Bem-estar

Retenção de líquido: como identificar e quando procurar ajuda médica

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Atualizado em 30.03.23

Pernas inchadas ao fim do dia, com marcas das meias ou sapatos na pele. Não são raras as pessoas que sentem esse sintoma característico da retenção de líquido. Porém, o que muita gente não sabe é quais são as causas, e nem que a retenção pode estar associada a problemas de saúde mais sérios, como hipotireoidismo, insuficiência cardíaca, influência renal e problemas circulatórios.

Saiba abaixo o que é exatamente a retenção de líquido, em quais situações ela pode aparecer, quais são seus sinais e quando é necessário buscar ajuda médica.

O que é retenção de líquido?

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Larissa Garcia Gomes, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), CRM SP-102980, explica que a retenção de líquido é o aumento da reabsorção de água e sal pelos rins, levando ao aumento de volume sanguíneo circulante, que pode extravasar para os tecidos do corpo causando o inchaço. São várias as causas: desde uma alimentação inadequada até um quadro de insuficiência cardíaca ou problemas circulatórios.

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A retenção de líquido na gravidez também é uma queixa comum. “O estradiol, hormônio que aumenta bastante durante a gestação, leva a mudanças hormonais adaptativas que culminam no aumento da retenção de sal e água. Do ponto de vista fisiológico, esse aumento de volume sanguíneo circulante é importante para nutrir a placenta e o feto, porém, pode dar sintomas de inchaço”, explica Larissa.

Pode ainda haver retenção de liquido no pós-parto. “Durante a gravidez, a mulher aumenta o volume sanguíneo circulante e esse volume pode ser perdido gradativamente e de forma variável no período pós-parto. A retenção de líquido no pós-parto é mais comum nas pacientes que são submetidas ao parto cesárea, em que é administrado soro fisiológico. Isso porque o soro tem uma concentração de sódio que pode promover a retenção de líquido, porém, essa retenção é temporária”, esclarece a endocrinologista.

A retenção de líquido com anticoncepcional oral (ACO), destaca Larissa, era mais comum nas formulações antigas que tinham doses altas de etinil-estradiol, estrogênio sintético presente na maioria das preparações. “As baixas doses atuais de etinil-estradiol ou estradiol, e o uso de progesterona com características de prevenção da retenção de líquido, têm diminuído consideravelmente esse achado na prática clínica”, explica.

A retenção de líquido com remédio também pode ocorrer e depende muito da medicação que se está usando. Mas, de forma geral, o mecanismo final é o aumento de retenção de líquidos pelos rins. Os principais medicamentos associados à retenção são anti-hipertensivos (anlodipina), glicocorticoide (derivados dos cortisol), estrogênios.

Como identificar a retenção de líquido?

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Alguns sinais são bem característicos da retenção de líquido no corpo:

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  • Presença de edema ou inchaço dos tecidos sob a pele, principalmente em braços e pernas;
  • Marcas de meias e/ou sapatos na pele especialmente no fim do dia;
  • Ao apertar a região da suspeita de edema, forma-se uma depressão;
  • Pele fina e brilhante na região edemaciada/inchada;
  • Ao apertar de forma contínua a região do tornozelo inferior, observa-se um “afundamento” que demora a voltar ao normal (edema);
  • Pálpebras e/ou rosto inchados;
  • Aumento de peso não relacionado ao aumento da ingestão calórica e/ou à redução de atividade física.

Em alguns casos, o inchaço pode ainda vir acompanhado de sensação de falta de ar ou fadiga.

Como eliminar o inchaço da retenção de líquido?

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Larissa destaca que é essencial identificar a causa do inchaço para tratar adequadamente cada caso. Mas algumas dicas gerais são:

1. Elevar os membros inferiores

Larissa orienta elevar os membros inferiores durante o dia para melhorar o retorno do sangue. Isso ajudará a evitar a retenção de líquido nas pernas. Faça isso em pequenas pausas no trabalho, se possível, ou ao fim do dia, quando chegar em casa.

