Sociedade

Bê-a-bá do feminismo: da primeira onda às vertentes contemporâneas

Atualizado em 04.10.23
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Muito se fala, mas pouco se conhece. Você sabe o que é o feminismo? Entenda mais sobre e conheça a história desse importante movimento. Descubra também grandes conquistas feministas que fazem sua vida hoje ser muito melhor do que nos séculos anteriores. Por fim, ainda há muito pelo que lutar. Veja as pautas e batalhas das feministas atuais!

Mas afinal, o que é o feminismo?

O feminismo é um movimento social, político e filosófico criado e protagonizado pelas mulheres para combater a desigualdade de gênero. A luta feminista tem como principal objetivo atingir a igualdade social, política, econômica, civil e cultural para as mulheres. Combatendo, portanto, os modelos sócio-históricos que se sustentam pelas práticas patriarcais, cujas consequências se revelam cada vez mais desumanas, como, por exemplo, a violência contra a mulher.

O movimento feminista foi e é importantíssimo para o avanço da sociedade. Sem as defesas e as conquistas de direitos, as mulheres provavelmente ainda seriam tratadas como antigamente, subjugadas à figura masculina do pai ou do marido e tendo como único objetivo de vida a reprodução. É claro que, ao longo da história, felizmente existiram mulheres que subverteram a ordem do patriarcado e desafiaram o status quo, mas eram a exceção. Nos últimos anos, a pauta feminista avançou muito e a luta pela emancipação da mulher ganhou força. No entanto, ainda há muito o que ser feito.

O que o feminismo defende

A principal defesa do feminismo é a emancipação da mulher e a luta pela igualdade de gênero. Para o movimento feminista, não deve existir superioridade entre os gêneros, muito menos a subjugação e exploração de um pelo outro. Diferentemente do que pensam as pessoas conservadoras, o feminismo não é um movimento que busca pela superioridade da mulher, ao contrário, a pauta é de igualdade, equidade e justiça.

O feminismo defende que as mulheres devem ter os mesmos direitos e oportunidades que os homens. Defende, também, que as mulheres tenham as mesmas condições financeiras que os homens. Recentemente chegaram a ser noticiados casos de empresas em que os homens são mais remunerados do que as mulheres exercendo o mesmo cargo e a mesma função.

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Também faz parte da pauta feminista a luta pelo direito à educação das mulheres, o direito à cultura, o direito à liberdade sexual, o direito a frequentar lugares que não se limitem ao espaço ou aos interesses do espaço doméstico. No limite, o feminismo defende que as mulheres têm o direito de usufruir da sociedade e tudo o que a permeia, assim como os homens.

E por que o feminismo é tão importante?

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A primeira coisa que é preciso entender quando se fala de movimentos políticos, sociais e ideológicos é que, na história (sobretudo ocidental), a sociedade se desenvolveu pela disputa de poder. Ou seja, determinado grupo social disputou o poder com outros grupos (por meio de guerras, arranjos políticos, controle financeiro, perseguição religiosa, exploração de força de trabalho, etc.) para conseguir governar de acordo com os seus interesses.

O segundo item essencial para a compreensão dos movimentos sociais são as leis e a legislação. Por mais que haja uma Constituição que legisle sobre todas as pessoas, garanta direitos e postule os deveres de cada um, suas leis foram feitas por um grupo seleto de pessoas que as fizeram para benefício próprio e para continuarem no poder. Com o passar do tempo e com a legislação arbitrária em vigor, o grupo influente começa a estruturar a sociedade, ou seja, o patriarcado, o machismo, o racismo, a LGBTQIAPN+fobia são problemas estruturais, porque essas discriminações e explorações foram o modelo que formaram a sociedade tal como é hoje.

É por isso que nem toda lei é justa e algumas legislações precisam mudar, pois nem tudo foi escrito e outorgado pensando na humanidade em sua pluralidade (mulheres, negros, indígenas, LGBTQIAPN+ etc.), mas sim em um grupo específico que deseja se manter no poder: o homem branco heterossexual e cisgênero, que dita todos os padrões que devem ser seguidos. Assim, o movimento também busca reformular e criar leis que deem conta de proteger as mulheres. Nesse sentido, o feminismo é um movimento muito importante para combater essa padronização, exploração e abuso de poder. Veja, a seguir, alguns dos problemas sociais que o feminismo combate:

Violência doméstica

A professora doutora do Departamento de Psicologia da UNESP-Bauru, Nilma Renildes da Silva, especialista em violência contra a mulher, criança e adolescente, discorre sobre a violência doméstica, uma das expressões da violência contra mulher. Segundo a pesquisadora, seu enfrentamento ganhou força nos últimos anos com as lutas feministas, sobretudo na perspectiva legal, como na Lei Maria da Penha (nº 11.340/2002) e na Lei do Feminicídio (nº 13.104/2015). No entanto, ainda segundo a especialista, nesses últimos anos, com a pandemia da COVID-19, houve o escalonamento dos crimes contra a mulher e a reafirmação dela no papel doméstico.

