Bem-estar

“Não era para os outros, era por mim”: a mudança na autoestima após o silicone

Dicas de Mulher

Psicóloga

Atualizado em 06.09.23

É indiscutível que devemos estar bem com nossas formas físicas independentemente da opinião alheia; mas não é possível, por outro lado, definir quem somos sem a percepção do outro sobre nós. Por isso, os padrões de beleza foram variados ao longo de milhares de anos, de acordo com as necessidades de cada época. Os seios fartos, por exemplo, estavam nas voluptuosas esculturas do período Paleolítico, talhadas em pedras, marfim ou argila, representando a fertilidade. Milhares de anos depois, os seios seguem representantes da feminilidade. Pequenos, médios ou grandes, encontram nos decotes, nos biquínis e nas transparências uma janela para a sensualidade dos corpos.

Assim como em todos os campos da vida humana, a satisfação e a insatisfação percorrem os sentidos dados às mamas. Há mulheres muito satisfeitas com os próprios seios. Outras, em contrapartida, desejam diminuir, aumentar, mudar a forma ou o aspecto dessa parte do corpo. Hoje, a medicina está caminhando para que as intervenções cirúrgicas sejam cada vez mais seguras quando o assunto é esse e, dia após dia, mulheres de variadas idades recorrem aos implantes de silicone para alcançarem o objetivo de mudança ao se olharem no espelho.

Esse foi o caso da Psicóloga Thamilly Rozendo Luppi, de 28 anos, moradora da cidade de Maringá – PR. Ela recorreu à cirurgia há cerca de 5 anos e relata que, desde que entrou na adolescência, tinha o desejo de fazer o procedimento, pois nunca se sentiu bem com o tamanho dos próprios seios.

Adolescência e hipervalorização de padrões

As lembranças de Thamilly a levam direto à época de escola. Ela relembra como era a relação com o corpo quando mais jovem e relata que o grupo ao qual ela pertencia, quando adolescente, já valorizava as figuras femininas que tinham seios grandes. “As meninas que tinham muito seio eram vistas como ‘bonitas’, ‘atraentes’ e acho que de uma certa forma eu acabei internalizando que eu não era atraente por isso”, conta.

A psicóloga, que também escreve livros e produz conteúdo para ajudar mulheres no autoconhecimento e na busca pelo amor-próprio, diz que sentiu muita diferença na autoestima após o processo cirúrgico, mas ainda se flagra encontrando problemas no próprio corpo. Segundo ela, é comum precisar se policiar para não querer “arrumar” outras coisas em si. Brincando, ela comenta que frequentemente tem pensamentos como “ah, eu queria mudar isso aqui, queria mexer nisso…”. Como ela trabalha com a mente humana e com a autoestima das mulheres, reconhece que muito da nossa percepção sobre os padrões estéticos é da ordem do imaginário, e que não precisamos ser tão exigentes conosco o tempo todo.

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O amadurecimento da ideia e a possibilidade financeira: o momento certo para a decisão

Thamilly conta que, antes do implante de fato, ela pensou sobre o assunto por mais ou menos dois anos. No início, o pensamento era quase obsessivo, mas depois veio a realidade. Ela conta, de forma divertida, como foi lidar com o sonho do implante quanto mais próximo ele estava de se concretizar: “O desejo de colocar era tão grande que eu não tinha medo algum. Só queria fazer logo a cirurgia (risos), mas depois veio o medo de: e se ficar feio? E se não ficar do tamanho que eu queria?”, diz ela.

Nesses dois anos desejando a cirurgia, Thamilly tinha poucas esperanças. Para ela, aquilo nunca iria acontecer, por conta das possibilidades financeiras que tinha à época. Foi então que sua mãe, sabendo de seu desejo, resolveu ajudá-la. Após a venda de um imóvel da família, a mãe propôs pagar a cirurgia, em um dia em que Thamilly comentava sobre uma amiga que havia colocado a prótese. Prontamente, a psicóloga, que na época era estudante de Psicologia, marcou a consulta médica para dar início ao processo. A ideia que estava até então distante de ser concretizada passou a se tornar realidade.

Perto da concretização de um sonho, a responsabilidade foi fundamental para tomar a decisão

Depois de ouvir os médicos, Thamilly esperou cerca de um mês e meio para ir ao centro cirúrgico. Ela passou a pesquisar muito, com outras pessoas que já haviam feito o procedimento, em páginas de internet e em perfis de redes sociais.

Com todo o material consultado, Thamilly voltou a falar com o profissional da cirurgia plástica, que mostrou a diferença da vida virtual para a vida real.

“Eu peguei referência de blogueiras na internet e levei para meu médico que me deu uma aula de vida real (risos). [O médico] explicou o que ficaria melhor para o meu tipo de corpo, e ainda bem, porque fiquei extremamente satisfeita.”
– Thamilly Rozendo Luppi

A consulta ao profissional certo é fundamental para tranquilizar a paciente e compreender o processo como algo de extrema responsabilidade. Para escolher o cirurgião que implantaria suas próteses, Thamilly seguiu a recomendação de uma amiga, que havia feito o mesmo procedimento e teve ótimos resultados.

