Bem-estar

Tudo o que você precisa saber antes de ir morar junto

Estabelecer regras de convivência é uma boa sugestão para o homem e a mulher que vão viver agora no mesmo lar

Atualizado em 04.07.22

Foto: Thinkstock

Você tem passado mais tempo na casa do seu namorado do que na sua? Vocês têm intimidade suficiente para conversarem sobre tudo? Praticamente todos os dias da semana vocês vão se deitar juntos e não veem mais sentido em dormir separados?

Se as respostas para todas as perguntas acima são “sim”, talvez você já tenha parado para se perguntar também se não está na hora de vocês “juntarem suas coisas definitivamente” e passarem a viver juntos no mesmo lar!

Atualmente, não são poucos os casais de namorados que tomam esta decisão de morar juntos antes ou mesmo sem realizar uma cerimônia de casamento tradicional.

Célia Lima psicoterapeuta, especialista Personare destaca que o casamento em si – o ato de assinar papéis e fazer uma cerimônia (tanto faz se religiosa ou não) – é só a coroação do que já foi estabelecido. “Morar junto já é o próprio casamento: tudo já está sendo compartilhado, começando pelo espaço, passando pela divisão de tarefas e terminando com as despesas”, comenta.

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O que acontece é que muitos casais se sentem mais seguros emocionalmente se não chamarem o “morar junto” de “casamento”, conforme discorre a psicoterapeuta Célia. “Caso a experiência não seja boa eles podem se separar sem carregar o peso de uma separação formal”, explica.

Por outro lado, continua Célia, muitos chamam essa convivência de “teste”. “Pensam ‘vamos ver se dá certo!’. Dessa forma, se percebem que morar junto é uma situação prazerosa, eles formalizam a união”, explica a profissional.

Qual a hora certa para morar junto?

Claro que é praticamente impossível responder a esta pergunta já que cada casal possui suas particularidades. Mas, de forma geral, Célia Lima acredita que a partir do momento que as “casas se misturam”, homem e mulher, talvez, possam começar a conversar a respeito de morar juntos.

“Ou seja, quando ambos passam mais tempo na casa um do outro do que na própria casa; quando não veem sentido em dormir sozinhos; quando se pegam planejando a compra de um móvel que acomode as coisas de ambos; planejando uma viagem para daqui a meses; quando percebem que juntos vão economizar mais que morando em casas separadas… talvez seja esse o momento de conversar a respeito de morarem juntos”, exemplifica a psicoterapeuta.

É errado morar junto antes do casamento?

Foto: Thinkstock

Esta é uma dúvida comum entre muitos casais já que o casamento, independentemente da religião, é um ato bastante tradicional.

Porém, sem levar em conta a questão religiosa – que, claro, sempre deve ser respeitada e acordada entre o casal –, nada é “errado” quando ambas as partes estão de acordo.

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“Podemos entender ‘morar junto’ como um ‘pré-casamento’. Mas, de fato, passar por essa fase não é garantia de que o relacionamento será duradouro depois do casamento formal. Trata-se de um período em que é possível estabelecer a diferença entre formar uma parceria afetiva real e ‘brincar de casinha’”, comenta a psicoterapeuta Célia.

“Se o casal for maduro o suficiente para encarar o desafio de construir um relacionamento, o casamento será apenas uma consequência natural. Mas, se for apenas uma experimentação vazia, um jogo, os problemas e desentendimentos infantis vão aparecer em pouco tempo”, destaca a profissional.

O lado financeiro de morar junto

Talita Aguado, 29 anos, pedagoga, conta que ela e o namorado decidiram ir morar juntos também por uma questão de redução de despesas. “Nós dois já morávamos sozinhos, na mesma cidade. Estávamos sempre juntos, em um apartamento ou no outro. Então chegamos à conclusão de que o mais sensato era morarmos, definitivamente, juntos”, diz.

Hoje, Talita conta que dividem todos os gastos. “Fazemos inclusive uma planilha no Excel. Fazemos uma previsão dos gastos antes de iniciar o mês, e já depositamos na poupança o que sobra”, explica. Na opinião de Talita, essa é uma boa dica aos casais que pretendem morar juntos.

Fernanda Prado, 27 anos, jornalista, conta que, enquanto morava com os pais, não tinha tanta noção do quanto era importante controlar bem seus gastos. “Hoje, morando com meu namorado, aprendi o que é economizar… Não fico gastando com qualquer besteira, afinal, temos que comprar comida para casa, conta de água e luz para pagar etc.”, comenta.

Fernanda relata que ela e o namorado também dividem todos os gastos. “Se, por um motivo ou outro, estamos um pouco mais ‘apertados’ naquele mês, tratamos de economizar. Deixamos de sair por um ou dois finais de semana e aí as coisas ‘entram no eixo’ novamente. Acho que o segredo é ter um bom diálogo com o parceiro, aí tudo tende a dar certo”, diz.