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A professora ressalta que “a participação das mulheres na luta pela exigência no cumprimento e para a implementação dessas leis é fundamental”, e vai além ao explicar que a violência doméstica assola as vidas das mulheres não apenas na manifestação de danos físicos, mas também verbais, psicológicos, morais, patrimoniais e os abusos sexuais.

Para concluir, Renildes explica que não se deve negligenciar as violências verbais (gritos, xingamentos, humilhações e manipulações), morais (difamações etc.) e patrimoniais (obstruir ou impossibilitar a independência financeira da mulher), pois elas também resultam em problemas psicológicos e eventuais doenças psicossomáticas.

Violência contra a mulher

Ainda segundo a especialista, a violência contra a mulher é um fenômeno mais complexo que passa pelas esferas social, educacional, cultural, política e econômica, “não se resumindo apenas às perversões dos homens”. Renildes alerta para como boa parte da sociedade se beneficia com a manutenção da violência contra mulher, por ser um problema estrutural.

A professora fomenta o questionamento: como seria, para a sociedade, se o trabalho doméstico realizado pelas mulheres fosse remunerado? Ou ainda, “a quem interessa que as mulheres recebam menos que os homens?” A matéria começa explicando sobre a disputa de poder que move boa parte da sociedade ocidental. Esse é o ponto convergente entre as questões estruturais da violência contra a mulher. A opressão de gênero, assim como o racismo, está a serviço da manutenção de uma classe específica no poder.

Por fim, a professora instrui perceber como todas as exclusões (de mulheres negras, indígenas etc.), assim como a imposição do estereótipo de “mulher do lar”, são, na verdade, formas de controle e opressão. Fato que as lutas feministas tentam cessar, tanto pelos meios teóricos quanto práticos.

Assédio

A questão do assédio é extremamente profunda, porque ela não se limita ao ato em si – que deve ser repudiado e criminalizado em toda e qualquer circunstância – mas também à concepção que uma sociedade baseada nas formas de exploração tem sobre o corpo feminino.

O corpo da mulher não pertence a ela. O governo, os patrões, os maridos, os homens em geral se veem no direito de legislar sob o corpo feminino e de entendê-lo como um objeto para ser usado da forma que os convém. Esse é um dos motivos para a manutenção do assédio e da cultura do estupro. O ato é, pois, movido por uma ideologia machista e misógina.

A pauta feminista pela emancipação das mulheres é necessária para que mulheres se apoderem de seu corpo e se empoderem politicamente na sociedade. O feminismo passa a ser um instrumento teórico e prático, na medida em que ensina as mulheres a se entenderem como seres (combatendo a visão machista objetificada) e a se manifestarem, munindo-as com recursos para enfrentarem essa rede de opressão.

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Embora seja difícil e doloroso quebrar esse sistema, é preciso lembrar e acreditar ser possível transformar a realidade. Com o avanço e a popularização das discussões feministas, muitas mulheres conseguiram criar uma rede de apoio e foram capazes de denunciar seus algozes.

Um bom exemplo disso é o movimento #MeToo, iniciado no fim de 2017, para denunciar os assédios e agressões sexuais sofridos principalmente no ambiente profissional. As acusações feitas contra o produtor cinematográfico Harvey Weinstein, veiculadas pelas grandes mídias mundiais, provam ser possível lutar contra o machismo e ter resultados positivos.

Disparidade Salarial

A disparidade salarial entre homens e mulheres é um problema que ainda hoje continua. Segundo o IBGE, as mulheres recebem 20,5% a menos do que os homens, ocupando os mesmos cargos, exercendo as mesmas funções, tendo a mesma idade, cor e escolaridade. Os dados ficam mais alarmantes quando se trata da mulher negra, haja vista que, conforme o IBGE, os negros recebem 31% a menos do que os brancos.

Ao pensar a questão de um modo mais amplo, considerando as oportunidades e as condições de trabalho, a situação para as mulheres sempre foi pior. O trabalho doméstico, majoritariamente exercido por mulheres, não é remunerado e sequer reconhecido e atua como uma segunda jornada de trabalho.

Em uma sociedade alicerçada no machismo, no racismo e na opressão de classe, as mulheres acabam trabalhando mais do que os homens, porque o trabalho de cuidar da casa e dos filhos, conhecido como trabalho de reprodução social, não é dividido. Ainda que esteja na Constituição, no art. 226, § 5º, que “os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”.

O feminismo, nesse sentido, é essencial para lutar pela igualdade dos direitos, pela busca da independência e autonomia financeiras da mulher e contra o assédio moral no trabalho. Um exemplo de transformação da realidade foi a conquista das licenças de maternidade e de paternidade, visto que os pais são tão responsáveis pelos filhos quanto as mães. O movimento agora busca equivaler o período da licença maternidade e paternidade, que atualmente é de 120 dias para mães e apenas 5 a 20 dias para o pai.

