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Entenda os saltos de desenvolvimento e picos de crescimento do bebê

Esses períodos são acompanhados, na maioria das vezes, por alterações do humor, do apetite e do sono

Atualizado em 14.09.23
Foto: Getty Images

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Os termos “saltos de desenvolvimento” e “picos de crescimento” podem não soar tão familiares, mas, ao saber com detalhes o que eles significam, certamente você se lembrará de que já vivenciou alguns deles com o seu bebê.

A criança fica mais irritada, mama mais do que o normal, não se ajeita no colo nem no carrinho, apresenta visíveis alterações do sono, entre outras situações que podem ser percebidas com mais ou menos intensidade de acordo com as particularidades de cada uma.

Para alguns pais, tudo isso pode até preocupar, mas, calma: todas essas mudanças de comportamento estão provavelmente relacionadas aos saltos do desenvolvimento e aos picos de crescimento do bebê, que fazem parte do desenvolvimento fisiológico da criança. Em outras palavras: são totalmente normais.

Saltos de desenvolvimento

Fábia Queiroga, pediatra do Hospital Santa Lúcia, explica que saltos de desenvolvimento representam o período de aquisição de novas habilidades nas diversas esferas do desenvolvimento da criança, ou seja: motor, motor fino, cognitivo, linguagem e social.

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“Vai aproximadamente do nascimento até os 20 meses de idade. Os saltos são aproximadamente os seguintes períodos: 1 mês / próximo de 2 meses / próximo de 3 meses / 4 meses e meio / 6 meses / 7 meses / 8 meses e meio / próximo de 11 meses / próximo de 13 meses / próximo de 15 meses / 17 meses”, destaca a pediatra.

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Fábia explica que as fases do salto do desenvolvimento são acompanhadas, na maioria das vezes, por alterações do humor, do apetite e do sono. “O cognitivo muitas vezes não acompanha a mudança do organismo e exige um tempo de adaptação. Após a criança ter dominado aquela habilidade tende a voltar ao seu estado basal e a normalizar o sono e o humor”, diz.

Para entender melhor um salto de desenvolvimento, basta pensar que, toda vez que o bebê desenvolve uma nova habilidade, fica tão excitado com a conquista que quer praticá-la o tempo todo, inclusive durante o sono. Por isso, pode-se dizer que um dos ‘efeitos colaterais’ desse desenvolvimento é que eles não dormem tão bem quanto em períodos que não estavam trabalhando em dominar uma nova habilidade.

Períodos dos saltos de desenvolvimento

Foto: Getty Images

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Naturalmente cada criança tem suas particularidades, mas, abaixo você confere o que é esperado de cada período dos saltos de desenvolvimento:

1 mês (5 semanas): Melhora da visão: maior interesse pelo ambiente e a possibilidade de seguir objetos brevemente com os olhos; mais tempo acordado; choro com lágrimas e sorriso (pela primeira vez ou com mais frequência).

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Aproximadamente 2 meses (8 semanas): Maior percepção de sons, cheiros e sabores; tentativa de controlar as mãos e os pés; o bebê começa a mostrar um pouco de suas preferências: coisas, cores e sons e maior insegurança e busca de conforto no peito da mãe.

Aproximadamente 3 meses (12 semanas): O bebê pode enxergar todo um cômodo da casa, virar quando escuta sons altos; consegue juntar suas mãos; mexe nos cabelos e rostos dos pais; praticamente não precisa mais de apoio para manter a cabeça erguida, tem sensibilidade às novidades e busca conforto no colo dos pais.

4 meses e meio (19 semanas): É o salto mais longo. O bebê chora mais, apresenta mudanças extremas de temperamento e busca mais atenção e colo; consegue pegar um brinquedo, sacudi-lo, colocá-lo na boca e passá-lo de uma mão para outra; pode nascer o primeiro dente; consegue emitir sons mais nítidos; dorme menos, estranha as pessoas; busca maior contato corporal enquanto é amamentado; apresenta alterações no sono; consegue virar de costas e de barriga para baixo, se arrastar, olhar para imagens de um livro, reagir ao seu reflexo no espelho e reconhece o próprio nome.

6 meses (26 semanas): Busca por maior contato corporal durante as brincadeiras; coordenação dos movimentos dos braços e pernas; o bebê consegue sentar sem apoio; já entende que a mãe pode se afastar quando anda e isso o assusta; interesse em explorar a casa, achar etiquetas, levantar tapetes para olhar o que tem embaixo; presta mais atenção nas vozes, pode imitar sons; rola e começa a se apoiar para ficar de pé; tem maturidade para receber alimentos sólidos.

7 meses (30 semanas): O bebê tenta alcançar objetos à sua frente, bate um objeto no outro; pode começar a engatinhar, a falar algumas sílabas e a dar sinal de tchau; ansiedade com estranhos.

8 meses e meio (37 semanas): Mudanças frequentes de humor; mais choro; resistência na hora de trocar a fralda; o bebê pode chupar os dedos e protestar quando o contato corporal é interrompido; diminuição do apetite e do sono; o bebê passa a entender a classificação das coisas: por exemplo, sabe o que é comida e o que é animal; pode falar “mamá” e”papá” sem distinção de quem é a mãe ou o pai; o bebê engatinha, aponta as coisas, procura objetos e usa o polegar e dedo indicador para segurar.

Aproximadamente 11 meses (46 semanas): O bebê pode apontar para algo ou para uma pessoa atendendo a um pedido; tenta falar no telefone, enfiar chaves nos buracos de chave, procurar algo que foi escondido, tenta tirar a própria roupa; já pode falar “mamá” e “papá” para a mãe e para o pai corretamente.

Aproximadamente 13 meses (55 semanas): Geralmente o bebê começa a andar e a falar mais palavras do que “mama” e “papa”.

