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25 livros LGBT que vão aumentar a diversidade na sua estante

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Escritora

Atualizado em 04.08.23

Apesar de estarem mais comuns, livros LGBT (com temáticas ou personagens LGBTQIA+) ainda não ganham o devido destaque no mercado editorial. Para mudar esse panorama, é importante lançar um olhar atento ao que já foi produzido em torno desse tema (nos filmes lgbt e séries lgbt também). Com este objetivo, segue aqui uma lista de 25 livros LGBT que você precisa conhecer. Boa leitura!

Índice do conteúdo:

1. Garota, mulher, outras

Neste livro, Bernardine Evaristo costura a história de 11 mulheres negras e uma pessoa não-binária. Todas elas se encontram em algum ponto do espectro queer e, apesar de isso ser um foco muito evidente da narrativa, também é importante o choque de gerações que existe entre várias dessas mulheres. Isso afeta muito como cada uma vive sua sexualidade, e é um dos aspectos que faz esse livro se tornar incontornável tanto entre livros LGBT quanto na literatura em geral.

2. O amor dos homens avulsos

livros LGBT

Vini Linné

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Victor Heringer constrói este livro a partir de um formato muito comum e amado da literatura: o romance de formação (no inglês, coming of age). Este tipo de livro fala sobre o processo de amadurecimento e descoberta de um personagem. Neste caso, trata-se do processo de autodescoberta de um garoto que se percebe apaixonado por um menino que seu pai traz para casa, sem que haja uma explicação clara do motivo. Os conflitos internos e dores são explorados poeticamente e o final é triste e emocionante.

3. Amora

Natália Borges Polesso, autora de Amora, Controle e A extinção das abelhas, tem um projeto de escrita. Ela decidiu que escreveria apenas sobre mulheres lésbicas, que ela acredita terem pouca representatividade na literatura. E faz isso com muita propriedade. Amora, por exemplo, é uma coletânea de contos sobre autodescoberta feminina, e passa por várias mulheres, de várias idades e contextos de vida. O que as une? O fato de amarem outras mulheres.

4. Guadalupe

Quem gosta de quadrinhos vai descobrir que também há livros LGBT nesse formato. Guadalupe, de Angélica Freitas e Odyr, é um romance gráfico de viagem em que Guadalupe e Minerva (sua tia travesti) viajam da Cidade do México até Oaxaca para cumprir com o último desejo de Elvira, a intrépida avó de Guadalupe. A história, divertida e assustadora, dialoga ainda com mitologia asteca para criar uma aventura bastante inusitada.

5. Fun home: uma tragicomédia em família

livros LGBT

Caneca de livros

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Outro importante quadrinho da literatura LGBT é este trabalho de Alison Bechdel, um marco da união entre quadrinhos e narrativas autobiográficas. Nele, pouco depois de revelar à família que é lésbica, a narradora recebe a notícia da morte de seu pai, em circunstâncias que poderiam indicar um suicídio. Isso levanta diversas memórias e reflexões sobre sexualidade, relações familiares, e amor, numa reconexão com o enigmático pai que, no início da história, já se torna inalcançável.

6. O parque das irmãs magníficas

Outro livro com uma pegada autobiográfica é este, da autora transexual argentina Camila Sosa Villada. O parque das irmãs magníficas conta, com um tom de realismo mágico, sobre a experiência de Camila quando se mudou para a cidade de Córdoba para estudar na universidade, e passou a frequentar o Parque Sarmiento durante a noite, como travesti. Lá, foi acolhida por um grupo de travestis do parque, e sentiu que havia encontrado seu lugar de pertencimento no mundo.

7. A morte em Veneza

Thomas Mann conta aqui a história do escritor Gustav von Aschenbach, que, numa viagem a Veneza, se encontra hipnotizado pela beleza do jovem polonês Tadzio. A novela também traz traços autobiográficos, mesmo que não tão evidentes, e ainda aborda a relação entre artista e sociedade.

8. Devassos no paraíso

João Silvério Trevisan é uma grande referência nos estudos e textos sobre homossexualidade no Brasil – especialmente no caso da homossexualidade masculina. Neste livro, realiza um diálogo com diversos campos da arte e cultura no Brasil para compor um estudo sobre a homoafetividade no país.

9. O quarto de Giovanni

Dois Pontos Literatura

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Segundo livro de James Baldwin, este clássico da literatura LGBT trata de uma relação bissexual ao contar sobre o personagem David, um jovem americano em Paris à espera de sua namorada, Hella, que está na Espanha. Enquanto ela, na Espanha, reflete se deve ou não se casar com David, ele, em Paris, conhece Giovanni, um garçom italiano por quem se apaixona.