Conheça a história do feminismo

Até aqui você conheceu alguns meios de atuação do feminismo, mas como tudo começou? Normalmente, o feminismo é separado em três ondas, cada uma delas com um objetivo principal e uma concepção de mundo diferente. O que é natural, tendo em vista que a sociedade se desenvolve e se modifica ao longo da história.

Contudo, antes de entender as três ondas do feminismo, é importante saber que a visão histórica é centrada na Europa e nos Estados Unidos, por isso, quando se classifica os momentos do feminismo, raramente são consideradas as linhas do mulherismo (uma teoria que coloca a questão da raça no cerne do problema) e do feminismo pós-colonial (que trabalha os impactos da colonização) desenvolvido pelas mulheres do Caribe, da América Latina, da África e do Sudeste Asiático.

Primeira onda do feminismo

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A primeira onda do movimento feminista foi marcada, na visão eurocêntrica, pelas mulheres brancas inglesas e francesas, de classe média no final do século XIX. Inspiradas pelas conquistas da Revolução Francesa (1789), elas lutavam por igualdade, liberdade e fraternidade, lema que só se aplicava aos homens. Porém, as mulheres e homens negros tiveram um papel importante no movimento sufragista também.

A primeira grande ação foi realizada em 1791, por Olympe de Gouges, que escreveu o panfleto “A declaração dos direitos da Mulher e da Cidadã”. Gouges reivindicava por direitos igualitários entre homens e mulheres, baseando-se na “Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão”, como o direito ao voto, o acesso às instituições públicas, liberdade profissional, direitos de propriedade e herança etc. No entanto, a declaração foi negada e ignorada pelas autoridades francesas.

Em 1792, a inglesa Mary Wollstonecraft escreveu o texto “Reivindicação dos direitos das mulheres”, criticando o pensamento dos iluministas do século passado, que defendiam a submissão das mulheres. Contudo, esse texto também foi ignorado pelas autoridades inglesas. Em 1868, a inglesa Kate Sheppard liderou o movimento sufragista na Nova Zelândia, sendo o primeiro país do mundo a garantir o direito ao voto para as mulheres.

Mas é somente em 1897, com o movimento Sufragista idealizado pelas mulheres inglesas (brancas e negras, juntas), que finalmente a luta feminina obteve visibilidade. O movimento buscava pelo sufrágio das mulheres (direito ao voto). Nesse mesmo ano, a educadora Millicent Fawcett criou a fundação da União Nacional pelo Sufrágio Feminino, responsável por elaborar os aspectos legais do requerimento à Assembleia Legislativa inglesa.

A luta, contudo, foi longa, mais de 10 anos após iniciado o movimento, em 1913 é que houve a primeira grande repercussão, quando a ativista Emily Davidson se jogou embaixo do cavalo do Rei durante a 134ª edição da corrida Epsom Derby. A partir daí, o movimento ganhou mais força e, por conta dos impactos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), sobretudo na diminuição da força de trabalho masculina e aumento da feminina, em 1918 o parlamento inglês aprovou o sufrágio feminino.

Aqui é necessário fazer um parêntese para levantar uma questão de narrativa e refletir sobre o perigo da história única, como aborda Chimamanda Adichie. Segundo a pesquisadora Ilze Zirbel:

“Inicialmente, as narrativas sobre as ondas privilegiaram a ação de feministas brancas da classe média estadunidense e ativistas brancas inglesas e francesas. […] E elas podem e devem ser contestadas, […] uma vez que ocultam a forte atuação das mulheres da classe operária e das mulheres negras – para dar apenas dois exemplos – dentro e fora dos limites fronteiriços desses países. Sem elas, as ondas não teriam sido realmente ondas, pois não haveria força suficiente para fazer a pressão necessária às mudanças que reivindicavam.”

– Ilze Zirbel

Segunda onda do feminismo

Classifica-se como segunda onda do feminismo o período compreendido entre as décadas de 1960 a 1980. Ainda que na maior parte dos países os direitos legais das mulheres fossem iguais aos dos homens, essa igualdade se restringia às constituições e legislações, porque, na vida cotidiana, as mulheres ainda eram submetidas e submissas aos mandos dos homens.

É só pensar nas propagandas da Era de Ouro norte-americana, nas quais as mulheres sempre apareciam em funções domésticas. Por isso, a partir da década de 60, o movimento feminista, ainda protagonizado por mulheres brancas, passa a se questionar sobre o que é ser mulher, qual é o papel da mulher na sociedade e o que elas podem fazer (o que quiserem!).

As críticas vão na direção da discriminação e desigualdade social, cultural, política, econômica e sexual. As perguntas giravam em torno de “por que cabe às mulheres apenas o papel de mãe e esposa?”.

