Bem-estar

Esquece de tomar a pílula? Talvez a injeção anticoncepcional seja para você

Dicas de Mulher

Com revisão da ginecologista e obstetra Dra. Karen Rocha de Pauw

Atualizado em 22.09.23

A injeção anticoncepcional ganhou popularidade devido à sua praticidade e bons resultados. Com esse método contraceptivo, você não precisa se lembrar de tomar a pílula diariamente. A ginecologista e obstetra do Dicas de Mulher esclareceu as principais dúvidas sobre o assunto, falou sobre efeitos colaterais, contraindicações, vantagens e desvantagens. Acompanhe!

Conheça a especialista

Dra. Karen Rocha de Pauw é médica ginecologista e obstetra, com especialização em reprodução humana e ênfase em endocrinologia da menopausa. Ela dedica sua carreira à prática da medicina empática e à disseminação de informações sobre saúde.

O que é injeção anticoncepcional?

A injeção anticoncepcional é um método contraceptivo, geralmente, formulado com estrogênio e progesterona. Ela pode ser aplicada mensal ou trimestralmente – com taxa de falha 0,5% para injetáveis combinados (mensal) e 0,3% para a injeção de progesterona isolada (trimestral). Segundo a ginecologista, a injeção é indicada para quem esquece ou não quer tomar pílula anticoncepcional diariamente, bem como não deseja fazer uso de outros métodos.

Injeção x Pílula Anticoncepcional

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A injeção e a pílula possuem o mesmo mecasismo de ação, entretanto, a primeira suspende a ovulação e reduz a espessura endometrial. Além disso, os injetáveis podem diminuir o fluxo menstrual e causar outros efeitos colaterais.

Antes de decidir qual é o melhor anticoncepcional, vale ler sobre o assunto, esclarecer dúvidas e conhecer vários. No entanto, lembre-se que essa decisão precisa de uma avaliação profissional para garantir seu bem-estar.

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Injeção anticoncepcional mensal

Como já dito, a injeção anticoncepcional mensal é composta por estrogênio e progesterona. Esses hormônios inibem a ovulação e deixam o muco cervical mais espesso, dificultando a chegada dos espermatozoides ao útero. A primeira aplicação deve ser realizada no primeiro dia da menstruação ou, no máximo, até o oitavo dia. A segunda aplicação deve ocorrer 30 dias depois, com tolerância de aproximadamente três dias.

A ginecologista informa que pode ocorrer alterações no ciclo menstrual e, normalmente, o fluxo sanguíneo mensal diminui. Para a fertilidade retornar, basta descontinuar o método. Segundo a especialista, mais de 50% das usuárias engravidaram nos seis primeiros meses após interromper o uso.

Contraindicações

O método é contraindicado para mulheres que não podem usar estrogênio na composição de pílulas ou injetáveis: pacientes com trombose prévia ou forte histórico familiar para eventos tromboembólicos, câncer de mama e tabagistas com mais de 35 anos. Além disso, também não é recomendado para mulheres que estão amamentando, portadoras de doenças cardíacas, hipertensão arterial sistêmica descompensada, enxaqueca com áurea, entre outras.

A injeção anticoncepcional mensal pode causar sintomas desconfortáveis, como ganho de peso, sensibilidade nas mamas e alteração do padrão menstrual, tornando-se um método desvantajoso para algumas mulheres. Apesar das contraindicações e possíveis efeitos colaterais, ela não interfere no prazer sexual, a fertilidade retorna em curto espaço de tempo e diminui a frequência e intensidade das cólicas menstruais.

Injeção anticoncepcional trimestral

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O método injetável trimestral inibe a ovulação, dificulta a chegada dos espermatozoides ao útero e reduz a motilidade tubária.

Para assegurar que a mulher não esteja grávida, é importante iniciar a aplicação durante os 5 primeiros dias após o início de um ciclo menstrual normal. As demais aplicações devem ser feitas em intervalos de 12 a 13 semanas. Segundo a ginecologista, caso passe de 91 dias, é necessário realizar o teste de gravidez, por meio de exame de sangue, antes de retornar ao método. O retorno à fertilidade é mais demorado, podendo ocorrer cerca de nove meses após a última injeção.

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Contraindicações

A injeção anticoncepcional trimestral é totalmente contraindicada para mulheres com câncer de mama. Entretanto, existem casos que devem ser avaliados pelo profissional de saúde. Quando há múltiplos fatores de risco para doença cardiovascular, diabetes com mais de 20 anos de duração ou com doença vascular, bem como doença cardíaca isquêmica, AVC e sangramento vaginal inexplicado.

Se você procura um anticoncepcional para quem amamenta, saiba que a injeção é segura quando formulada somente com progesterona, pois o estrogênico prejudica a produção e a qualidade do leite materno. Quanto às mulheres com endometriose, a especialista orienta a usar métodos que bloqueiam a ovulação para controlar a dor.

