é quando não é possível alcançar o prazer de nenhuma outra forma, quando gera uma rigidez da prática sexual”, alerta a sexóloga. O fetiche é só um dos meios de obter prazer, não o único.
O voyeurismo é crime no Brasil?
Segundo Juliana, a prática em si não é crime. Entretanto, algumas situações decorrentes da falta de consentimento e conhecimento do outro podem, sim, configurar crimes. “Registrar, por foto ou vídeo, a prática de qualquer ato sexual sem prévia autorização de alguma pessoa envolvida no ato se configura como crime previsto no art. 216-B do Código Penal. E compartilhar esse conteúdo sem autorização, seja vendendo, oferecendo ou simplesmente compartilhando gratuitamente, configura o crime do art. 218-C do Código Penal. Ainda, quem repassa esse conteúdo também está cometendo esse crime”, alerta a profissional.
Pode ser considerado um tipo de assédio?
Não. Juliana explica que, no direito, assédio possui outra definição: “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”.
Quais os cuidados que se deve ter na internet?
“Cuidado com a violação de privacidade e com as situações de risco quando o fetiche sai da internet para a vida real, com aproveitadores. O risco para quem assiste, na verdade, é menor do que para quem se expõe – o que caracteriza outro fetiche: o exibicionismo”, alerta Nathalie.
Quem mais sofre com o voyeurismo não consentido? Como denunciar?
“Definitivamente o gênero feminino se torna vítima do voyeurismo criminoso, vamos chamar assim, com muito mais frequência. A objetificação do feminino e da mulher e a supremacia do machismo e do patriarcado, que culminam na cultura do estupro, são as raízes dessa celeuma que vitimiza tantas pessoas do gênero feminino”, afirma a advogada. Para iniciar uma investigação, basta levar à delegacia qualquer tipo de prova que tenha acesso como prints, mensagens em aplicativos e imagens.
Em situação da prática pela internet, Juliana aconselha também aconselha a abrir um boletim de ocorrência. “Se possuir os dados da pessoa que vazou o material já pode entregar para a polícia. Se não possuir, será necessária uma investigação técnica até chegar ao verdadeiro culpado e a todas as pessoas que repassaram o material”, afirma.
Cada pessoa tem um fetiche e formas de sentir prazer na cama, se houver consentimento, tudo é liberado! Uma dica para explorar mais sua sexualidade é usar e abusar de jogos eróticos, eles podem ajudar a trazer novidade ao sexo.

Fernanda Paixão
Comunicadora, voluntária e empreendedora. Apaixonada por moda, leitura e horóscopos. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela PUC-Rio, com domínio adicional em empreendedorismo.