Nesse sentido, também reivindicavam mais oportunidades trabalhistas e melhores condições de trabalho. É nessa onda que nascem novos pensamentos filosóficos propostos por mulheres, como o da francesa Simone de Beauvoir. Embora seu livro mais famoso (O Segundo Sexo) tenha sido publicado anos antes, em 1949, as ideias nele contidas começam a aparecer no discurso do movimento nas décadas subsequentes.

A grande crítica, portanto, é ao patriarcado e aos modelos patriarcais. O movimento feminista, nessa onda, tem por objetivo desafiar e subverter a visão construída e imposta à mulher. Quem deve definir o que é ser mulher e como é ser mulher é a própria mulher, e não a sociedade patriarcal e machista.

Importante mencionar que foi nesse período que se iniciou o feminismo islâmico, que busca a igualdade para as mulheres no contexto político e religioso dos países islâmicos.

Terceira onda do feminismo

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Já a terceira onda do feminismo, iniciada a partir da década de 1990, tem como principal objetivo dar conta das diferenças entre as mulheres e despadronizar a luta feminista, haja vista que devem-se considerar, quando se luta e quando se analisa as lutas, as questões de classe, raça, região, idade e muitos outros eixos.

Esse terceiro momento do movimento feminista busca mostrar que o feminismo não é único e não tem uma pauta única, ao contrário, é um movimento plural e complexo. “Mulher” não deve ser entendido como um conceito único, abstrato e geral. Pelo contrário, ele deve ser compreendido em sua complexidade, considerando os seres concretos e as múltiplas determinações que compõem a vida de cada uma das mulheres.

É a partir dos questionamentos e críticas das mulheres negras e lésbicas que se vê a inserção das interseccionalidade, considerando os eixos acima mencionados. Nessa onda há diversos nomes para serem citados como referência: Rebecca Walker, Jennifer Baumgardner, Angela Davis, Bell Hooks, Sueli Carneiro, Audre Lorde, Maxine Hong Kingston, Carol Gillian, entre outras escritoras feministas.

Embora haja a separação do movimento em ondas, é necessário entender que as conquistas feministas de cada período foram incorporadas pelos seguintes. O que não significa que não se deve estar vigilante, pois “basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados” (BEAUVOIR, 1949).

Um pouco do feminismo no Brasil

A história do feminismo no Brasil começa no século XIX com algumas tentativas legais de instituir o voto, mas as medidas não obtiveram resultado. Nessa época, tivemos a figura de Nísia Floresta, considerada uma das primeiras feministas brasileiras. Ela foi educadora, escritora e poetisa, defensora do abolicionismo e republicanismo, também escreveu várias obras em defesa dos direitos das mulheres, dos negros e dos indígenas.

A única profissão permitida à mulher de classe alta brasileira era o magistério. Por mais que fosse importante que a mulher pudesse trabalhar com isso, o magistério foi uma forma que os homens encontraram de controlar e limitar a formação da mulher. Segundo a pesquisadora Regina Zilberman, o magistério resolvia alguns problemas, como a falta de profissionais nessa área, haja vista ser uma profissão mal remunerada, também servia para educar (de forma limitada) a mulher. Além disso, existia um fator ideológico muito relevante: a professora ideal deveria ter um aspecto materno, o que negava à mulher a profissão da docência e a mantinha no papel de “mulher, esposa e mãe”.

Já as mulheres pobres e pretas deveriam se submeter a qualquer trabalho a fim de conseguirem sustento. Além de sofrerem a discriminação de gênero, ainda sofriam a da raça. O cenário começou a mudar quando algumas mulheres ocuparam os meios midiáticos e literários. Alguns exemplos dessa inserção são os jornais “Jornal das Senhoras” de 1852, editado por Joana Paula Manso de Noronha, “Belo Sexo” de 1862, dirigido por Júlia de Albuquerque Aguiar, “O Sexo Feminino” de 1873, editado por Francisca Senhorinha da Motta Diniz, “O Eco das Damas” de 1879, de Amélia Carolina Couto, “O Direito das Damas” de 1882, editado por Idalina de Alcântara Costa.

De acordo com Muzart, no ensaio Feminismo e literatura ou quando a mulher começou a falar: “no século XIX, as mulheres que escreveram, que desejaram viver da pena, que desejaram ter uma profissão de escritoras, eram feministas, pois só o desejo de sair do fechamento doméstico já indicava uma cabeça pensante e um desejo de subversão. E eram ligadas à literatura. Então, na origem, a literatura feminina no Brasil esteve ligada sempre a um feminismo incipiente”.

Primeiras repercussões

É apenas no século XX que as ações começam a ganhar força. Alguns fatores que colaboraram para o crescimento do movimento no Brasil foram: as greves de 1917; a criação do Partido Comunista Brasileiro e, portanto, o aumento das discussões progressistas; a Semana de Arte Moderna de 1922; a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, uma fundação criada por Berta Lutz e a Coluna Prestes ativa de 1924 a 1927.

