Bem-estar

11 segredos que você não deve manter de jeito nenhum

Esconder uma adoção, mentir para o médico ou nutricionista são exemplos de informações que podem prejudicar sua vida ou a do próximo

Atualizado em 14.09.23
Foto: Getty Images

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A maioria das pessoas tem, ao menos, um segredo. Afinal, nem tudo precisa/deve ser compartilhado aos quatros ventos. Porém, alguns tipos de informações, se guardados, podem, em algum momento, prejudicar a própria pessoa ou os outros.

Como é, então, que alguém pode saber a diferença entre um segredo que pode ser guardado a sete chaves e um que precise ser compartilhado? A resposta nem sempre é simples, afinal, cada caso é um caso. Mas alguns pontos devem ser considerados, como, por exemplo:

  • “Manter este segredo é um incômodo que atrapalha minha vida?”
  • “Ele prejudica ou pode, em algum momento, prejudicar minha saúde/vida?”
  • “Em algum momento ele vai, inevitavelmente, ser descoberto?”
  • “Se descoberto, ele poderá prejudicar a vida de outra pessoa?”

Celia Lima, especialista em psicoterapia do Personare, comenta que existe aquele tipo de segredo que alguém te confia. “Quando alguém pede segredo a respeito de uma informação importante para a vida da pessoa, obviamente ela está confiando que você não vai sair contando por aí. Entre amigos, muitos segredos são confiados, mas eventualmente uma informação grave, que coloque em risco a própria pessoa ou outros, deve ser discutida com seriedade: difícil silenciar e, mais que isso, como suportar a carga de responsabilidade sobre sua omissão? Existem situações legítimas em que revelar um segredo pode evitar um mal maior que o rompimento de uma amizade”, diz.

“Se você julga que não será capaz de manter um segredo, é melhor não ouvi-lo. Porque o melhor amigo também tem outro melhor amigo e, assim, o ‘segredo’ deixa de sê-lo”, diz Celia.

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“Carregar um segredo importante é realmente um fardo, porque a pessoa fica entre a culpa que provavelmente sentirá caso o revele, e a responsabilidade de arcar com alguma consequência nefasta por não ter dividido com ninguém”, comenta a especialista.

“Eu diria que segredos podem ser mantidos com segurança quando existe uma questão ético-profissional envolvida. Fora dessa esfera, a menos que quem guarda o segredo possa suportá-lo sem que lhe seja penoso, livrar-se do segredo parece ser algo inevitável, tanto o seu, quanto o segredo de alguém, nem que a pessoa comente com o motorista do táxi,p por exemplo”, acrescenta a psicoterapeuta.

Enfim, qual segredo pode ser revelado e qual não pode? “É seu discernimento que vai dizer”, responde Celia.

11 segredos que você deve revelar

Confira abaixo exemplos de segredos que não devem ser guardados, pois, por mais ou menos relevantes que pareçam, podem prejudicar sua própria vida ou a vida de outras pessoas, cedo ou tarde.

1. Não falar para o cabeleireiro que você fez química nos fios

Parece um segredo “inofensivo”, mas omitir do seu cabeleireiro que você fez química nos fios, quando ele perguntar se seu cabelo é virgem, pode trazer consequências negativas, especialmente para você, mas também para ele enquanto profissional.

Acreditando que o seu cabelo é virgem, ele pode utilizar produtos que reagirão negativamente nos seus fios, podendo causar ressecamento, alterações da cor, queda etc. Certamente, você não ficará feliz com o resultado, e nem o profissional.

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2. Esconder algo que pode deixar alguém em risco se nada for feito

Se você estiver a par de alguma informação que, se não for compartilhada, pode colocar uma terceira pessoa em risco, não hesite em pedir ajuda.

Suponha, por exemplo, que alguém te confidenciou que o novo namorado da sua amiga é um homem extremamente violento. Por mais que essa pessoa tenha te pedido segredo, é claro que você, inevitavelmente, se preocupará com sua amiga, pensará na segurança e no bem-estar dela.

