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Fetiche: entenda o que é e saiba se ele pode ser um problema

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Atualizado em 22.12.22
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Fetiche é um assunto que sempre desperta muita curiosidade. Mas você sabe o que é, de fato, considerado um fetiche? É a mesma coisa que fantasia sexual? É normal? Continue lendo a matéria e tenha essas e outras questões respondidas.

O que é fetiche?

Segundo a psicóloga Raelly Beatriz Gomes Benetti (CRP 08/31139), a palavra fetiche deriva de “fétiche” (“feitiço” em francês), que dá o sentido de enfeitiçar, encantar-se por algo. “Do ponto de vista psicológico, o fetiche é uma atração erótica por algum objeto, parte do corpo, funções fisiológicas, cenários etc., de modo que a obtenção do prazer sexual ocorre por meio desses”, explica a psicóloga.

O fetiche é diferente da fantasia sexual, que, por sua vez, se caracteriza como “vontades, ideias ou imagens mentais que mobilizam o desejo sexual, podendo ou não ser posta em prática na realidade”, comenta Raelly. Em resumo, o fetiche é o meio pelo qual uma pessoa obtém satisfação sexual e chega ao orgasmo, por exemplo, o beijo do arco íris. Já as fantasias são possibilidades de experimentação no sexo.

10 tipos de fetiche

Aos olhos de quem não os pratica, podem parecer estranhos. Mas, se há consentimento e prazer envolvido, não tem por que existir preconceito. São muitos os fetiches existentes, mas aqui listamos os principais. Confira!

1. Podolatria

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Podolatria é o fetiche por pés. É um dos mais comuns e acontece quando alguém gosta de cheirar, lamber, beijar ou acariciar os pés do parceiro ou parceira durante o sexo. Também existe a altocalcifilia, o fetiche por salto alto. Em alguns casos de podolatria, as pessoas sentem atração quando o parceiro ou parceira caminha em seu corpo – utilizando o salto alto ou não.

2. Voyeurismo

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É um fetiche no qual se excita assistindo ao ato sexual ou observando corpos nus. Esse fetiche geralmente não envolve o ato sexual, e o voyeur sente prazer apenas em observar ou se tocar enquanto observa. Quando existe consentimento entre as partes envolvidas, não existe nenhum problema com esse fetiche.

3. Exibicionismo

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Ao contrário do voyeur, o exibicionista sente prazer em se exibir. Pode ser durante o ato sexual, a masturbação ou também ser observado(a) nu(a). Também é um fetiche que não apresenta nenhum problema caso tenha consentimento entre as partes; caso contrário, é considerado um crime.

4. Sadomasoquismo

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O sadomasoquismo faz parte do universo BDSM. Geralmente envolve duas pessoas, uma que cumpre o papel de dominadora e a outra de submissa. O prazer vem pela dor, seja por quem a proporciona ou por quem a recebe. Algumas relações BDSM possuem bem nítidos os papéis de quem é a parte dominadora e quem é a parte submissa da relação; em outras, ambas as partes são um pouco de cada.

Ao contrário do que muita gente pode pensar, as relações que envolvem o BDSM são muito bem acordadas entre as partes. O uso de uma palavra de segurança durante o ato ou cena garante a integridade física e emocional da pessoa submissa.

5. Látex

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Muitas pessoas sentem um imenso prazer ao usar ou observar alguém usando roupas de látex, PVC, couro, vinil, borracha ou outros materiais brilhantes e justos. Até mesmo o cheiro desses materiais pode despertar o prazer nas pessoas com esse fetiche.

6. Bondage

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Bondage é restringir, prender ou amarrar consensualmente o parceiro ou parceira. Podem ser utilizadas cordas, algemas, vendas, coleiras, mordaças, entre outros objetos. Dentro da bondage, existe o shibari – o método japonês de amarração com cordas. A bondage pode ter fins sensoriais, sexuais ou apenas estéticos.

7. Dominação e submissão

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Também faz parte do BDSM e caracteriza as pessoas que sentem prazer em dominar ou serem dominadas. Dentro do universo BDSM, utiliza-se o termo “top” para dominadores, “bottom” para submissos e “switch” para quem ocupa as duas posições. Nem sempre a dominação e a submissão são na atividade sexual ou apenas nela. Tudo depende do que é acordado entre as partes envolvidas na relação.

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8. Pet play

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O pet play é quando acontece uma encenação em que pelo menos uma das partes age com características animais. Pode envolver adereços como orelhas, roupas, coleiras, plug em formato de cauda, entre outros. Geralmente a prática se estende para além do sexo – a pessoa desenvolve uma persona animalesca.

Na encenação, é comum a relação de dominação e submissão, em que uma das partes desempenha o dono e o outro é o bichinho de estimação. Normalmente os animais encenados são cachorros, gatos, pôneis, entre outros. O pet não fala durante as cenas, mas pode latir, miar, entre outros gestos.

