Bem-estar

25 mitos desmentidos sobre doação de sangue

Um deles é que não há relação entre doar sangue e perder peso. Confira outros mitos sobre o tema e acabe com suas dúvidas

Atualizado em 04.09.23
Foto: Getty Images

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Doar sangue é um ato de amor e, importantíssimo, pois pode salvar vidas. Apesar de muitas pessoas já terem este hábito e de existirem várias ações públicas no sentido de incentivar a prática, é fato que o número de doadores poderia ser maior: muitas pessoas têm certo receio em doar e, principalmente, várias dúvidas em torno do assunto.

Uma pesquisa realizada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com o objetivo de evidenciar o perfil dos doadores e não doadores de sangue no Brasil, mostrou que, do total de entrevistados, 405 pessoas responderam que doar sangue é um ato bom, de amor / solidariedade / humanidade (23,81%). Porém, 739 entrevistados disseram que o motivo pelo qual as pessoas não doam sangue é o medo (36,15%). Quando perguntados sobre o recebimento de algo após a doação, dos 543 entrevistados que disseram ter recebido algo, 161 responderam que a satisfação em ajudar é a maior recompensa (28,20%).

A Fundação Pró-Sangue (Hemocentro de São Paulo) lembra que as transfusões de sangue e hemoderivados ajudam a salvar milhões de vidas a cada ano, aumentar a esperança e a qualidade de vida de pacientes com condições de risco de vida, bem como apoiar procedimentos médicos e cirúrgicos complexos. Também desempenham um papel fundamental na assistência materno-infantil e no atendimento às vítimas de catástrofes naturais e desastres provocados pelo homem.

Para Renato Romano, coordenador do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Newton Paiva, de Belo Horizonte, a doação de sangue é, antes de qualquer definição, um ato de solidariedade ao próximo (conhecidos ou desconhecidos). “Temos várias ações públicas que incentivam a doação de sangue, bem como os benefícios gerados por meio das doações. Ainda existem muitas pessoas que se intimidam em doar, seja por motivos relacionados à religião, mitos, tabus (principalmente após o advento do HIV e AIDS, na década de 1980), seja por falta de informação acerca do processo”, diz.

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“Acredito ainda que seja necessária uma conscientização mais abrangente do processo de doação (tanto dos benefícios, quanto da importância) diretamente ligada ao ensino, a partir das séries iniciais, introduzindo a essência do processo ainda nas crianças”, opina Romano.

Várias pessoas, de fato, confessam ter dúvidas sobre a doação de sangue. E o pior: acabam muitas vezes se deixando enganar por verdadeiros mitos criados em torno do assunto. Há quem acredite, por exemplo, que doando sangue corre o risco de pegar HIV; que não tem um “sangue bom” para doar, entre outras ideias negativas.

Abaixo você confere o esclarecimento para 25 mitos sobre a doação de sangue.

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1. MITO: Doar sangue dói

Araci explica que a coleta do sangue para doação é feita através da punção de uma veia no braço.

Sentir dor é algo relativo, e, para algumas pessoas, doar sangue pode causar certo “incômodo”, mas não é nada exagerado, nada que se diferencie muito da retirada de sangue para exames.

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2. MITO: A pessoa pode pegar HIV durante a doação de sangue

“Todo o material utilizado para coleta do sangue é estéril e descartável”, destaca Araci.

3. MITO: Existe uma quantidade limitada de sangue no corpo e, doando, a pessoa ficará com pouco sangue

“O volume retirado é rapidamente reposto com ingestão de líquidos no dia da doação. A recuperação dos componentes sanguíneos é mais lenta, razão pela qual se recomenda intervalo mínimo entre doações de 60 dias para homens e 90 dias para mulheres”, explica a hematologista Araci.

4. MITO: Doar sangue é ruim porque sempre deixa a pressão baixa

Esta não é uma regra e nem deve ser um motivo de preocupação. “A doação de sangue é feita de forma a preservar o bem-estar do doador, mas, ocasionalmente, pode haver queda da pressão, geralmente de natureza leve e facilmente revertida”, destaca Araci.

5. MITO: Mulher que toma pílula não pode doar sangue

Araci destaca que este é um mito e que o uso de anticoncepcional não impede a doação de sangue.

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6. MITO: Durante o período menstrual a mulher não pode doar

Romana destaca que as mulheres podem doar mesmo no período menstrual, “desde que não tenham anemia comprovada no exame que antecede a doação”.

7. MITO: Vegetarianos não podem doar sangue

Esta não é uma regra, a questão é que “um dos testes recomendados pela legislação vigente verifica o nível de hemoglobina (teste de anemia) antes da doação. Pessoas que não ingerem carne vermelha regularmente podem apresentar nível de hemoglobina abaixo do recomendado para a doação de sangue”, explica Araci Sakashita, hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

8. MITO: Idosos não podem doar sangue

Renato Romano destaca que os idosos que têm até 69 anos podem doar, “desde que tenham doado sangue pela primeira vez antes dos 60 anos”.