Em 1928, a advogada Miêtta Santiago notou que, na Constituição de 1891, vigente na época, nada havia que proibisse as mulheres de votarem, dado que no código estava escrito, em seu artigo 70, “são eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei”. Nada, no documento, tipificava cidadão apenas como homem, então Miêtta entrou com um Mandado de Segurança e conseguiu uma sentença para votar e se candidatar à deputada federal.

Mesmo não sendo eleita, Miêtta fez história e, a partir desse precedente, o Partido Republicano do Rio Grande do Norte lançou a candidatura da potiguar Alzira Soriano, em 1928, tornando-se a primeira mulher eleita para um mandato político no Brasil, como prefeita do município de Lages, com 60% dos votos.

Movimento feminista nos últimos anos

O feminismo no Brasil passou por diversos obstáculos, assim como em todos os outros países. Mas a partir da década de 1980, o movimento ganhou força e conquistou mudanças legais muito importantes, como a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo, em 1983 e, dois anos depois, o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

Atualmente, o feminismo brasileiro tem como principais pautas a luta contra a violência doméstica, o combate à discriminação nos ambientes de trabalho, o estudo de gênero e da atuação das mulheres em diversos movimentos sociais, a luta pela legalização do aborto, entre outras.

Como grandes conquistas, podemos citar a criação da Lei Maria da Penha, Lei de criminalização do assédio, Lei do feminicídio, Licença Maternidade, direito à pensão alimentícia e muito mais. Caso queira se aprofundar na luta feminista brasileira, algumas teóricas de referência são: Heleieth Saffioti, Sueli Carneiro e Lélia Gonzalez.

Conquistas que todas nós devemos ao movimento feminista

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  • Direito ao voto: hoje é estranho pensar que as mulheres não podiam votar, mas essa era a realidade até 1918, quando o movimento sufragista, na Inglaterra, conquistou o direito ao voto para as mulheres maiores de trinta anos. No Brasil, a conquista é mais recente, apenas em 1932!
  • Meninas podem ir à escola:foi apenas em 15 de outubro de 1827 que as mulheres conquistaram o direito de ir à escola no Brasil.
  • Mulheres podem ir à universidade: só em 1879 é que foi permitido que as mulheres ingressassem na Universidade pelo governo imperial do Brasil. No entanto, as instituições superiores de ensino ainda são, infelizmente, pautadas em sexismo e machismo.
  • Estatuto da mulher casada: esse é um dos documentos mais importantes para garantir mais liberdade e autonomia às mulheres. A Lei nº 4.212/1962 garantiu que as mulheres casadas não precisassem mais da autorização do marido para trabalhar. Nessa lei, também se conquistou o direito à herança e a possibilidade de pedir a guarda dos filhos em casos de separação.
  • Lei do divórcio: com a Lei nº 6.515/1977, o divórcio tornou-se legal no Brasil. Antes disso, a mulher era obrigada a permanecer casada, mesmo sendo infeliz e mesmo em casos mais complicados em que sofresse violência.
  • Lei de igualdade de oportunidade de crédito: até 1974, as mulheres precisavam da autorização de um homem para gastar seu próprio dinheiro. Quando casada, a mulher precisava da permissão do marido para pedir crédito em um banco. Quando solteira ou divorciada, era necessário ir acompanhada de um homem para assinar o contrato no banco.
  • Lei Maria da Penha: A lei Maria da Penha, nº 11.340/2006 é uma grande conquista. A lei define que violência doméstica contra a mulher é crime, ela também tipifica os tipos de violência (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral) e estipula pena de 3 meses a 3 anos. A farmacêutica Maria da Penha foi espancada, torturada e sofreu duas tentativas de homicídio pelo seu ex-marido por 20 anos, até conseguir fazer as autoridades entenderem tais atos como crimes e o condenarem à prisão.
  • Direitos reprodutivos: independentemente da opinião pessoal de cada um, os direitos reprodutivos são fundamentais às mulheres, afinal, cada mulher tem o direito de escolher o que fará com o seu próprio corpo. Os métodos contraceptivos (preservativos, anticoncepcional, pílula do dia seguinte etc.) são essenciais para o avanço da discussão sobre direitos reprodutivos e liberdade e saúde sexual da mulher.
  • Lei do feminicídio: a Lei nº 13.104/2015 reconhece o feminicídio como um tipo qualificado de homicídio, cuja vítima é assassinada simplesmente em função de seu gênero.
  • Assédio também é crime: o movimento feminismo é um grande nome na luta contra o assédio. Uma de suas conquistas foi tipificar o ato como crime, com a Lei nº 13.718/2018. No entanto, ainda há um caminho longo para fazê-la valer, pois, em sua aplicação, muitos casos de assédio ainda não são entendidos como tal.
  • Futebol feminino: você gostou de assistir à Copa do Mundo de Futebol Feminino? Sabia que até 1979 não era permitido que mulheres jogassem futebol (e qualquer outro esporte que, segundo o documento, não condissesse com a “natureza feminina”)? Em 1941, houve até uma manchete de jornal que dizia “Pé de mulher não foi feito p’ra se metter em shooteiras”, e ainda afirmava “as partidas femininas não figuram nos dispositivos legais.