10. Com armas sonolentas

Em mais esse romance de formação que aparece nesta lista, Carola Saavedra apresenta a história de três mulheres, Anna, Maike e uma personagem sem nome. Suas histórias não estão interligadas, mas, mesmo assim, são profundamente relacionadas e repletas de descobertas sobre a vida, sexualidade e identidade.

11. Cloro

Constantino, o narrador deste livro, já está morto no começo da história. Do limbo, ele relembra fatos importantes de sua vida – permeada pelos segredos e angústias de ser um homossexual “no armário”. A história passa pela descrição de sua vida dupla, dividida entre um casamento com uma mulher, com quem teve dois filhos, e seus encontros furtivos com homens. Alexandre Vidal Porto, o autor deste livro, ainda tem pelo menos mais uma obra em que traz um personagem homossexual, o romance Sérgio Y. vai à América.

12. Todos nós adorávamos caubóis

Carol Bensimon conta, neste romance, a história de Cora e Julia, amigas muito próximas durante a faculdade, que se afastam ao final dela e se reencontram muitos anos depois. Nesse reencontro, as duas precisam lidar com afetos e sentimentos para os quais nunca haviam dado muito espaço.

13. Queer

William Burroughs escreveu este livro em 1952, mas ele só foi publicado mais de três décadas depois, devido à sua explícita temática homossexual. A história acontece na Cidade do México e acompanha William Lee, alter ego do autor, que tenta superar uma crise de abstinência de drogas com álcool e uma paixão obsessiva por Eugene Allerton. A narrativa frenética e visceral acompanha os dois homens por uma viagem pela América Latina, em um tom de road trip um pouco ao estilo da geração beat.

14. Conversas entre amigos

Romance de estreia de Sally Rooney, Conversas entre amigos conta a história de Frances, uma estudante (e escritora) de vinte e um anos que apresenta suas poesias em público com Bobbi, sua ex-namorada e melhor amiga. As duas se aproximam do casal Melissa e Nick, com Bobbi se encantando por Melissa e Frances, pelo marido dela. O livro trata das paixões e perigos da juventude, especialmente a partir das complexas relações que se estabelecem entre esses quatro personagens, cada vez mais emaranhados.

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15. O fim de Eddy

Mais um livro com traços autobiográficos, O fim de Eddy, de Édouard Louis, revela o conservadorismo e o preconceito da sociedade no interior da França ao mostrar a homofobia enfrentada com um garoto no despertar de sua sexualidade vivendo em uma pequena cidade de operários.

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16. Stella Manhattan

Neste livro, Silviano Santiago conta a história de Eduardo da Costa e Silva, identidade oficial de Stella Manhattan. Ele é um funcionário do Consulado brasileiro nos Estados Unidos que vive, em Nova Iorque dos anos 1970, uma trama de escândalo sexual e intrigas políticas. Em uma narrativa envolvente, o livro é pioneiro na abordagem do lado mais politizado do universo trans.

17. Ricardo e Vânia

Neste livro-reportagem, Chico Felitti investigou durante quatro meses a vida de Ricardo Correa da Silva e sua namorada Vânia Munhoz (antes Vagner), uma transexual brasileira radicada na Espanha. O livro mostra como Ricardo, cabeleireiro disputado nos anos 1970 e 1980, acabou se tornando uma lenda urbana após à remodelação malsucedida de seu rosto a partir de cirurgias plásticas. Essas cirurgias lhe renderam o apelido ofensivo de “Fofão da Augusta”, visto que ele circulava pela região das ruas Augusta e Paulista, onde liderou uma trupe de palhaços, distribuiu panfletos e pediu esmolas.

18. O retrato de Dorian Gray

Apesar de não ser abertamente de temática homossexual, este livro, publicado em 1891 por Oscar Wilde, precisa figurar nesta lista por sua importância em relação à mistura de literatura e vida do autor. Isso porque, à época, o livro foi usado contra o autor e lhe rendeu processos judiciais e dois anos de prisão por atentado ao pudor. No livro, o personagem Dorian Gray leva uma vida dupla entre a virtude e o hedonismo, tudo isso envolvido por grandes reflexões filosóficas, sarcasmo e um senso de humos refinado.

19. Gostaria que você estivesse aqui

Fernando Scheller recria neste romance o Rio de Janeiro da década de 1980, com toda sua energia e contradição. A efervescência cultura da época caminha lado a lado com a instabilidade política, o aumento da criminalidade e o avanço da epidemia da aids. No meio disso tudo, cinco personagens de universos muito diferentes – mas todos conectados e vivendo próximos uns dos outros – vivem suas questões relacionadas a amor, sexualidade, inseguranças, dores e a constante necessidade de encontrar o próprio lugar no mundo.