Reflita com cautela sobre o que está entre suas possibilidades fazer, se necessário, conte com as pessoas nas quais você confia totalmente. Certamente, elas te ajudarão a tomar a melhor decisão. (Isso não significa sair falando por aí, para todo mundo, sobre o que te contaram. Mas, sim, tomar uma atitude significativa)

3. Esconder um segredo que causará muita dor se for descoberto anos mais tarde

Uma adoção, por exemplo, se não for revelada, provavelmente um dia virá à tona, causando sofrimento, não só na pessoa adotada, mas em todos os familiares envolvidos.

Celia explica que existem certos segredos que acabam vindo à tona independentemente da vontade dos envolvidos, e adoção é um deles. “Não é difícil que conhecidos ou familiares acabem por ‘deixar escapar’ o fato e, fatalmente, a pessoa que foi adotada saberá. Ainda que todos guardem o segredo, existe ainda a possibilidade do adotado ter algum tipo de problema hereditário e perceber que nem o pai nem a mãe têm o problema, o que o levará a investigar sua vida de alguma forma”, diz.

“Uma das consequências de se descobrir o segredo é a quebra de confiança nesses pais adotivos, mas pode também comprometer as relações afetivas e sociais da pessoa que foi adotada. Ela pode se tornar uma pessoa tímida, retraída e desconfiada. Todos temos o direito de ter a posse sobre nossa história!”, destaca a psicoterapeuta.

“Já no caso dos pais adotivos, esses estarão guardando um tipo de tensão permanente, vivendo sob o medo de serem descobertos. Claro que isso não pode ser saudável! Se os pais pedem aos familiares que não revelem a adoção, estarão infligindo a essas pessoas um cuidado perene que não lhes pertence, o que não me parece justo”, acrescenta Celia.

4. Esconder do parceiro uma doença sexualmente transmissível

Foto: Getty Images

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Num relacionamento a dois não pode existir um tipo de segredo como este que, a qualquer momento, pode prejudicar seriamente a vida do parceiro. Basta se por no lugar do outro para perceber como essa é uma questão importante.

“Em primeiro lugar, o uso do preservativo é obrigatório. Numa relação estável, ambos devem se submeter a todos os exames possíveis para poderem abrir mão do preservativo com segurança. Isso demonstra consciência e responsabilidade para consigo mesmo e para com o outro. Mas, se de antemão e conscientemente, um dos dois não revela ser portador de uma DST, essa relação já está comprometida”, destaca Celia.

“É compreensível que haja constrangimento em tocar no assunto, principalmente em função de preconceitos que carregamos, que existam sentimentos envolvidos e medo da reação do parceiro. Todavia, é importante que essas questões sejam trabalhadas e superadas. Caso contrário, a confiança estará quebrada mais cedo ou mais tarde”, explica a psicoterapeuta.

“Em casos de doenças incuráveis que possam levar à morte, como a AIDS, por exemplo, a pessoa pode vir a ser processada por ter exposto o parceiro ao risco. Assim, por mais difícil que seja, esse é um segredo comprometedor demais para ser guardado”, acrescenta Celia.

5. Não contar sobre um aborto (espontâneo ou não) para o médico

Celia comenta que, normalmente, um ginecologista faz um questionário minucioso que inclui perguntas sobre aborto. “Omitir a informação do médico pode comprometer um diagnóstico ou um tratamento, e a paciente estará trabalhando contra si mesma. Não se omite nada numa consulta, pois quem sabe da relevância das informações é o médico, não o paciente”, destaca.

6. Esconder ou mentir sobre seus hábitos

Algumas pessoas não têm consciência, mas, ao mentirem para um médico dizendo, por exemplo, que bebem pouco, que nunca usaram droga, que se exercitam (quando não fazem isso), entre outros pontos importantes, estão colocando em risco a própria saúde.

“Quando se omite fatos importantes de profissionais de saúde, não existe, de fato, a intenção de se cuidar. O profissional trabalha com as informações do paciente e espera que ele seja honesto consigo mesmo. Mentir para um médico ou um terapeuta é, antes, mentir para si mesmo”, destaca Celia.

A psicoterapeuta acrescenta que, quem tem a intenção de esconder seus hábitos de vida (seja de um médico, seja de um familiar etc.), certamente se sente culpado por tê-los e não quer ser submetido a julgamentos. “As consequências mais comuns são a reclusão, o pouco contato social e o risco de desenvolver algum tipo de depressão em função desse isolamento. O ideal seria assumir seus hábitos ou, no caso deles colocarem em risco sua saúde, procurar ajuda para superá-los”, diz.

