Bem-estar

Libido, uma energia essencial para a saúde física e emocional

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Atualizado em 26.10.23

A libido impacta a qualidade de vida de muitas mulheres ao redor do mundo. Constituída a partir de aspectos físicos e emocionais, ela está ligada ao desejo sexual e à energia vital. A psicóloga Michelle Sampaio, especialista em sexualidade humana pela Faculdade de Medicina da USP, explica o assunto e fala sobre como aumentar a libido. Acompanhe!

O que é a libido

De acordo com a psicóloga Michelle Sampaio, embora a libido seja popularmente conhecida como sinônimo de desejo sexual, o termo ganha outros significados dependendo da área do conhecimento. No campo da psicologia, por exemplo, a libido pode ser compreendida como uma energia vital. A “energia que a gente tem para fazer todas as nossas atividades do dia a dia”, explica a especialista. Além disso, o conceito diz respeito ao ânimo que auxilia no trabalho, nos afazeres domésticos, nas relações, na vida pessoal e na vida sexual.

Já para a medicina, a terminologia retrata um instinto humano influenciado pelos hormônios testosterona e estrogênio, que regulam o desejo sexual. Ambas as áreas concordam que a libido pode ser alterada por fatores físicos e emocionais, afetando a qualidade de vida. Por isso, o assunto precisa ser abordado sem tabus.

O que pode causar falta de libido?

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A diminuição da libido feminina ocorre por diversos fatores psíquicos e fisiológicos. Entre as causas mais comuns, estão o ciclo menstrual, a gestação, possíveis conflitos de relacionamento e a autoestima. Abaixo, a psicóloga Michelle esclarece o assunto:

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Fatores físicos

Segundo a profissional, as alterações hormonais são as principais causas da falta da libido feminina. Muitas mulheres que usam contraceptivos relatam diminuição no desejo sexual e no ânimo. O mesmo acontece durante o período gestacional ou de amamentação, informou Sampaio. Assim, a libido também pode ser afetada pelas modificações do organismo inerentes ao ciclo menstrual, a chegada da menopausa e o envelhecimento.

Da mesma maneira, o uso de alguns medicamentos antidepressivos, ansiolíticos, anti-hipertensivos, anti-histamínicos e analgésicos podem provocar a sua redução ou até mesmo ausência total. Algumas doenças crônicas como diabete, doenças cardiovasculares, neurológicas, obesidade e distúrbios hormonais, podem afetar o desejo sexual.

Além disso, hábitos de vida pouco saudáveis também impactam o ânimo que está em falta. Evitar o abuso de substâncias químicas, como álcool, cigarro e outras drogas, ter uma alimentação mais saudável, dormir bem e se manter ativa com uma rotina de exercícios físicos proporciona uma melhora exponencial na qualidade de vida e, consequentemente, no seu tesão sexual e pela vida.

Fatores psicológicos

As mudanças físicas não são as únicas que afetam a energia vital e sexual. De acordo com Michelle Sampaio, os fatores emocionais também possuem grande impacto na libido. “As pesquisas mostram que para nós, mulheres, os controladores psicológicos afetam de uma maneira mais intensa a libido”.

Além disso, “fatores psicológicos, entre eles, estresse, ansiedade, depressão e problemas cotidianos podem diminuir a libido”. O aumento dos níveis de hormônios do estresse, como o cortisol, pode diminuir a produção de testosterona, hormônio sexual importante.

No caso de um relacionamento amoroso, a especialista explica que “se há um distanciamento na relação ou problemas não resolvidos, é pouco provável que a pessoa sinta vontade de transar”. Outro fatos que afeta a libido é a autoestima baixa, por isso, é importante buscar se sentir bem consigo mesma e com o seu corpo para reacender o tesão.

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É importante prestar atenção a sua saúde, tanto física quanto emocional. Segundo a psicóloga, “em um quadro depressivo, perde-se a energia para fazer diversas coisas, inclusive, perde-se o desejo sexual”.

Como aumentar a libido?

Diversos fatores diminuem a libido, entretanto, de acordo com Michelle Sampaio, é possível reverter o quadro. Ao contrário do que muitos pensam, “não existe um remédio para aumentar a libido”. Já a alimentação e a reposição hormonal auxiliam organicamente no aumento do desejo sexual. Abaixo, confira algumas dicas da profissional:

  • Permita-se desejar: “não aprendemos sobre o desejo sexual. Nunca fomos incentivadas a pensar sobre isso, e o desejo vem muito daquilo que a gente mentaliza. Sendo assim, um primeiro passo para aumentar a libido é as mulheres entenderem que precisam pensar mais na sexualidade como um todo, no nosso erotismo como um todo”.
  • Conecte-se consigo mesma: “uma boa dica é ter contato com o próprio corpo. Quando for tomar um banho, tente estar presente, isto é, sinta a temperatura da água, o cheiro de sabão etc. Entenda as vontades e os desejos do seu corpo”.
  • Trabalhe a autoestima: quando nos sentimos bonitas e a autoestima está em uma condição saudável, a libido também será influenciada. É importante buscar se sentir bem consigo mesma, valorizar seu corpo e o que te torna objeto de desejo. O tesão e a libido não estão sempre relacionados ao outro, eles podem ser motivados a partir da satisfação com a própria imagem e sexualidade.
  • Permite-se sentir prazer: “um fator secundário para a diminuição da libido é fazer sexo e não sentir prazer. Por isso, é fundamental conhecer o próprio corpo, se excitar, se tocar e entender o que desperta o seu desejo. Assim, a masturbação feminina impulsiona a libido”.
  • Exercite suas fantasias: “livros, séries e filmes com cenas eróticas (não necessariamente conteúdo pornográfico) ajudam a desenvolver as fantasias. A ideia é provocar o pensamento, a excitação e o desejo, aumentando, assim, a libido”.
  • Dinamize sua relação: “em relacionamento de longo prazo, é normal ocorrer a diminuição da libido. Por isso, a dica é criar um jogo erótico entre o casal. O sexo não começa só na hora que a gente deita na cama para transar. É fundamental instigar o desejo com trocas de mensagens, brincadeiras, demonstração de afeto etc”.
  • Separe um tempo para o prazer: “as pessoas criticam muito o sexo de hora marcada (sexo de manutenção), mas ele pode ser algo benéfico. Com a correria do cotidiano, o prazer é esquecido. Por isso, um tempo de qualidade com o parceiro(a) ou mesmo sozinha “pode ser um facilitador para melhorar nossa libido”.
  • Cuide da sua saúde: ter uma alimentação saudável, beber água, praticar exercícios físicos, estabelecer uma rotina, dormir o tanto de horas necessárias e ir ao médico regularmente são ações que impactam positivamente no desenvolvimento da libido. Além disso, a psicoterapia, a meditação e outros cuidados com a saúde mental ajudam a recuperar essa energia vital.

Desejo e prazer são duas coisas que andam juntas e influenciam na qualidade de vida e bem-estar. A falta de libido acomete muitas mulheres e, como apresentado, tem diversas causas e possibilidades de tratamento. Por isso, não tenha medo ou vergonha de buscar ajuda profissional ao perceber qualquer alteração. Inclusive, a terapia sexual é uma ferramenta que pode te ajudar no processo de autoconhecimento.

Psicóloga apaixonada por literatura e psicanálise. Acredita que as palavras, escritas ou faladas, têm o poder de transformar.