9. MITO: Menores de 18 anos não podem doar sangue de forma alguma

“Menores de 18 anos, desde que tenham 16 ou 17 anos são elegíveis, porém, é necessário ter autorização prévia dos responsáveis legais”, destaca Romano.

10. MITO: Quem já fez uma cirurgia plástica não poderá mais doar sangue

“A doação de sangue é permitida de três a seis meses após a cirurgia, dependendo do tipo de cirurgia e anestesia”, explica Araci.

11. MITO: Alguns sangues não são bons para doação

Araci ressalta que a doação de qualquer tipo sanguíneo é sempre bem-vinda.

12. MITO: Quem ingere álcool (socialmente) nunca poderá doar sangue

“A legislação vigente estabelece que a doação de sangue é permitida 12 horas após o consumo social de bebidas alcoólicas”, esclarece Araci.

13. MITO: Todo mundo passa mal depois de doar sangue

Muitas pessoas não sentem absolutamente nenhum incômodo em doar sangue. “O processo da coleta do sangue é feito de maneira a assegurar e preservar o bem-estar do doador. Entretanto, mesmo com todas as medidas preventivas, pode ocorrer mal-estar durante ou após a doação. A observação frequente do doador permite a detecção precoce e melhora de qualquer efeito adverso associado à doação”, destaca a hematologista.

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14. MITO: O material usado na doação não é seguro

Araci ressalta que todo o material utilizado na coleta do sangue doado é estéril e descartável. Dessa forma, não oferece riscos à saúde do doador.

15. MITO: A pessoa que doa sangue uma vez é obrigada a doar de novo

Este é mais um mito, de acordo com Araci. “Doar sangue uma vez não torna obrigatória nova doação”, diz.

A pessoa tem liberdade para doar quando puder (desde que respeitando o intervalo mínimo entre doações de 60 dias para homens e 90 dias para mulheres).

16. MITO: É necessário estar em jejum para doar

“A doação de sangue não deve ser feita em jejum e recomenda-se intervalo de 3 horas após refeição copiosa e rica em gorduras”, destaca Araci.

“Lembramos que o doador de sangue é submetido a um extenso questionário e outras condições que impedem a doação podem ser detectadas no momento da entrevista”, acrescenta a hematologista.

17. MITO: Qualquer medicamento impede a pessoa de doar sangue

A verdade é que tomar medicamentos não é um impedimento automático. Alguns são perfeitamente aceitáveis. Outros, não.

“O uso de alguns medicamentos não permite a doação de sangue, temporária ou definitivamente. No caso de uso de qualquer medicamento, recomenda-se contato prévio com o banco de sangue para certificar-se sobre a possibilidade de doar sangue”, explica Araci.

18. MITO: A pessoa diabética nunca poderá doar sangue

Diabéticos Tipo II (sem dependência de insulina) são elegíveis para doar sangue. “A doação de sangue não é recomendada, de acordo com a legislação vigente, se o portador de diabetes faz uso de insulina”, destaca Araci.

19. MITO: Quem tem vida sexual ativa não pode doar sangue

“Somente o comportamento sexual de risco contraindica a doação, temporariamente”, destaca Romano.

20. MITO: Quem está fazendo dieta (para emagrecer) não pode doar sangue

“Desde que a pessoa não esteja fazendo uso de algum medicamento, ou se enquadre no peso mínimo (50kg), não há contraindicação”, explica Romano.

21. MITO: A doação de sangue não é permitida durante a amamentação

Romano explica que é pedido um prazo de 12 meses após o parto. “A partir de então, a mulher poderá doar sangue normalmente”, diz.

22. MITO: A pessoa não pode fazer sexo depois (no mesmo dia) que doar sangue

Romano destaca que não há contraindicação neste sentido. O importante é respeitar o intervalo de descanso e evitar atividades físicas intensas.

23. MITO: Pessoas com piercing, tatuagem ou maquiagem definitiva nunca mais poderão doar sangue

Romano explica que 12 meses após esses procedimentos as pessoas já podem doar sangue normalmente.

24. MITO: A pessoa que doa sangue não “ganha nada em troca”

Romano esclarece que o doador de sangue tem direito a um dia de folga no trabalho a cada doação realizada.

Além disso, vale destacar: é muito gratificante saber que você está ajudando ao próximo através de uma ação aparentemente tão simples para você, mas tão importante.

A Fundação Pró-Sangue ressalta, porém, que, no Brasil, a doação de sangue não pode ser remunerada em hipótese alguma. De acordo com a legislação que rege os procedimentos hemoterápicos em nosso território, tal gesto deve estar destituído de qualquer espécie de benefício.