Além dessas conquistas, existem muitas outras. O mais importante é que, graças ao feminismo, cada vez mais as mulheres podem simplesmente ser e se expressar da forma que desejam e se sintam confortáveis. É claro que ainda falta muito, mas o caminho está sendo trilhado!

Entenda o que são as vertentes do feminismo

Embora as ações feministas possam ser praticadas no nosso dia a dia, o feminismo é muito mais do que isso. Existem teorias filosóficas, políticas e econômicas que se baseiam nos preceitos feministas e é por isso que existem diversas vertentes desse movimento. Veja, a seguir, as principais delas:

Feminismo negro

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Os principais nomes do feminismo negro, nos Estados Unidos, são Angela Davis, Bell Hooks e Kimberlé Williams Crenshaw. Na Nigéria, a escritora Chimamanda Ngozi Adichie é um dos grandes nomes dentro do movimento. No Brasil, temos diversas pensadoras: Sueli Carneiro, Lélia Gonzales, Nilma Lino Gomes, Jurema Werneck e Djamila Ribeiro.

O feminismo negro nasce da crítica ao feminismo tradicional, por não considerar em sua pauta principal as mazelas do racismo na vida da mulher preta. Um importante argumento do feminismo negro é o do não reconhecimento, por parte das feministas brancas, da exploração do trabalho da mulher negra.

Enquanto as mulheres brancas lutavam pelo direito de voto, independência financeira e possibilidade de entrar no mercado de trabalho (em empregos respeitados), as mulheres negras já tinham sido forçadas a trabalhar no período escravagista e, após a abolição, o serviço doméstico era reservado, em sua maioria, para as mulheres pretas. Nesse sentido, o feminismo branco não acolheu as pautas e reivindicações das mulheres negras, como, por exemplo, por melhores condições de trabalho.

Outro ponto importante é a saúde física e mental da mulher negra. O feminismo branco não leva em consideração os impactos do racismo sobre a saúde dessas mulheres. A rede de afetos e apoio da mulher negra é menor ou inexistente, comparada à da mulher branca. A opressão da mulher negra é dupla, uma vez que sofre pelas explorações do sistema machista e patriarcal, como também do racismo.

Nesse sentido, o feminismo negro luta para a emancipação da mulher preta, colocando em sua agenda todas essas questões citadas e outras que permeiam a discriminação racial e o impacto na vida das mulheres.

Feminismo indígena

A questão sobre o feminismo indígena requer muito cuidados, pois os pontos levantados acionam outros fatores, que não fazem parte das demais vertentes feministas e, por conta disso, podem ser distorcidos. Em primeiro lugar, há o questionamento sobre a existência de um feminismo indígena. Cada liderança tem uma opinião sobre isso e todas válidas.

A luta indígena é, em primeira instância, uma luta territorial, haja vista que, em função da violência colonial, esses povos tiveram suas terras roubadas e sua população dizimada. Nesse sentido, as instituições (escola e polícia, por exemplo) e todos os aparatos legais não servem de mecanismos de proteção a essa população, já que esses aparelhos não respeitam a cultura indígena. Ou seja, mesmo a Lei Maria da Penha, tão importante para um setor da população, não atende às necessidades indígenas.

Novamente volta-se à discussão sobre o poder. No entanto, no caso indígena, deve-se questionar até a categoria de classe, visto que o modo de organização econômica é diferente. Assim, ao pensar o movimento indígena, há de mobilizar outras categorias de análise, para não cair no erro de homogeneizar a luta.

Outra questão que deve ser considerada é o que diz Potyra Tê Tupinambá: “não é porque é indígena que todos são iguais!” Cada povo tem sua especificidade. Por exemplo, o povo tupinambá tem um sistema matriarcal, ou seja, as opressões de gênero que acontecem na sociedade patriarcal, urbana, ocidental, capitalista e racista não se aplicam aos tupinambás. Isso, no entanto, não significa que não exista violência contra a mulher na comunidade tupinambá. Existe e ocorre, mas por fatores diferentes e, portanto, deve ser enfrentada de forma diferente.

