Por Tais Romanelli

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A maioria das pessoas já ouviu falar sobre herpes genital; muitas, porém, têm dúvidas sobre esta doença, sobre como ela se desenvolve e é transmitida, quais são seus sintomas e possíveis complicações.
João Serafim da Cruz Neto, coordenador do Ambulatório de Obstetrícia e Especialidades Ginecológicas do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, explica que herpes genital é uma doença sexualmente transmissível, causada pelo Herpes-vírus Simples (tipo 1 e tipo 2). “Esse vírus pode acometer indivíduos do sexo masculino e feminino que tenham contato sexual sem proteção (uso de preservativo)”, diz.
Eurico Lopes, urologista do Hospital Brasília, reforça que herpes genital é uma doença altamente contagiosa, transmitida na maior parte das vezes por contato sexual. “Mas há também outras formas de se contrair a doença, como contato direto com lesões ou objetos contaminados”, explica.
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Confira mais detalhes sobre essa doença, suas causas e sintomas, e saiba como se prevenir.
Como a herpes genital se desenvolve?

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João Serafim explica que esta é uma doença viral, que forma lesões típicas na genitália e região oral. “Como outras doenças sexualmente transmissíveis, os fatores de risco estão relacionados a práticas sexuais sem uso de preservativo”, diz.
Eurico explica que, em cerca de 2 a 20 dias após o contágio, o indivíduo começa a sentir ardência na área genital. “A seguir, surgem minúsculas bolhas (vesículas). Ao se romper, as feridas liberam um líquido que contém grande quantidade do vírus e é altamente infectante. As pequenas feridas (úlceras) ardem, queimam e incomodam”, diz.
O urologista destaca que, nas fases iniciais, a doença é transmitida com maior facilidade, em razão inversa à capacidade de defesa orgânica do hospedeiro: ou seja, quanto menor a defesa imunológica, maior a chance de contrair a virose. “Além disso, é importante salientar que as úlceras causadas pelo herpes simples são as principais portas de entrada no organismo para o HIV”, diz.
Principais sintomas da herpes genital

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Em alguns casos, a doença pode se manifestar sem sintomas aparentes, mas isso não diminui o risco de transmissão.
Na mulher, destaca João Serafim, o herpes genital manifesta-se com a formação de pequenas vesículas (bolhinhas d’água) agrupadas na região genital (predominantemente na região dos pequenos lábios e região entre a vagina e o ânus), que costumam estar acompanhadas de ardor local. “Após a ruptura das vesículas, pode se formar uma ulceração local (esta, por sua vez, pode servir como porta de entrada para outras infecções). Essas pequenas úlceras geralmente são rasas e de bordas regulares. Não apresentam odor fétido, exceto se tiverem infectadas”, explica.
Eurico Lopes reforça os sintomas da herpes genital nas mulheres:
- Ardência na área genital;
- Surgimento de minúsculas bolhas (vesículas);
- Rompimento das vesículas (que liberam um líquido que contém grande quantidade do vírus e é altamente infectante);
- Surgimento de pequenas úlceras geralmente na parte externa da vagina (mas que podem também se localizar nas partes internas do corpo).
- Durante a fase das úlceras, pode haver febre e ínguas no corpo da pessoa infectada.
No homem, os sintomas são semelhantes. “Após a fase de ardência e formação de vesículas, formam-se pequenas úlceras geralmente na ponta do pênis, mas podem ocorrer em qualquer região do órgão genital”, esclarece Lopes.
Considerações e tratamentos para a herpes genital

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Mas, enfim, existem tratamentos para a herpes genital ou esta é uma doença que não tem cura? Confira os esclarecimentos dos profissionais:
Sem cura: Lopes destaca que existem tratamentos apropriados para reduzir a ação do vírus, porém, a doença não tem cura. “Os medicamentos servem para amenizar a dor, cicatrizar as feridas e aumentar o tempo entre os episódios”, explica.
Melhora espontânea: o ginecologista João Serafim explica que esta é uma doença que costuma se manifestar de forma autolimitada, ou seja, costuma ter melhora espontânea dos sintomas após cerca de 7 dias de manifestação.
Recidivas: o ginecologista destaca que este é um quadro que pode reaparecer (ocorrer repetidas vezes ao longo da vida), e normalmente essas reincidências ocorrem durante algum grau de comprometimento da imunidade da pessoa.
Baixa imunidade: o urologista Lopes reforça que as recorrências são diretamente ligadas a situação de estresse, cansaço físico ou mental, traumatismos ou outras infecções.
Periodicidade: a periodicidade de reaparecimento da doença varia de pessoa para pessoa. “Pode acontecer a cada mês, bimestre, semestre ou até mesmo de ano em ano, mas não tem jeito… Pode voltar a acontecer”, destaca o urologista.
Tratamentos: João Serafim explica que o tratamento é feito a cada episódio da reincidência, e se baseia no uso de antivirais via oral e localmente.
Você pode estar se perguntando: mas quais são os riscos de não tratar a herpes genital?
O ginecologista João Serafim responde que, além do desconforto no local das lesões, há possibilidade de infecções simultâneas da ferida por outros germes, como bactérias, que podem levar a complicações delicadas do quadro. “Também deve-se investigar a possibilidade de contaminação por outras DST’s em pacientes com diagnóstico de herpes genital, devido à possibilidade de transmissão simultânea de outras enfermidades, como HIV, sífilis e hepatites”, alerta.
Eurico Lopes destaca ainda que é preciso ter em mente que há processos patológicos que ocorrem durante a evolução do herpes, como meningoencefalite e infecção secundária. “Mulheres então podem sofrer abortamentos, parto prematuro ou mesmo ter infecção no útero”, diz.
“Os maiores cuidados dizem respeito aos recém-nascidos. O bebê pode ser contaminado na hora do parto, se a mãe apresentar, na época, as lesões características da doença. Indica-se cesárea para estes casos. O herpes neonatal é grave. Pode levar ao óbito ou acarretar sequelas neurológicas ou visuais”, acrescenta o urologista.
Como prevenir a herpes genital

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O uso do preservativo na relação sexual é a melhor maneira de se evitar a contaminação. “Porém, tome cuidado: as camisinhas somente previnem a transmissão nas áreas que elas recobrem. Regiões vizinhas que ficam desprotegidas – como escroto, as coxas, as nádegas e os lábios – podem ser infectadas caso entrem em contado direto com o vírus”, orienta Lopes.
O urologista alerta: “evite fazer sexo se o parceiro estiver com feridas. O herpes genital, dentre as DST’s, é tida como a de mais rápido crescimento numérico”, diz.
João Serafim destaca, porém, que a prevenção baseia-se no uso de preservativo durante o ato sexual independentemente de haver ou não lesão visível na genitália do parceiro sexual, já que a transmissão pode ocorrer mesmo antes de aparecerem as vesículas.
Agora você já sabe que, embora não exista garantia de cura definitiva para a herpes genital, cada episódio de reincidência deve ser devidamente tratado com acompanhamento médico para evitar possíveis complicações. E isso vale tanto para homens como para mulheres.
Além disso, vale reforçar: a prevenção é sempre o melhor remédio… O uso de camisinha durante a relação sexual é essencial para se evitar esta entre outras doenças sexualmente transmissíveis.