25. MITO: Doar sangue emagrece

“Não há relação entre perda ou ganho de peso. A compensação orgânica acontece após o ato de doação sanguínea”, explica Romano.

Dúvidas comuns sobre a doação de sangue

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Abaixo, os profissionais esclarecem outras questões sobre a doação de sangue:

1. Gays podem doar sangue?

Araci explica que a legislação vigente estabelece que o candidato à doação é considerado inapto por 12 meses quando exposto a situações de risco acrescido de exposição a agentes infecciosos que podem ser transmitidos pelo sangue, como, por exemplo: “parceiro sexual de pacientes em programa de terapia renal substitutiva e de pacientes com história de transfusão de componentes sanguíneos ou derivados; indivíduo que tenha feito sexo com um ou mais parceiros ocasionais ou desconhecidos ou seus respectivos parceiros sexuais; homens que tiveram relações sexuais com outros homens e/ou as parceiras sexuais destes; individuo que tenha tido relação sexual com pessoa portadora de infecção pelo HIV, hepatite B, hepatite C ou outra infecção de transmissão sexual e sanguínea”. (Ministério da Saúde. Portaria Nº 2.712, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2013)

2. A pessoa pode praticar esportes após a doação de sangue?

“A recomendação é não realizar esforço físico no dia da doação para minimizar a chance de ocorrer algum mal-estar durante o exercício”, diz a hematologista Araci.

3. É realizado algum exame no sangue doado?

São realizados vários testes para pesquisa de doenças transmissíveis por meio do sangue doado, de acordo com Romano. “Também é realizada uma triagem pré-doação, que pode contraindicar temporariamente ou definitivamente o ato de doar”, acrescenta.

4. Quais os cuidados a pessoa deve ter após a doação?

“Basicamente, recomenda-se descansar e evitar atividades físicas intensas, bem como carregar grandes pesos ou operar máquinas pesadas. O doador faz jus ao abono do dia de trabalho quando se submete à doação de sangue no intuito de garantir essas recomendações”, explica Romano.

5. A hipoglicemia impede a doação?

“No momento que antecede a doação, após a triagem, é dosada também a glicemia (exame que identifica a quantidade de glicose no sangue). No caso de hipoglicemia, a doação será remanejada para outro dia”, explica Romano.

6. Por que as pessoas com peso inferior a 50 kg não podem doar sangue?

“Pois, a cada doação, é doado em torno de 450 ml de sangue, o que corresponde a 10% do volume sanguíneo corporal total do doador. Os indivíduos que têm peso inferior a 50kg podem apresentar algum comprometimento cardiovascular e do sistema hematopoiético (responsável pela fabricação e amadurecimento das células sanguíneas)”, destaca o coordenador Romano.

7. Grávidas podem doar sangue?

“Não se recomenda a doação durante o período de gravidez, inclusive 90 dias após o parto normal e 180 dias após o parto cesáreo”, esclarece Romano.

8. Quem faz tratamento para acne pode doar sangue?

O tratamento para acne é muito específico. “Há tratamentos nos quais se utilizam géis e soluções tópicas, e outros tratamento nos quais são utilizados medicamentos, que por si só não contraindicam, porém, o médico responsável pelo tratamento e pela triagem deverão ser informados”, destaca Romano.

9. Quem está tomando remédio para emagrecer pode doar sangue?

“Deverá ser avaliado pelo médico responsável pela triagem: qual medicamento o doador faz uso e há quanto tempo”, esclarece Romano.

10. Quem está gripado pode doar sangue?

Não. “Deve-se aguardar o período de sete dias após o desaparecimento dos sintomas da gripe”, orienta o coordenador.

11. Quem tem infecção de urina recorrentemente pode doar sangue?

“Antes de descobrir a causa da infecção e o devido tratamento, não se recomenda a doação”, diz Romano.

12. Quem NÃO pode doar sangue?

“Pessoas que tiveram hepatite (há a possibilidade dependendo do tempo de infecção e o tipo de hepatite); presença de uma ou mais doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue, tais como Hepatites B e C, AIDS (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas”, finaliza o coordenador Romano.

Os requisitos básicos para doar sangue são:

  • Estar em boas condições de saúde;
  • Ter entre 16 e 69 anos; pesar no mínimo 50kg;
  • Estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas);
  • Estar alimentado (tendo evitado alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação);
  • Apresentar documento original com foto emitido por órgão oficial (Carteira de Identidade, Cartão de Identidade de Profissional Liberal, Carteira de Trabalho e Previdência Social).

Agora você provavelmente esclareceu suas principais dúvidas em torno do assunto. Lembre-se: doar é um ator de amor, de solidariedade. Se puder, doe!

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.