20. Autobiografia do vermelho: um romance em versos

Neste livro, a canadense Anne Carson reconta o mito grego de Gerião, um monstro vermelho a quem Héracles (Hércules) teve de vencer no cumprimento de um de seus doze trabalhos, no mundo contemporâneo. Gerião passa a ser, assim, um menino (e depois um rapaz) sensível, que sofre preconceito por ser um menino vermelho e se envolve em uma complexa e intensa relação amorosa com Héracles. Um dos livros LGBT mais inovadores desta lista, ele ainda ganha pontos por ser um romance em versos, um formato muito utilizado na Antiguidade, que retorna com força na literatura contemporânea.

21. A palavra que resta

Stênio Gardel traz para este romance a história de Raimundo, um homem analfabeto decide aprender a ler e escrever aos 71 anos, para poder ler a carta deixada a ele por Cícero, seu amor de juventude, mais de cinquenta anos antes, quando o amor escondido dos dois foi descoberto.

22. Tipo uma história de amor

Neste livro, Abdi Nazemian conta a história do jovem iraniano Reza, que se muda para Nova Iorque em 1989 com a mãe para morar com o padrasto e o filho dele. Na nova escola, Reza conhece Judy, cujo maior ídolo é seu tio Stephen, um homem gay, soropositivo e ativista contra a doença. Reza e Judy começam um pequeno relacionamento, mas Reza não consegue evitar os sentimentos por Art, melhor amigo de Judy e único garoto assumidamente gay da escola. Em mais um livro sobre autodescoberta, Reza vai entendendo com que tipos de desafios precisará lidar ao se assumir e lutar por existir como realmente é.

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23. O ministério da felicidade absoluta

Nesse livro, a escritora indiana Arundhati Roy conta a história do jovem Aftab, que mais tarde se torna a bela Anjum. O livro vai costurando vidas complexas e extremamente humanas, mostrando personagens que foram resgatadas por amor e esperança após terem sido destruídas pelo mundo no qual vivem. Esse romance entra nesta lista de livros LGBT também por trazer uma perspectiva da realidade dessa comunidade em um país muito diferente do Brasil, o que ajuda a dar uma perspectiva sobre a questão LGBTQIA+ também ao redor do mundo.

24. O terceiro travesseiro

Nelson Luiz de Carvalho causou um grande frisson quando publicou este livro, em 2007. Baseado em fatos, o romance conta a história de Marcus e Renato, dois jovens amigos da classe média paulista, que descobrem suas sexualidades um com o outro e precisam equilibrar o que sentem e o que suas famílias esperam deles. Isso até que um terceiro personagem entra em cena e bagunça bastante a relação.

25. A cor púrpura

Nesse belíssimo livro, que inclusive já foi adaptado para o cinema, Alice Walker conta a história de Celie entre os anos de 1900 e 1940. Ela é uma mulher pobre e negra no Sul dos Estados Unidos, foi estuprada pelo padrasto na infância e forçada a se casar com Albert. Em um determinado momento, Celie se apaixona por Shug Avery, cantora e amante de Albert. É um livro que fala sobre relações de gênero, raça e classe, tudo isso a partir do olhar ingênuo e sensível de Celie em suas cartas para Deus e para a irmã.

Bônus:

Como já foi dito, a quantidade de livros LGBT está aumentando dia após dia, de modo que fazer uma seleção de apenas 25 livros acaba sendo quase impossível. Para driblar essa dificuldade, segue mais uma lista de mais dez livros que também valem a pena, mesmo que apareçam aqui sem foto e sinopse.

  1. Luzes de emergência se acenderão automaticamente, de Luisa Geisler;
  2. As fúrias invisíveis do coração, de John Boyne;
  3. Me chame pelo seu nome, de André Anciman;
  4. Azul é a cor mais quente, de Julie Maroh;
  5. Garoto encontra garoto, de David Levithan;
  6. Will e Will, de John Green;
  7. Vantagens de ser invisível, de Stephen Chbosky;
  8. Um milhão de finais felizes, de Vitor Martins;
  9. Com amor, Simon, de Becky Albertalli;
  10. Conectadas, de Clara Alves;
  11. Supernormal, de Pedro Henrique Neschling;
  12. Tomates verdes fritos, de Fannie Flagg.

Certamente, há muito o que conhecer em termos de livros LGBT, e esta lista não dá conta de todas as sugestões que poderiam ser dadas. Mas o mais importante e começar e valorizar essa literatura, para que ela ganhe cada vez mais espaço. Nesse sentido, que tal também conhecer algumas escritoras famosas que têm um trabalho excelente e que precisam ser mais reconhecidas no mercado editorial?

Escritora, autora de "A mulher que ri", "Efêmeras" e "Do Silêncio". Apaixonada por Clarice Lispector, clubes de leitura e pessoas. Gosta de listar coisas de três em três.