2. Evitar alimentos industrializados

A endocrinologista destaca que, se a retenção for abusiva, é importante diminuir os alimentos ricos em sódio. E isso implica em reduzir principalmente o consumo de alimentos industrializados, tais como bolachas e refrigerantes, enlatados em geral, embutidos, shoyu, molhos prontos, entre outros.

3. Reduzir o sal

Diminuir o sal utilizado no preparo dos alimentos também pode ajudar a evitar a retenção de líquido no corpo. Boas dicas para isso são: usar mais temperos naturais, ter sempre uma medida específica de sal no preparo dos alimentos para evitar o famoso “sal a olho” e não adicionar sal a pratos que já levem queijos, azeitonas (ingredientes que normalmente já são salgados).

4. Apostar na drenagem linfática

Larissa destaca que a realização de drenagem linfática ajuda a diminuir o edema de membros. Ela trabalha movimentos específicos e suaves que estimulam o sistema linfático a trabalhar de forma mais acelerada, movendo assim os fluidos pelo corpo de forma mais eficaz.

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5. Consuma água

Dê sempre preferência à água para se hidratar. Se não costuma tomá-la ao longo do dia, crie o hábito de ter ao seu lado uma garrafinha. Isso vale para a mesa de trabalho, para os momentos em que está em casa e até no carro.

6. Pratique atividade física

Evite o sedentarismo praticando atividade física regularmente. Escolha uma atividade física que te dê prazer, pois esse é o segredo para manter-se motivada com a prática. Pode ser caminhada, corrida, dança, musculação… O importante é ver a atividade como algo prazeroso, que te proporcione mais saúde e bem-estar.

7. Tenha uma alimentação saudável

Além de evitar industrializados e embutidos, é importante consumir com regularidade cerais integrais (que são fontes de fibras), frutas (especialmente melancia e abacaxi), legumes e verduras (rúcula, pepino, alface, abobrinha, chuchu).

8. Aposte em chás

Embora a água não deva ser substituída, os chás também podem ser aliados na hora de evitar a retenção de líquido, pois a maioria deles possui efeito diurético. Boas sugestões são hibisco, cavalinha e chá verde. Mas vale lembrar que os chás devem ser consumidos sem adoçar. Caso contrário, podem levar ao ganho de peso e até aumentar a retenção.

Essas medidas são simples e importantes, porém, não devem inibir a busca por um médico quando os sinais da retenção de líquido se mostrarem persistentes.

Quando procurar um médico para tratar a retenção de líquido?

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Segundo a especialista, a retenção de líquido pode ser um sinal clínico de alguma doença subjacente, como insuficiência cardíaca, doença renal, cirrose hepática, insuficiência venosa ou desnutrição de proteína. Isso reforça a importância de estar atenta e não hesitar em buscar ajuda médica quando notar um ou mais desses sinais:

  • Edema de início recente: você nunca tinha tido o problema, mas, agora, o inchaço/edema tornou-se frequente.
  • Edema persistente: quando o inchaço é recorrente, seus pés estão inchando muito ou diariamente, a ponto dos seus sapatos e meias ficarem apertados ao fim do dia.
  • Edema grave: quando é possível notar inchaços de extremidades importantes, a ponto de outras pessoas comentarem com você, por exemplo.
  • Rosto inchado: se você nota que tem amanhecido com as pálpebras ou o rosto todo inchado.
  • Parte do corpo específica inchada: quando só uma de suas pernas ou só um dos braços, por exemplo, estão inchados.
  • Aumento de peso inexplicável: se você notou que ganhou peso na balança sem ter feito mudanças importantes na alimentação e/ou na prática de atividade física.
  • Cansaço: quando, além do inchaço, você sente grande cansaço, sensação de falta de ar, entre outros incômodos.

Em muitos casos, a retenção de líquido é evitada com medidas simples, como a redução dos industrializados. Em outros, porém, merece uma investigação mais criteriosa.

De toda forma, como a retenção de líquido pode estar associada a algum problema de saúde mais sério, ao notar sinais de inchaço associados ou não a outros sintomas, não hesite em procurar seu médico de confiança.

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.