Bem-estar

O que fazer quando ele não quer mais sexo?

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Com colaboração da psicóloga Fernanda Cassim

Atualizado em 16.06.23
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Dos problemas entre casais, a falta de sexo pode ser um dos mais perigosos. O sexo não é tudo, mas certamente é parte importante num relacionamento. A ausência ou a má qualidade das relações sexuais, entre outros problemas nesse aspecto, é ponto muito influente na saúde e na satisfação de um relacionamento. Por isso, a demonstração de desinteresse sexual, de qualquer uma das duas partes, se configura como problema sério que deve receber atenção e cuidado à altura da adversidade.

Conheça a especialista

Fernanda Cassim é psicanalista e palestrante, graduada em Psicologia e em Letras, com Mestrado e Doutorado em Linguística e Pós-Graduada em Sexualidade Humana. Dedica sua carreira ao desenvolvimento de mulheres líderes no trabalho, nos relacionamentos e na vida.

Nessas situações, alguns homens se consideram culpados, por conta da disfunção erétil ou outros problemas em dar prazer para a parceira. Já outra parte de mulheres se culpam pela desinteresse sexual do parceiro. O fato é que esse é um problema comum, pelo qual passam muitos casais, sejam de relacionamentos recentes ou mais duradouros.

A psicóloga especialista em relacionamentos, Pâmela Magalhães, contou que recebe com frequência em seu consultório queixas sobre o esfriamento da relação: “Algumas relatam como o comportamento individualista do parceiro repercute cada vez mais em um distanciamento do casal prejudicando a vida afetiva, o que torna os encontros amorosos e sexuais cada vez mais escassos. Outros dizem, com considerável pesar e mágoa, como o parceiro se esquiva de momentos íntimos, optando por outras atividades ou mesmo criando qualquer desculpa para não fazer sexo. Costumo propor ao paciente a reflexão acerca da vida do casal, como vai a rotina a dois, as atividades diárias de cada um e o que costumam fazer juntos. Fazendo um levantamento deste histórico relacional do casal podemos entender como anda a admiração, o encantamento e o tesão da relação”.

Qualquer conflito entre um casal deve ser pensado em conjunto, como falha da ligação entre duas pessoas e jamais ser simplificado como um defeito a ser corrigido pelo outro, individualmente. Tentem não apontar a “culpa” em alguém e nunca se culpe por isso. O problema pode ter sido gerado por várias causas associadas e deve ser trabalhado pelas duas partes.

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Fique atenta aos sinais e alguns motivos mais comuns que podem levar a esse problema e como resolvê-los:

1. Acomodação e rotina

O dia a dia de qualquer casal, o tempo de relacionamento e a inevitável rotina podem resultar no implacável desgaste relacional e apagar a chama da paixão. O fogo ardente dá espaço apenas para o companheirismo, amizade, responsabilidades em comum e, em alguns casos, nem isso.

A melhor maneira de resolver essa situação é levantar a poeira e quebrar a monotonia. “Encontre algum tempo na semana para uma noite romântica, um encontro mais íntimo em um motel, compre uma lingerie nova, etc. Procure esquentar a relação para que ela não se perca nas inúmeras atividades do dia a dia. Devemos sempre surpreender nosso parceiro e também sermos surpreendidos, para que assim a chama da paixão se mantenha”, sugere Pâmela Magalhães.

2. Discussões e brigas em excesso

Brigas sem razão e desentendimentos constantes geram mágoas e algumas feridas que podem ser difíceis de cicatrizar. Com tanto desgaste, é natural a redução da libido e que, ao invés de sexo, tenha-se troca de farpas e reclamações. Faça um esforço para que a convivência seja menos pesada. Um exercício de tolerância constante é fundamental para qualquer relacionamento.

3. Questões físicas ou hormonais

A disfunção erétil e/ou a perda da libido masculina pode ser causada por diversos motivos como fumo, estresse, desequilíbrio hormonal, entre outros. Para problemas dessa ordem, muitos tratamentos são disponíveis e cada vez com mais evolução científica e tecnológica. Nesse caso, cabe tratamento e o apoio da mulher é fundamental. Para isso ela precisa estar a par do que está acontecendo para poder apoiar e exercer sua parte no processo, compreendendo as limitações e as necessidades do momento. Mesmo quando o diagnóstico é puramente físico, pode ser importante o acompanhamento psicológico, já que ambos estarão vivenciando a situação.

4. Estresse no trabalho

Muitas vezes levamos para casa nossas insatisfações no trabalho, excesso de atividades, e irritações. Zangados, desgostosos, descontamos no outro nossas insatisfações, o que vai desgastando a relação e acabando com seu encantamento. Nesses casos fica difícil o clima para o sexo. Segundo a psicóloga Pâmela Magalhães, é importante que você evite levar para casa todo o martírio da rotina e da rotina. “Aproveite para, em casa, curtir seu parceiro, se divertir e sentir-se em paz. Dessa maneira a sexualidade tem mais espaço para acontecer, de um jeito gostoso, sendo um excelente combustível para o bom humor e autoestima”.

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5. Excesso de individualidade

Todos temos nossas preferências, gostos e manias. A questão é que essas particularidades são comuns, mas devem ser bem medidas. Às vezes podemos nos mergulhar em nosso universo pessoal e esquecer que um relacionamento necessita de parceria e troca. O relacionamento não é apenas um convívio físico, mas também companhia, parceria e atenção ao outro. Um relacionamento precisa de conversas, trocas e confianças. Para que uma relação dê certo, precisamos conservar o mundo particular de cada um, mas também o universo em conjunto. Se não, qual a razão de estarem juntos?

6. Reação a medicamentos

Alguns medicamentos podem atrapalhar o alcance e a manutenção da ereção. Antidepressivos, antibióticos, antiácidos e até descongestionantes nasais podem influenciar na libido e na ereção. Nesse caso, se vocês imaginarem que o problema é de ordem física, é bom pesquisarem bem, de preferência com ajuda médica, o que pode estar causando essa disfunção.

7. Falta de diálogo

São tantos os casais que dividem a mesma casa, tem tanta coisa em comum, inclusive filhos! Mas ainda assim não sabem conversar, e então no primeiro problema ou descontentamento discutem, ou então, se calam. A relação passa a cair na indiferença, o que pode ser fatal para a qualidade do convívio.

Converse, estimule o parceiro a se comunicar com você, conte seu dia ao chegar em casa, pergunte sobre o dele, comente um assunto divertido, mostre-se interessada em sua vida e suas conquistas, tudo isso servirá para aproximá-los. O que acha de exercitar mais o diálogo? Faz tempo que vocês não conversam? Ouvir o outro, se interessar pelo seu dia, planos e sensações, fará com que a intimidade seja resgatada aos poucos.

E não se esqueça: não é possível resolver o problema sozinha. Tanto você quanto ele devem estar dispostos a, juntos, procurarem as causas do distanciamento sexual e a se esforçarem para resolver o problema. Um relacionamento deve receber apoio dos dois lados e não apenas de um só. Dediquem-se juntos.

Formada em Jornalismo e produtora de eventos. Tem interesse por tudo relacionado à cultura, comportamento, gente e comunicação.