Me tornei mãe e deixei de gozar

As formas de ser mãe são muitas e, independentemente de como foi que você recebeu um filho, o impacto na rotina é gritante. São horas a menos de sono, dedicação exclusiva às necessidades do pequeno, distanciamento do trabalho e da vida social, hormônios e aleitamento, relação conjugal e com a rede de apoio… Cada nova mãe terá um universo de novos desafios para enfrentar e, é claro que com a sexualidade não seria diferente.

Afinal… mãe transa?

Essa é a pergunta da qual todo mundo foge! Como se nossas mães não precisassem ter feito sexo para nos conceber (risos)… O problema é que nossa cultura convencionou um comportamento que coloca as mães em um lugar “santificado”, como se a maternidade tirasse a sensualidade de uma mulher. Além disso, a chamada “culpa materna” amarrou nas costas da mulher um fardo muito grande para carregar: o de cuidar dos filhos antes de qualquer coisa, inclusive dela mesma. Isso advém de fatores históricos, religiosos e culturais – a história é longa! – mas o movimento que as mulheres vêm fazendo para empoderar-se da sexualidade mostra que tudo está mudando. Afinal, mãe também é mulher e, portanto, transa sim!

Você nunca mais será a mesma. E isso afeta seu prazer.

O corpo e a autoimagem mudam em maior ou menor escala após a maternidade. Não só no caso da gestação, mas pelos próprios hábitos cotidianos que, agora, encontram outras prioridades. O ato de se olhar no espelho se torna menos frequente, as roupas estão adaptadas para correr atrás de uma criança, e assim a mulher vai se colocando em um lugar secundário que a transforma em cuidadora 24 horas por dia. É fundamental, sempre, resgatar a potência orgástica que vive em nós, e que pode inclusive nos tornar melhores mães quando estamos bem com nosso corpo e nossas vontades.

Qual é o caminho para retomar a mulher para além da maternidade?

É importante entender que, após o parto, todo o corpo da mulher está passando por alterações hormonais e psíquicas que a afastam do sexo com seu par. A primeira coisa a se fazer é não se cobrar tanto e respeitar esse tempo, que dura entre 3 e 6 meses. Depois disso, é necessário que ela vá retomando suas atividades e se REconhecendo em termos de sexualidade. Perceber as mudanças, as novas curvas, novas sensações e dificuldades…

É uma nova viagem em busca de si mesma e do próprio prazer, que pode ocorrer sozinha ou na relação. O que eu destaco sempre para as mamães que querem resgatar o prazer próprio é o seguinte: “ser mãe” não exclui “ser mulher”. Estamos no papel de mãe quando nossos filhos estão ali, conosco, precisando de nós. Quando nos afastamos e temos outras vivências, assumimos outros papeis: de amiga, de esposa, de parceira, de chefe… e de mulher, no sentido mais carnal do termo! Delegar o cuidado dos filhos para outras pessoas da rede de apoio é fundamental para viver esses outros papeis e prazeres da vida. Assim, retorna-se mais viva, inclusive, para o cuidado com quem depende de nós. Gozemos, mamães!