Bem-estar

Masturbação feminina: um método prazeroso de autodescoberta

Pri Barbosa

Atualizado em 24.06.22
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A sexualidade é um aspecto muito importante da vida da maioria das pessoas. Mas enquanto os homens têm liberdade de explorá-la, as mulheres têm a sua sexualidade reprimida e reduzida a um instrumento para o prazer masculino. É por isso que temas como a masturbação feminina ainda são considerados tabu.

Conversamos sobre isso com a psicóloga Carmen Silvia Costa Elias Fernandes (CRP06/37259-8), Mestre em Psicologia e Saúde e Supervisora de Aprimoramento em Psicologia da Saúde. Ela nos ajudou a entender as questões em torno do autoconhecimento sexual das mulheres e os benefícios da masturbação feminina.

Por que você deve superar o tabu e se masturbar

Explorar o seu corpo é uma prática que traz inúmeros benefícios à saúde. Entretanto, sempre que mencionamos a masturbação feminina somos recebidas com olhares contrariados. Segundo a psicóloga Carmen Fernandes, os tabus são práticas interpretadas pela sociedade como sujas, erradas e ruins. Portanto, ao serem realizadas, despertam um sentimento de culpa no indivíduo.

A quebra do tabu em torno da masturbação feminina é cada dia mais urgente, pois ela traz benefícios não só para a saúde física, mas também mental e, obviamente, sexual. A masturbação é um exercício de autoconhecimento e deve acontecer de forma natural, criando uma intimidade entre a mulher e seu corpo e fazendo-a entender seus limites e necessidades.

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O vídeo do canal Hysteria fala sobre a importância sócio-histórica da masturbação feminina e da exploração da nossa própria sexualidade. A terapeuta tântrica Carol Teixeira incentiva as mulheres a tentarem superar os limites que nós mesmas impomos durante esse exercício de intimidade.

Além de fortalecer o vínculo entre a mulher e seu corpo, a masturbação ajuda a aliviar o estresse: durante o orgasmo, o cérebro libera hormônios que promovem a sensação de bem-estar. Ela pode ser ainda uma grande aliada contra a insônia e outros problemas decorrentes do estresse. E tem mais: os movimentos pélvicos realizados durante a masturbação ajudam a fortalecer os músculos do assoalho pélvico, contribuindo para a prevenção da incontinência urinária e aliviando as cólicas menstruais.

Para Carmen Fernandes, a sexualidade feminina vem migrando de uma lógica de pecado e repressão para liberação e prazer, proporcionando a elas maior liberdade sexual. Isso torna a vida sexual mais plena e prazerosa, pois quando a mulher conhece suas zonas erógenas e sabe como alcançar o orgasmo (ou orgasmos múltiplos), até a relação sexual com outra pessoa se torna mais satisfatória.

Guia prático da mina: passo a passo para começar

Preste muita atenção na higiene das suas mãos antes de se tocar. Unhas compridas podem machucar o canal vaginal, o que aumenta as chances da proliferação de bactérias e da ocorrência de uma infecção. Brinquedos sexuais devem ser higienizados após o uso e armazenados em local apropriado, além disso, não devem ser compartilhados.

1. Liberte-se!

O primeiro passo é se libertar da mentalidade de que mulher não deve se tocar. Tome posse do seu corpo e se livre de paradigmas sobre como uma mulher pode sentir prazer.

2. Conheça seu corpo

Você sabia que o clitóris tem mais de oito mil terminações nervosas? Pois é! É difícil não sentir prazer ao se tocar num local tão sensível. Ele fica embaixo de uma pele, bem no topo dos pequenos lábios e logo acima da uretra. Na verdade, apenas a parte aparente dele fica ali, porque o clitóris em sua totalidade é bem maior. Quando estamos excitadas, o fluxo sanguíneo na região aumenta e ele fica mais proeminente.

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3. Descubra suas zonas erógenas

O estímulo do clitóris costuma ser o mais prazeroso para a maioria das mulheres, mas isso não é regra. Portanto, explore seu corpo e descubra suas zonas erógenas! Algumas dicas de quais podem ser: orelhas, seios, parte interna das coxas, a região do ventre abaixo do umbigo, pescoço, nuca, bumbum e sua mente. Se ela for estimulada, já temos meio caminho andado.

4. Lubrifique-se

A lubrificação é essencial para facilitar o contato com as regiões íntimas. Você pode usar um lubrificante próprio para uso íntimo, sua própria saliva, ou, se você já estiver bastante excitada, o lubrificante natural produzido pelo seu corpo. Se você não se sentir confortável com o contato direto, tente se tocar por cima da calcinha.

5. Movimente-se

Uma boa dica é fazer movimentos circulares no clitóris, usando principalmente os dedos médio e indicador. A sensibilidade pode variar dependendo da região, tente descobrir onde te agrada mais. Movimentos em formato de oito e zig-zag também costumam ser muito prazerosos. Algumas mulheres também gostam da sensação de leves batidinhas.

Não ignore os pequenos e grandes lábios – e nenhuma outra região do seu corpo. Se quiser experimentar brinquedos sexuais ou introduzir os dedos, pode fazer movimentos de “entra e sai” e o movimento em que dobramos levemente os dedos dentro do canal vaginal. Dizem que ele estimula o Ponto G e, apesar de haver uma certa divergência sobre o assunto, não custa tentar.

5 dicas para sentir (MUITO) prazer sozinha

Muitas mulheres têm dificuldade de chegar ao orgasmo durante a relação sexual. Isso acontece pela falta de conhecimento que muitas têm sobre o seu próprio prazer e como gostam de ser tocadas. As mulheres que se masturbam têm mais facilidade em direcionar o parceiro ou parceira naquilo que gostam – além de saberem chegar ao orgasmo sozinhas.

  1. Crie o ambiente perfeito: busque um lugar privado onde você sabe que não será interrompida. Se gostar, procure uma playlist sensual para ir entrando no clima.
  2. Crie seu momento: agora não é hora de pensar em nada além de você mesma, seu corpo e seu prazer. Pode ir colocando o celular no silencioso, viu?
  3. Seduza-se: pode parecer estranho no começo, mas pense que está na companhia de outra pessoa e tente usar dos mais diversos artifícios para sentir por si mesma o mesmo desejo que quer que os outros sintam por você.
  4. Excite-se: se nada disso funcionar, você pode procurar conteúdos eróticos para ler, por exemplo. Depois, comece o toque em várias regiões do seu corpo, buscando o que te excita de verdade.
  5. Sem pressão: a masturbação é muito mais sobre o caminho percorrido do que sobre alcançar um orgasmo. Aproveite o momento e, se não chegar no orgasmo dessa vez, tudo bem. Mas se chegar, lembre-se que você pode ter mais de um!
  6. O prazer de um orgasmo pode ser uma sensação bem forte. Isso acaba assustando algumas mulheres, mas saiba que é normal. Quando sentir que está pronta, busque mais informações e apimente a relação com o seu próprio corpo. Você é absolutamente capaz de sentir prazer sozinha!

Dos assuntos cotidianos, como moda, beleza e saúde, às causas feministas, estamos juntas em todas as buscas da sua jornada!