Laís dos Santos, etnia Maxakali, aponta que, para se considerar uma feminista indígena, deveria existir, dentro do feminismo, uma descolonização total, o que é muito difícil de acontecer. Assim, para Santos, sua luta é pelas mulheres indígenas, cuja pauta principal é a demarcação territorial. “É custoso pensar em lutar por alguma coisa quando nem o seu direito à terra está garantido”. Ela ainda aponta a necessidade de lutar contra a violência praticada pelos não indígenas, como a hipersexualização e os estupros. Por fim, Laís ressalta que o machismo de fora foi incorporado em sua comunidade, por isso colocar a mulher como protagonista da luta é uma forma de combater essa opressão.

Segundo Sonia Guajajara, em entrevista, “a garantia dos territórios é a principal pauta dos povos indígenas. Nós, mulheres, não estamos desvinculadas desse processo”. Para ela, a colonização é a causa da violência institucional dentro das comunidades indígenas: “uma outra pauta é a discussão da violência vivida por nós e advinda do processo colonial, que desestruturou as organizações sociais, principalmente as regras internas de organização. A colonização trouxe a violência institucional que atinge principalmente as mulheres”. Guajajara conclui que “o maior obstáculo é a negação da identidade aos povos indígenas, todos, homens e mulheres. Isso afeta duplamente a mulher. Essa negação marginaliza a mulher, coloca o homem no topo, mas não é essa a nossa lógica. A nossa organização social é de complementariedade”.

Já Maria Bárbara, liderança de mulheres da etnia Pankararu em Pernambuco, entende que feminismo é a luta de mulheres que buscam por igualdade e justiça. Nesse sentido, ela entende que sua luta, como mulher indígena, é uma luta feminista. Em sua aldeia, incentivou as mulheres a buscarem autonomia financeira e serem independentes.

Feminismo interseccional

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O termo interseccional foi cunhado pela jurista Kimberlé Williams Crenshaw. Segundo seus estudos, o feminismo precisava entender a questão do gênero alinhada à questão da raça. Para Crenshaw (2002), a interseccionalidade é:

“Uma conceituação do problema que busca capturar as consequências estruturais e dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos da subordinação. Ela trata especificamente da forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras. Além disso, a interseccionalidade trata da forma como ações e políticas específicas geram opressões que fluem ao longo de tais eixos.”

– Kimberlé Williams Crenshaw

É, portanto, um conceito desenvolvido para compreender as diversas formas de opressão em sua complexidade, afinal, todos esses eixos atravessam a existência humana, cada um com sua especificidade.

A partir das discussões iniciadas por Crenshaw, o feminismo interseccional avançou seu debate para a interação entre gênero, raça, classe, orientação sexual, diferença geracional, capacidade física, localização geográfica etc. É importante entender cada um desses eixos, não só para praticar a empatia, mas para lutar contra o preconceito e esses sistemas que oprimem as pessoas simplesmente por pertencerem a determinado eixo.

Entenda por meio de um exemplo: a violência, a discriminação e a opressão que sofre uma mulher, cisgênero, branca, inglesa, heterossexual e de classe média é totalmente diferente da violência, discriminação e opressão que sofre uma mulher, trans, preta, brasileira, lésbica e pobre. Isso porque, para além do gênero, as condições sociais (classe) e geográficas (Inglaterra e Brasil) são muito diferentes. Não é possível negar os privilégios de uma pessoa branca e europeia, que certamente terá mais oportunidade do que mulheres do sul global.

Feminismo radical ou RadFEM

O feminismo radical entende que a raiz da opressão das mulheres é o sistema patriarcal, que utiliza como ferramenta de submissão os papéis de gênero definidos a partir do sexo biológico. A vertente defende que a única forma de acabar com a opressão de gênero é destruindo as formas de dominação masculina, seja em sua manifestação social, política, econômica ou cultural. “O feminismo radical, portanto, baseia sua crítica na premissa de que não só o patriarcado deve ser combatido, mas também os homens, já que esses são os maiores promotores e beneficiados desse sistema”, explica a pesquisadora Daniella Arpino.

Para o feminismo radical, o ideal é a abolição dos gêneros, para se destruir definitivamente o patriarcado. Por isso, as críticas das feministas radicais estão relacionadas a questionar o que é gênero e quais os papeis do gênero na sociedade.

De modo geral, as feministas radicais consideram que as mulheres são o primeiro grupo a serem oprimidos na história e é o tipo de opressão mais difundida, porque existe em toda sociedade. Também consideram que a opressão das mulheres é a mais permanente, porque diferente da classe social, que pode ser extraída ou modificada, as mulheres não podem ser removidas (por isso a ideia de abolir os gêneros).

Feminismo radical e a questão trans

As críticas das feministas radicais em relação às mulheres trans são diversas. Uma delas, segundo Sheila Jeffreys, é que as mulheres trans se subscrevem ao estereótipo de mulher e colaboram para uma visão conservadora do gênero. Outra crítica mais pesada é da ativista Janice Raymond, que considera a transexualidade baseada em “se fazer de mulher de acordo com a imagem do homem”.

