Bem-estar

Curetagem: quando fazer e cuidados necessários após o procedimento

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Atualizado em 19.05.23

Ao ouvir a palavra “curetagem” muitas mulheres se assustam, pois podem associar o procedimento à dor e ao desconforto. A curetagem, no entanto, é altamente recomendada a ser realizada em alguns casos específicos, após a paciente passar por exames e diagnósticos dados pelo médico especialista na área.

Leia as informações abaixo para saber mais sobre o procedimento, com indicações de quando fazer, cuidados e detalhes sobre a recuperação:

O que é curetagem?

Como explica a médica ginecologista do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia), Paula Bortolai Martins Araujo, “a curetagem é um procedimento cirúrgico no qual é feita a ‘raspagem’ da camada funcional do útero (aquela que cresce e descama de acordo com o ciclo menstrual e com a gravidez)”.

Procedimento da curetagem

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Muitas mulheres têm dúvidas em relação ao passo a passo da curetagem. A doutora ressalta a obrigatoriedade de o procedimento ser feito em um centro cirúrgico sob anestesia geral ou raquianestesia (dependendo do tamanho do útero). Primeiramente “introduz-se o espéculo para a visualização do colo uterino. Com o colo do útero aberto, prossegue-se com a curetagem propriamente dita, que é a raspagem do útero”.

Essa raspagem é feita por meio da introdução de um espéculo que serve para visualizar o colo uterino. Porém, se o colo estiver fechado, é necessário realizar um procedimento de dilatação com velas de diâmetro, que dão a abertura suficiente para a entrada da cureta. Assim, “a curetagem é feita em todas as paredes uterinas (anterior, posterior, lateral e próxima às saídas dos óstios tubários)”, completa a médica.

Para quem a curetagem é indicada?

  • Para mulheres, com a finalidade de diagnosticar hipertrofia endometrial.
  • Para mulheres, com a finalidade de diagnosticar câncer de endométrio.
  • Para mulheres, com a finalidade terapêutica nos casos de abortamento incompleto e retenção placentária.

Se você sente sintomas desconfortáveis, mais especificamente quando envolvem o útero, é primordial que o primeiro passo a ser dado seja se consultar com um médico especialista. Em suspeita de um dos casos acima (hipertrofia endometrial e câncer de endométrio), bem como o abortamento incompleto com retenção placentária, o procedimento é indicada para que se dê início ao tratamento adequado de que você precisa.

Cuidados após a curetagem

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O processo de recuperação, segundo a doutora, depende da situação em que o procedimento foi indicado.

  • Em caso de curetagem em gestação inicial, a mulher deve evitar relação sexual por algumas semanas após o procedimento e banhos de imersão até que seja completado um novo ciclo menstrual.
  • Em caso de abortos tardios e infectados, pode haver a necessidade de um período maior de internação, bem como acompanhamento por meio de exames e uso de antibióticos.

Para as gestações iniciais, a recuperação é mais rápida em relação aos abortos tardios (quando o feto possui mais de 12 semanas). Porém, assim como em qualquer procedimento médico, após passar por uma curetagem, a paciente precisa repousar durante um tempo para que se recupere completamente.

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Perguntas frequentes

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A doutora Paula responde com detalhes as principais dúvidas das mulheres em relação à curetagem.

1. A curetagem dói?

“A paciente não sente dor, pois o procedimento é realizado sob anestesia e o pós-operatório é bastante tranquilo, com apenas um pouco de cólica menstrual.”

2. Qual o tempo necessário de internação e de repouso posterior ao procedimento?

“Depende do caso. Nos casos iniciais de gestação sem infecção, a paciente pode ter alta no mesmo dia e a recuperação é muito rápida, sem sangramento e sem dor. Nos casos complicados por infecção ou gestações mais avançadas, o tempo de internação vai ser maior, e a paciente pode precisar de uma recuperação semelhante a de um trabalho de parto (40 dias).”

3. É possível engravidar após o procedimento?

“Sim. De modo geral, a curetagem não interfere nas próximas gestações e não aumenta o risco de complicações. Após uma gestação inicial, o tempo não precisa ser muito longo. Estudos de avaliação do endométrio depois de algum procedimento cirúrgico (curetagem, histeroscopia cirúrgica, miomectomia) indicam que na maioria das mulheres a camada endometrial se refaz em 3 meses, e, portanto, esse seria um intervalo razoável. Entretanto, já foram observadas gestações sem complicações após pelo menos uma menstruação normal depois do procedimento. Em alguns casos afeta a fertilidade, pois pode provocar a formação de sinéquias, infecção e obstrução tubárea.”

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4. Existem riscos em relação ao procedimento?

“Sim. Além dos riscos anestésicos que envolvem qualquer procedimento cirúrgico, existe o risco de infecção, perfuração uterina, sangramento e formação de cicatrizes no útero. A complicação mais tardia da curetagem e pouco frequente, é a síndrome de Asherman, na qual se formam tantas cicatrizes uterinas que as paredes parecem se colar e a paciente fica sem menstruar, o que impossibilita uma nova gestação.”

5. Quanto tempo o útero se recupera após a curetagem?

“Numa gestação inicial, aproximadamente 3 meses. Nas gestações mais avançadas pode levar até 40 dias (mesmo período de um pós-parto).”

6. Qual o valor em média do procedimento? Há possibilidade de realizar pelo SUS (Sistema Único de Saúde)?

“Em clínicas particulares o valor varia muito, mas este procedimento é totalmente coberto pelos planos de saúde e também é realizado pelo SUS sem espera.”

Agora você já sabe o que é a curetagem e em quais situações a mesma deve ser realizada. Vale ressaltar que é primordial a visita periódica ao médico, bem como a realização de exames para confirmar suspeitas de determinadas doenças. Com todas as técnicas modernas da medicina disponíveis diante de nós, é possível realizar este procedimento com garantia de segurança, rapidez e eficácia.

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Jornalista (11783/PR), a típica taurina, apaixonada por leitura, escrita, cinema, cultura pop e chocolate.