9. Claustrofilia

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É o prazer em estar em um pequeno espaço. Pode ser um pequeno cômodo ou um local escondido. É o desejo pelo confinamento. O espaço também pode ser uma jaula ou gaiola.

10. Odaxelagnia

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É o fetiche em morder e/ou ser mordido(a). Durante o ato sexual, é comum que ocorram mordidas, mas, para as pessoas que possuem esse fetiche, é um ato mais intenso. O fetiche pode vir acompanhado pelo prazer em morder uma parte específica do corpo ou em receber a mordida.

Não existe nada de ruim ou errado nos fetiches quando existe consentimento entre todas as partes envolvidas. Mesmo em práticas consideradas extremas ou que causam estranhamento aos desconhecidos, quando há o consentimento e a troca de prazer, está tudo certo!

O fetiche pode ser um problema?

Raelly esclarece que ter um fetiche não caracteriza um problema, mas existem observações e reflexões sobre o assunto que devem ser feitas. “Entende-se que, se a relação sexual ocorre entre duas pessoas adultas, em condições de consentir, que seja prazerosa e ocorra em um ambiente privado, onde participam do ato somente aqueles que desejaram estar ali, independente da prática que se adota, é uma relação sexual saudável”, explica a psicóloga.

O fetiche pode se tornar um problema quando é a única forma de obtenção de prazer e é desligado de uma relação consentida, sendo imposto ao parceiro ou parceira, causando desconforto e/ou constrangimento.

Além disso, Raelly comenta que alguns fetiches podem oferecer riscos para quem pratica. “Alguns atos sadomasoquistas, como satisfação por sangramentos, podem oferecer riscos. Nesses casos, além do consentimento, é importante tomar todos os cuidados para que a prática não cause nenhum mal estar posterior ou cause prejuízos em outros âmbitos da vida do sujeito”, salienta.

Portanto, antes de realizar um fetiche, tenha plena convicção do que se deseja e esteja de acordo com todas as partes envolvidas. Se necessário, escolha uma palavra de segurança, a qual poderá ser dita em qualquer momento em que sentir que os limites foram ultrapassados. Com ou sem fetiche, o ato sexual precisa de prazer e consentimento.

O que fazer quando o fetiche se torna um problema?

Raelly afirma que, enquanto realizar fetiches é algo prazeroso para algumas pessoas, para outras, pode gerar algum tipo de conflito. “Se o sujeito não se sente confortável com os desejos que possui, em decorrência de timidez ou por tratar o sexo como um tabu, orienta-se que a pessoa procure mais sobre o assunto e converse com o parceiro ou parceira para experimentarem, aos poucos, essas novas práticas”, orienta a psicóloga.

Se a prática do fetiche tem gerado algum tipo de angústia ou sofrimento, se é a única forma de obtenção de prazer ou se tem provocado prejuízos na autoestima, na saúde ou nos relacionamentos da pessoa, Raelly orienta que procure um profissional da área da saúde mental e inicie um processo de psicoterapia.

É preciso compreender os impactos dessas vivências na vida para poder lidar melhor com as angústias que delas decorrem. E isso é possível a partir do tratamento psicoterapêutico.

Vídeos e relatos sobre o fetiche

Relatos sobre fetiches são importantes para que você entenda que é algo comum e que quase todo mundo tem. Por isso, veja os vídeos a seguir e entenda mais sobre o assunto.

Fetiche em encenar animais

O pet play é um fetiche muito mais estético do que sexual. Por ser bem leve, é uma prática comum para quem está iniciando no BDSM. Assista ao vídeo para entender melhor o que é esse fetiche.

O que é e variações da podolatria

Aqui, a youtuber explica o que é podolatria e comenta como esse fetiche se manifesta de formas variadas. Assista ao vídeo para saber mais detalhes sobre a prática!

Desmistificando a prática de BDSM

Nesse vídeo, a sexóloga Cátia Damasceno esclarece alguns mitos que envolvem a prática de BDSM. Se você é leiga e se interessa em conhecer mais sobre esse universo, acompanhe todas as dicas!

Ter fetiche é normal?

Quem tem algum fetiche ou mesmo quem não tem pode estar se perguntar se ter fetiche é normal. No vídeo, são apresentados alguns fetiches e a youtuber responde se ter fetiche é algo normal.

Não restam dúvidas de que ter fetiche é algo completamente normal quando existe o consentimento entre as partes envolvidas. Confira também como gozar sozinha e aprenda a dar prazer a si mesma!

Comunicóloga em multimeios e mestra em Ciências Sociais. Sagitariana com ascendente em aquário, aventureira e em constante expansão. Vegana, ama cores quentes, dias frios e só usa cintura alta.