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Um bom profissional é aquele que dialoga com a paciente, tirando todas as suas dúvidas, mostrando os prós, os contras e os riscos da cirurgia plástica.

Com a experiência de Thamilly, também é possível compreender que os corpos são diferentes e que bons médicos saberão indicar as melhores próteses dentro daquilo que a paciente deseja. Thamilly desejava ter seios com aspecto natural, porém mais volumosos, e esta é apenas uma dentre tantas possibilidades de resultados estéticos possíveis. O profissional que a atendeu também soube acolhê-la no processo pós-operatório, que, segundo ela, foi muito tranquilo, apesar de doloroso.

Para a psicóloga, o mais difícil foi a primeira semana, quando sentiu mais dor, mas tudo passou muito rápido, na percepção dela. Assim que pode se ver pela primeira vez após a cirurgia, todo o medo de ficar com o peito “feio” foi embora, já que suas expectativas foram superadas e ela amou o resultado. “Eu fiquei chocada, passada! (risos) Amei desde a primeira vez, mesmo estando com os seios inchados ainda”, destaca a escritora, que se diverte ao lembrar da sua reação ao se deparar com o corpo modificado.

Opiniões, desejos e resultados

Thamilly sempre foi uma pessoa bastante espiritualizada, cresceu na igreja Adventista e segue até hoje a religião. Nos seus textos e livros, busca orientar jovens que gostariam de ter um relacionamento dentro dos preceitos religiosos, que desejam amar e ser amados e esperam viver com alegria e fé. O senso comum muitas vezes leva a crer que pessoas mais religiosas deixam de lado aspectos da vida ligados à estética, mas Thamilly demonstra que isso não é uma regra. Quando questionada sobre o conservadorismo religioso em torno da sensualidade feminina e dos procedimentos estéticos, a escritora relembra como foi o processo de assumir o que era importante para ela naquele momento:

“No começo a gente tenta esconder né? Com medo do que vão dizer. Mas não durou muito. Minha escolha foi extremamente consciente. Eu sabia por que queria. Não era para os outros. Era muito, muito por mim.”
– Thamilly Rozendo Luppi

Ela também acredita na importância de saber dos “próprios porquês”, pois em todo lugar haverá olhares de julgamento sobre escolhas pessoais, e isso não se restringe à igreja. Thamilly ressalta que, hoje, o implante tornou-se muito comum mesmo dentro dos espaços religiosos. Ela relembra que, depois que implantou as próteses de silicone, outras meninas que também desejavam fazer o procedimento começaram a ir em busca da realização desse sonho. “Foi uma escolha extremamente saudável para mim, e pude informar de maneira responsável outras jovens a respeito do procedimento”, afirma a psicóloga.

As certezas sobre o desejo de fazer o implante estão ligadas diretamente à autoestima. Thamilly afirma que, antes de colocar silicone, a relação dela com a própria imagem era muito ruim e, após a cirurgia, isso melhorou muito. “Amo meus seios da forma que são hoje”, afirma ela, que diz se sentir muito linda até hoje quando se olha no espelho. Antes, Thamilly se incomodava muito ao usar biquínis, tinha vergonha do tamanho dos seios; hoje, adora usar roupa de banho, ir à praia, à piscina e desfilar com tranquilidade sem se preocupar com essa parte do seu corpo.

No campo da sexualidade, os impactos também foram expressivos

Thamilly é casada há quatro anos e sua primeira experiência sexual aconteceu quando ela já tinha feito a cirurgia. Mesmo assim, as mudanças foram impactantes na relação com seu próprio corpo no campo do erotismo. Ela diz que sua iniciação sexual foi, inclusive, mais tranquila justamente por estar com os implantes. “Eu me sentia muito segura e atraente para isso”, confirma. Thamilly complementa: “De fato, a estética dos seios me deixou extremamente atraente. Mas isso vem porque eu me via dessa forma ao colocar uma lingerie e aí consequentemente acabei me tornando uma pessoa segura na relação sexual”.

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Thamilly é uma mulher cheia de convicções e acredita muito nos seus princípios. Seu relato comove conforme vamos compreendendo que a mudança que ela fez no corpo não alterou quem ela é, mas deu coragem para, de fato, viver as experiências que ela desejava, de forma mais confiante. Independentemente do contexto em que vivemos, o autoconhecimento empodera e buscar informações com responsabilidade é a melhor maneira de realizar sonhos quando o assunto é autoimagem. Assim como Thamilly, psicóloga e escritora com uma energia divertida e cativante, outras mulheres podem de fato olhar com cuidado para o próprio desejo e colocar em prática as mudanças necessárias para uma vida mais sensual, leve e empoderada!

Psicanalista e Palestrante, graduada em Psicologia e em Letras, com Mestrado e Doutorado em Linguística e Pós-Graduada em Sexualidade Humana. Dedica sua carreira ao desenvolvimento de mulheres líderes no trabalho, nos relacionamentos e na vida. É autora do livro "A linguagem da loucura" e empresária, ama comunicação, esportes, viagens e celebrações.