7. Esconder uma dívida que pode influenciar a vida de outras pessoas

Celia comenta que o fio condutor de manter um segredo desse tipo é o orgulho ou mesmo a vergonha por não ter sabido gerenciar as finanças. “Quanto mais o tempo passa, maiores vão ficando as dívidas e maior será o problema”, diz.

“Um exemplo simples é com relação ao aluguel e seu fiador. É legítimo não dizer ao fiador que não se está conseguindo pagar o aluguel? É legítimo não entregar a casa por não querer admitir que não tem condições de sustentar esse aluguel? Quanto mais cedo essa questão for revelada, quanto mais cedo se tem a humildade de reconhecer que sua omissão pode prejudicar outras pessoas, mais cedo chega também a solução”, acrescenta a psicoterapeuta.

8. Não dizer que você não gosta mais do seu parceiro

O fim de um relacionamento geralmente não é fácil para ninguém, independentemente do motivo. Mas, será que vale a pena dar sequência a um namoro quando não se gosta mais do parceiro?

Este é um “segredo” seu, mas que envolve, além da sua felicidade, a felicidade do outro.

Celia comenta que tomar a decisão de informar o parceiro que não lhe tem mais amor é algo complexo, porque envolve muitas questões.

“Ninguém decide não gostar mais, e isso é difícil até de admitir para si mesmo. Porém, quando o sentimento se esvai, o sexo fica comprometido, a tolerância já não é mais a mesma, surgem as brigas por motivos insignificantes e a convivência vai se tornando inviável. No fundo, as atitudes vão demonstrando que não há mais amor e não falar sobre isso apenas agrava a situação e adia o inevitável. Não falar e permanecer no relacionamento é assinar o atestado de infelicidade. Não é necessário chegar numa situação limite”, diz a psicoterapeuta.

9. Não falar sobre dificuldades financeiras quando necessário

É claro que você não precisa sair por aí contando para todo mundo que conhece que não está numa situação financeira confortável. Mas, em alguns casos, falar sobre isso pode ser importante. Por exemplo: se um médico te sugerir um tratamento e/ou medicamento caro, não há por que não dizer que você não tem condições de pagar naquele momento.

Ou ainda, se um amigo próximo te chamar para uma viagem, e insistir muito pela sua presença, a melhor opção talvez seja dizer a verdade. Agradeça o convite, mas explique que precisará deixar para uma próxima oportunidade pois você está passando por uma situação financeira complicada.

10. Não contar que está desanimada/deprimida

Foto: Getty Images

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Mais uma vez, não é necessário sair gritando aos quatro ventos que está se sentindo desanimada. Mas, ao ser questionada, por exemplo, por pessoas da sua família (como pai, mãe) ou ainda por um médico, pode ser importante “revelar este segredo”.

No caso do profissional, ele poderá analisar sua situação como um todo, quem sabe até indicando um tratamento complementar com terapeuta.

Já no caso dos familiares, eles provavelmente ajudarão você a lidar com os problemas e/ou investigar as causas daquilo que não está te deixando tranquila.

11. Mentir sobre sua alimentação e hábitos para o nutricionista

De nada adianta ir a um nutricionista, não seguir corretamente a reeducação alimentar proposta, e voltar no retorno com o profissional dizendo que “não sabe por que não emagreceu”.

Quem mente para um profissional que está ali disposto a cuidar da sua saúde, está, sobretudo, mentindo para si mesmo.

Caso não tenha conseguido seguir a dieta, por exemplo, porque achou muito difícil e/ou restritiva, passe essa informação ao nutricionista. Ele provavelmente estará disposto a encontrar um plano alimentar que combine mais com você.

Esses são exemplos de informações que, por diferentes motivos, não devem ser mantidos em segredo. Sua vida não precisa ser “um livro aberto”, mas, ser sincera consigo mesma e com as pessoas com quem convive é muito importante e, no mínimo, te proporcionará mais paz, saúde e bem-estar.

Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.