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Ghosting: o amor não gosta mais de mim?

Dicas de Mulher

Atualizado em 28.09.23

O mundo moderno trouxe muitas novidades nas formas de comunicação, como a capacidade de conversar por meio de uma tela. No entanto, além de uma grande facilitadora, a tecnologia pode desencadear ansiedade e sentimentos confusos. Por exemplo, você está em um relacionamento com alguém que, de repente, some das redes sociais e nunca mais dá sinal de vida. Essa pessoa está fazendo um ghosting. Entenda o assunto com as explicações da psicóloga Anita Teixeira.

O que é ghosting?

O ghosting é um derivado da palavra, em inglês, “ghost” – fantasma. Segundo Anita, o termo define “o desaparecimento súbito de uma pessoa com quem você tinha um relacionamento. Ela ignora completamente suas tentativas de contato, principalmente nas redes sociais, sem um aviso ou explicação”. Não há um término efetivo.

Na revista Fortune (2014), um artigo afirma que, pelo menos, 78% da geração dos millennials já foi vítima de ghosting. Em 2018, em entrevista para a BankMyCell, a mesma geração relata que preferiu usar dessa fuga para terminar um relacionamento, evitando, assim, o conflito direto com o parceiro.

Como identificar o ghosting?

Será que você já levou um ghosting? Como se trata de uma fuga, é possível perceber, por meio de sinais, que a pessoa está, a todo custo, evitando contato. São eles:

  • Menos contato: a pessoa se torna apática ou não demonstra interesse em manter um diálogo.
  • Não responde as suas mensagens: a pessoa ignora suas mensagens. “Você não consegue se encontrar pessoalmente com ela, pois sempre existe um empecilho”.
  • Corte repentino de contato: o contato é cortado sem uma explicação, brigas ou descontentamento da outra parte.
  • Bloqueio nas redes sociais: “a pessoa te bloqueia após você insistir em tentar contato”.
  • Corte nas tentativas de aproximação: “sempre que ocorre uma tentativa de aproximação, a pessoa se queixa da falta de tempo ou disponibilidade”.
  • Respostas monossilábicas e impessoais: fica óbvio o desinteresse. Além de demorar para responder, quando isso ocorre, chega apenas um “sim”, “não”, “aham” ou emojis pouco significativos, como o joinha.

O ghosting pode mexer muito com a autoestima de uma pessoa, despertando inseguranças e ansiedade. Entenda que esse comportamento diz muito mais sobre o outro do que sobre você. Se perceber que a pessoa insiste em bloquear suas tentativas de contato, o melhor é não insistir e se afastar.

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Por que as pessoas fazem ghosting?

O ghosting é visto como um “mal” do século XXI. Antes mesmo do boom tecnológico, já existiam os comportamentos de “dar sumiço” e “desaparecer” sem uma explicação. Segundo Anita, “atualmente, o fenômeno se popularizou devido às redes sociais que facilitam a comunicação imediata”. No entanto, o que leva uma pessoa a fazer ghosting? A psicóloga lista as principais hipóteses:

  • Dificuldade de falar o que sente: a pessoa não tem mais interesse na relação, porém não consegue se abrir, então, prefere fugir.
  • Medo de magoar e desapontar: “terminar um relacionamento implica lidar com a reação do outro”. Quem tem medo de magoar e desapontar prefere sumir sem explicações.
  • Evitar conflitos: “a pessoa não quer se responsabilizar pela decisão ou tem medo de conflitos, preferindo evitá-los”.
  • Comportamento narcisista: a pessoa não tem empatia pelo outro e pensa apenas em si própria. Ela não está interessada em ouvir a outra parte.

O ghosting é um sintoma dos relacionamentos atrás da tela. Falta cuidado, sensibilidade e consideração. Você não deve fazer para o outro o que não deseja para você. O sumiço desperta preocupação, culpa e angústia emocional. Entretanto, tudo tem dois lados. Acompanhe o próximo tópico.

É errado fazer ghosting com outra pessoa?

Anita explica que não se deve fazer um julgamento moral de certo ou errado. É preciso dialogar sobre as consequências do ghosting para ambas as partes. “Quem faz, por apresentar insegurança e receio do conflito, pode se sentir culpado, desencadeando o próprio sofrimento. Já a pessoa que sofre pode se sentir devastada, deprimida e ansiosa”. Nos dois casos, vale fazer psicoterapia e buscar o autoconhecimento.

Como terminar com alguém sem causar sofrimento?

É difícil terminar um relacionamento sem causar sofrimento, principalmente se a outra parte ainda acredita na relação. Para Anita: “você tem controle sobre seus sentimentos e ações, entende como você lidaria com isso, mas não sabe como o outro irá reagir, pois essa questão depende das vivências dele”. O melhor que você pode fazer é ter responsabilidade afetiva e propor um diálogo, explicando o porquê não vê mais futuro na relação e acredita que o término seja a melhor opção.

Como lidar com o sofrimento de levar ghosting?

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O término de namoro nunca é fácil, tanto que é comum vivenciar as cinco fases do luto. Nos casos de ghosting, pelo afastamento repentino, o sentimento pode vir ainda mais forte, acompanhado de ansiedade e questionamentos. Nesse momento, é natural sentir dor. Confira as dicas de Anita para lidar com o sofrimento:

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  • Aceite e viva suas emoções: “expectativas foram criadas ao longo da relação e, agora, você se sente frustrada. Permita-se chorar e viver suas emoções”.
  • Não se culpe: você não tem culpa do que aconteceu. Não tente achar motivos para justificar o sumiço da pessoa.
  • Compartilhe o que sente: “desabafe com pessoas de confiança, como seus amigos e familiares. Busque apoio nessa rede e não tenha medo de se sentir vulnerável”.
  • Divirta-se: saia com os amigos, pratique um esporte, leia e veja filmes. Encontre uma atividade que ama para se distrair um pouco da situação e se sentir bem em sua própria companhia.
  • Ressignifique as lembranças: não fuja dos lugares que ia com a pessoa, mas ressignifique as lembranças. Convide um amigo ou familiar e repita os passeios de um jeito diferente.
  • Procure a ajuda: “se necessário, procure ajuda de um psicólogo para poder elaborar essa vivência do luto e lidar com a situação da melhor forma possível”.

Se você está passando por uma situação de ghosting, foque no autocuidado. Olhe com carinho para as feridas abertas, sempre lembrando que você não tem controle sobre o comportamento da outra pessoa. A comunicação aberta é a base para relacionamentos saudáveis e construtivos.

Escritora com 8 livros publicados e apresentadora de um programa de rádio sobre literatura nacional, o Capivaras Leitoras. Ama ler, viajar e passar um tempo com a Buffy, sua cachorrinha vira-lata.