Vantagens e desvantagens da injeção anticoncepcional

Qualquer método hormonal para evitar uma gravidez não planejada pode causar sintomas indesejados. Abaixo, a ginecologista lista as principais vantagens e desvantagens dos injetáveis.

Vantagens

Como você pôde perceber no decorrer da matéria, a injeção anticoncepcional apresenta diversas vantagens. Além de ser um método prático, é altamente eficiente. Para facilitar a compreensão do assunto, veja um resumo dos principais benefícios:

  • Não exige ação diária;
  • Seu uso pode ser interrompido a qualquer momento;
  • Não interfere no prazer sexual;
  • Diminui o risco de câncer endometrial;
  • Reduz o risco de anemia ferropriva;
  • Pode melhorar o sangramento vaginal volumoso;
  • Atenua as cólicas menstruais;
  • Reduz os riscos de Doença inflamatória pélvica, gestação ectópica e Leiomiomas uterinos.

Apesar das vantagens, não esqueça das contraindicações já citadas no decorrer da matéria. Além disso, como qualquer método, possui dois lados. Conheça ambos antes de tomar uma decisão.

Desvantagens

É importante lembrar que a injeção anticoncepcional não previne contra doenças sexualmente transmissíveis – os preservativos femininos e masculinos continuam sendo as melhores opções. Outras desvantagens do método são:

  • Ganho de peso;
  • Altera o padrão menstrual;
  • Depende de aplicadores capacitados;
  • Pode ocorrer diminuição transitória da massa óssea.

Somente um profissional pode prescrever a injeção anticoncepcional considerando as contraindicações e possíveis efeitos colaterais. Além disso, ela é aplicada em região intramuscular profunda, como no braço ou nádega. Portanto, não pode ser injetada em casa.

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Efeitos colaterais da injeção anticoncepcional

Assim como outros métodos contraceptivos hormonais, a injeção pode causar alguns efeitos colaterais. A ginecologista informa que a mulher pode ter sangramento irregular e escapes, principalmente nos primeiros três meses de uso. Outros sintomas são: cefaleia, tontura, mudança de humor (nervosismo e depressão), ganho de peso, dores nas mamas, acne e, menos frequentemente, queda de cabelo e hirsutismo (aumento da quantidade de pelos).

Algumas mulheres podem ter retenção de líquido e redução da densidade óssea (DMO). Segundo a especialista, isso acontece devido ao declínio nos níveis de estradiol. Entretanto, estudos comprovaram que a redução da densidade óssea volta ao normal após descontinuar o método, tanto em adultos como em adolescentes.

A médica explica que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o uso de AMPD (formulação com Acetato de Medroxiprogesterona de depósito) em adolescentes, frente às vantagens do método em relação aos efeitos prejudiciais na DMO.

Principais dúvidas sobre injeção anticoncepcional

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Para escolher um método contraceptivo, é preciso considerar diversos fatores, como contraindicações, vantagens, desvantagens, presença ou não de doenças, idade e expectativas da mulher. Abaixo, a ginecologista continua esclarecendo dúvidas que te ajudarão a entender um pouco mais sobre a injeção anticoncepcional. Acompanhe:

Dicas de Mulher – A injeção anticoncepcional pode regular o ciclo menstrual?

Todas as mulheres que usam métodos contendo apenas progestagênio necessitam ser informadas sobre a possibilidade de ocorrer sangramento irregular e escapes, principalmente nos primeiros três meses de uso. Algumas podem apresentar amenorreia, ou seja, ausência de menstruação.

DM: A partir de quantos dias após a aplicação ela começa a funcionar?

Se as injeções foram aplicadas no primeiro dia da menstruação, tanto a mensal ou trimestral, a proteção já começa no primeiro ciclo de uso.

DM: O método protege contra ISTs?

Não, somente os métodos de barreira, como as camisinhas, conseguem impedir a passagem do sêmen para a cavidade uterina. Então, é o único tipo de método que serve para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

DM: Por quanto tempo corrido eu posso usar o método?

Há algumas controvérsias, porém, no geral, o recomendado é usar até 2 anos e, após esse período, optar por outro método.

DM: Posso aplicar a injeção logo após a gestação?

A mulher somente pode começar a usar a injeção anticoncepcional depois de seis semanas do parto.

DM: E após a utilização da pílula do dia seguinte?

Sim, pode! Pode aplicar a injeção anticoncepcional até no mesmo dia que usar a pílula do dia seguinte.

Entender sobre as formas de evitar uma gravidez indesejada é fundamental para o planejamento familiar. Além disso, vale conhecer os métodos contraceptivos disponíveis no SUS. Lembre-se que as informações presentes na internet não dispensam uma consulta médica.

Formada em Letras e pós-graduada em Jornalismo Digital. Apaixonada por livros, plantas e animais. Ama viajar e pesquisar sobre outras culturas. Escreve sobre diversos assuntos, especialmente sobre saúde, bem-estar, beleza e comportamento.