O que levar em consideração na hora de decidir morar junto?

Célia Lima destaca que o amor é apenas uma parcela do conjunto de coisas a se considerar na hora que o casal decide morar junto. “É preciso ser bastante realista com relação à organização da casa, divisão de tarefas, divisão de despesas. Conversar muito a respeito do que o casal entende por compartilhar a vida é fundamental para evitar frustrações desnecessárias”, comenta.

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“Quem gosta mais de cozinhar? Quem acorda mais cedo para preparar o café? É cada um por si? Vamos ou não ter um animal de estimação? Muito deve ser conversado, mas o cotidiano vai revelando o que precisa ser ajustado… O fato é que o casal ‘se aprende’ com a convivência”, destaca a psicoterapeuta Célia.

É fato que muita coisa muda na vida da mulher e do homem a partir do momento que eles decidem morar juntos. “Se esse casal ainda morava com os pais antes de tomarem essa decisão, eles vão ter que aprender a administrar o lar. Fazer compras, cozinhar, lavar as próprias roupas, pagar as contas da casa, dividir as despesas, são algumas situações novas com as quais vão se deparar”, lembra Célia Lima.

“Caso um deles ou ambos já morem sozinhos e, portanto, já saibam o que significam essas responsabilidades, eles terão que se preparar para fazer concessões, para ajustar seu modo de viver ao modo de viver do parceiro”, destaca a profissional.

Implicações legais de morar junto

O advogado Marcelo Souza explica que, atualmente, duas pessoas que moram juntas podem configurar união estável. “E o Código Civil reza que tal comportamento configura o regime de comunhão parcial de bens. Portanto, se devidamente comprovado, tudo o que o casal adquiriu enquanto residiram juntos terá que ser partilhado meio a meio”, destaca.

6 dicas importantes para seguir ao morar junto com seu parceiro

1. Atentem-se à questão financeira

Célia Lima destaca que toda união precisa de acordos, é como um contrato. “Portanto, é muito prático e necessário que uma das primeiras questões a serem levadas em consideração seja a situação financeira do casal”, diz.

“Ambos são profissionalmente estáveis? Caso não sejam, é importante ter uma reserva que garanta o pagamento de aluguel e de todas as despesas da casa por alguns meses – três ou quatro, por exemplo. Problemas de ordem financeira são um estopim que pode detonar uma crise num casal ainda em formação”, destaca a psicoterapeuta.

2. Estabeleçam regras de convivência

Célia Lima destaca que tentar estabelecer regras de convivência é bastante saudável, pois tudo o que é conversado antes evita desentendimentos.

“Mas, mais importante que isso: é preciso haver predisposição para cumprir os acordos – que vão desde pendurar a toalha molhada até o revezamento dos afazeres domésticos. Isso passa também por fazer acordos com relação a convidar amigos para frequentar a casa, pelo respeito à individualidade um do outro e pelas visitas aos familiares”, explica a psicoterapeuta Célia.

3. Estejam sempre abertos ao diálogo

Sim, é muito interessante estabelecer regras de convivência, mas, claro, isso não significa que os acordos não possam ir mudando conforme as necessidades surjam. Exatamente por isso, em qualquer relação, o diálogo é fundamental, conforme destaca Célia Lima.

4. Organizem suas coisas e doem/vendam o que tiverem a mais

Vindos de casas (apartamentos) diferentes, é provável que vocês tenham, agora, no novo lar, coisas repetidas.

Vocês não precisarão, por exemplo, de duas camas. (Mas se tiverem um quarto de hóspedes para colocar uma delas, ótimo!) Talvez não precisem de dois guarda-roupas enormes… Provavelmente não vão precisar de duas geladeiras, dois fogões, nem mesmo de dois raladores de queijo, dois cojuntos completos de facas…

Enfim, é tempo de sentar e conversar sobre o que vai ou não ficar na nova casa! Objetos/móveis/itens repetidos podem ser vendidos ou doados.

5. Façam coisas juntos

Dividir as tarefas do dia a dia é fundamental, mas é importante, também, que homem e mulher não se esqueçam de resevarem um tempinho para fazerem algo juntos, dentro de casa. Que tal preparem um almoço ou jantar em conjunto, por exemplo?

6. Não se esqueçam do romantismo

Deixando de lado todas as regras de convivência, é fundamental que homem e mulher nunca se esqueçam dos bons motivos que, provavelmente, os levaram a morar juntos. Afinal, o amor e o carinho pelo parceiro não podem ser esquecidos!

Que tal preparar um jantar romântico para receber seu amor em casa depois do trabalho?! Ou, simplesmente, comprar um vinho para vocês tomarem juntos e relaxarem na sexta-feira à noite?! Atitudes simples como essas podem fazer a diferença e fortalecer ainda mais a união!

Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.