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Aproximadamente 15 meses (64 semanas): O bebê já combina palavras e gestos para expressar o que quer; já pode colocar tampas em recipientes, imitar as pessoas e explora tudo que estiver à frente; ele pode ainda apontar para determinada parte do corpo se questionado e responder a instruções como “me dá um beijo”; puxa brinquedos enquanto anda, joga bola etc.

17 meses (75 semanas): O bebê já usa cerca de 6 palavras com frequência, gosta de imitar, esconder brinquedos, separar brinquedos por cor, formato e tamanho, brincar com bola etc; o bebê já consegue ainda olhar livros sozinho e rabiscar.

Foto: Getty Images

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De forma geral, levando em conta todos os saltos de desenvolvimento, é esperado que o bebê:

  • Busque ficar mais perto da mãe, exatamente por se sentir mais carente e precisar de colo e segurança maternal;
  • Coma mal;
  • Não durma muito bem;
  • Queira mamar com mais frequência;
  • Inicie ações como rir, sentar, engatinhar, interagir;
  • Demonstre felicidade ao final da crise, com o desenvolvimento adquirido.

Picos de crescimento

Fábia explica que picos de crescimento são fases em que a criança tem o crescimento mais acelerado.

Os picos referem-se ao crescimento do bebê em si (e não ao seu desenvolvimento). Nos períodos de picos, é normal que o bebê solicite mais mamadas do que o usual, isso porque precisa de mais alimento para crescer nesse ritmo mais acelerado. Então, por exemplo, se ele dormia longos períodos à noite, tende a acordar mais vezes solicitando mamar.

Mas, estas alterações geralmente duram poucos dias, e logo o bebê tende a retornar ao padrão menor de mamadas, mas, agora, com o organismo da mãe adaptado a produzir mais leite.

Na tabela abaixo você confere os períodos em que ocorrem normalmente os picos de crescimento, de acordo com Fábia:

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“Mas os picos continuam em períodos que vão até a adolescência”, acrescenta a pediatra.

Abaixo você confere ainda uma planilha na qual pode colocar a data de nascimento do seu bebê para calcular os saltos de desenvolvimento e picos de crescimento dele.

Descubra as fases do seu bebê

4 dúvidas dos pais respondidas por especialistas

É comum que estes períodos gerem muitos questionamentos entre os pais, mas abaixo a pediatra esclarece as principais dúvidas sobre o assunto.

1. O que os pais podem fazer durante uma fase de pico de crescimento para ajudar a criança?

Fábia lembra que os picos de crescimento são geralmente acompanhados de uma necessidade maior de alimentação. “Então, enquanto lactente são períodos em que o bebê vai querer sugar mais o seio, o que faz muitas vezes os pais acharem que a produção de leite diminuiu, enquanto que é a necessidade de sucção que aumentou. E, normalmente, a produção vai se adaptar a esta necessidade”, diz.

“É bom observar que em vários períodos o salto de desenvolvimento e o pico de crescimento coincidem, o que acarretará aumento da necessidade alimentar e sono mais difícil, o que pode fazer os pais interpretarem erroneamente que a criança não está sendo corretamente alimentada”, acrescenta a pediatra.

“É necessário o acompanhamento do desenvolvimento neuropsicomotor, estatura e peso pelo pediatra, para que se conclua se a criança está se desenvolvendo normalmente nestes períodos”, ressalta.

2. O que fazer se meu filho não cresce ou sinto que ele não se desenvolve como os coleguinhas da mesma idade?

“É importante ressaltar que as mães não devem comparar seu filho com outras crianças do grupo, pois o crescimento normal está dentro de uma faixa de normalidade, onde teremos crianças mais altas e crianças mais baixas dentro da faixa de normalidade”, destaca Fábia.

“Se há alguma dúvida se a criança está com alguma deficiência no desenvolvimento ou no crescimento, ela precisa ser avaliada pelo pediatra para que verifique se há necessidade de exames complementares ou de alguma outra intervenção”, explica a pediatra.

3. Por que os saltos de desenvolvimento e picos de crescimento acontecem? Todos os bebês passam por isso?

Fábia lembra que os saltos do desenvolvimento e os picos de crescimento fazem parte do desenvolvimento fisiológico da criança. “Em algumas crianças serão acompanhados de mais mudanças de humor, sono e apetite do que em outras, algumas mães perceberão mais estes sinais, mas tudo faz parte do desenvolvimento normal”, diz.

4. O que é mais comum acontecer com o bebê nessas fases?

Fábia ressalta que até que o bebê domine aquela nova habilidade adquirida, ele pode apresentar mudança de humor, irritabilidade, alteração do sono e necessidade de sugar mais. “Ele se sente inseguro muitas vezes porque, às vezes, o corpo não consegue ainda executar uma tarefa que o cognitivo já solicita que ela faça… E isto deixa a criança mais irritada e com necessidade de retorno à sua segurança, que é o colo da mãe”, diz.

“Então, é esperado que os bebês fiquem mais apegados e carentes nestas fases, lembrando que algumas crianças vão demonstrar mais que outras estas alterações”, destaca a pediatra.

Agora você já sabe: as alterações que acontecem com a criança (seja em relação ao apetite, seja em relação ao sono ou humor) geralmente não são motivos para preocupação. Fazem parte do desenvolvimento fisiológico da criança. Os pais devem contar com um pouco mais de paciência e carinho e saber que, depois de cada período, tudo volta à normalidade.

É fundamental, por fim, que os pais levem o bebê para acompanhamento regular e periódico com o pediatra. Pois, se for o caso, o profissional será capaz de detectar de maneira precoce qualquer problema que esteja acontecendo com a criança.

Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.