A pesquisadora Danielle Arpino discorre que, “a partir deste conceito de gênero centrado em bases históricas, muitas feministas radicais não reconhecem, ou legitimam, mulheres trans como mulheres, já que essas não foram ‘forjadas’ – no sentido literal de ‘moldadas’ – pelo patriarcado para se tornarem mulheres – como as feministas radicais entendem – como sinônimo de oprimidas em favor da manutenção da soberania dos homens no sistema patriarca”.

Um exemplo da perspectiva explicada por Arpino é a fala da autora Chimamanda Ngozi Adichie, que declarou que mulheres trans são mulheres trans (e não apenas mulheres) e complementou: “é difícil para mim, aceitar que então podemos equiparar a sua [em resposta a uma mulher trans] experiência com a experiência de uma mulher que vive desde o início, no mundo, como uma mulher e que não tem os privilégios concedido que os homens têm”.

Em contrapartida, as mulheres trans criticam as feministas radicais por as negarem e excluírem. É preciso entender que as mulheres trans também sofrem com o machismo, com a misoginia, com o sexismo e com o patriarcado. Negar a identidade de mulher a uma mulher trans é negar sua existência e seu direito de ser, o que é considerado transfobia.

Essa discussão é difícil e complexa, mas precisa ser feita. É preciso entender que as mulheres trans têm o direito de ser e de se expressar. Também é preciso entender que, muitas vezes, a subscrição ao estereótipo é o primeiro passo para afirmar a identidade. Talvez para as mulheres cis, isso seja um fato ultrapassado, mas para a mulher trans não é bem assim.

Ecofeminismo

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Essa vertente está ligada aos movimentos socioambientais e tem como objetivo combater o patriarcado, mas na perspectiva de luta pela igualdade entre todos os seres vivos: homens, mulheres e meio ambiente.

Mas primeiro, para entender o surgimento dessa vertente, é preciso compreender que as mulheres são as que mais sofrem com os impactos da destruição do meio ambiente. Segundo os dados da ONU, as mulheres compõem 80% da população obrigada a deixar suas casas ou a refugiar-se por conta dos desastres ambientais. Isso por as mulheres serem as que mais vivem em situação de vulnerabilidade social.

A luta das ecofeministas compreende uma relação entre as causas da destruição do meio ambiente e a degradação da mulher. A sociedade patriarcal e capitalista, para as ecofeministas, tem o objetivo de explorar e oprimir as demais classes, isso vale tanto para as mulheres como para a natureza. Em ambos os casos, o homem se vê no direito de explorar e oprimir, até provar o aniquilamento. No caso das mulheres, o machismo mata; no caso da natureza, o capitalismo explora tanto os recursos naturais e os seres vivos que destrói o planeta.

Assim, o ecofeminismo busca lutar tanto pela causa da mulher quanto pela do planeta, dado que existe uma relação intrínseca entre a opressão da mulher e a exploração do meio ambiente. Para a ativista Zo Randriamaro, “uma visão alternativa da atividade econômica deverá ser a satisfação das necessidades de todos dentro dos limites do planeta, em vez de um crescimento ilimitado custe o que custar”.

Essas são algumas das vertentes do feminismo. Existem outras! Como é mostrado, o feminismo é um movimento plural e é preciso fomentar cada vez mais a discussão a fim de avançar na conquista de igualdade, liberdade e emancipação das mulheres.

Quer conversar sobre feminismo?

Os temas do feminismo foram abordados, nesta matéria, de um modo mais superficial. Foi uma introdução, mas ainda falta muito! Veja alguns vídeos que tratam de temas extremamente importantes para a discussão feminista, como as relações entre homens e mulheres indígenas, a solidão da mulher negra, a questão da transexualidade e os impactos financeiros dos avanços feministas.

Luta da mulher indígena

Este vídeo é imprescindível para se entender algumas das sociedades indígenas e como é a luta das mulheres nas aldeias! As três convidadas Márcia Wayna Kambeba, Taily Terena e Marize Vieira de Oliveira conversam sobre como é a relação entre homens e mulheres nas sociedades indígenas e como as lutas das mulheres compõem a luta indígena por território.

Solidão da mulher negra

Este vídeo é muito importante para introduzir o assunto sobre a solidão da mulher negra, uma discussão muito cara ao feminismo negro. Djamila Ribeiro explica como o racismo estrutural provoca a exclusão histórica das possibilidades de afeto na vida da mulher negra.

Feminismo e mulheres trans

Neste vídeo, a professora de filosofia Atena Beauvoir nos explica os conceitos filosóficos implicados na vida das pessoas trans, relacionando também a luta feminista. Também vale a pena assistir à parte 2!

5 conquistas do feminismo

Confira, neste vídeo, 5 conquistas do feminismo, como o direito à educação (com a guerreira Nísia Floresta), o direito ao voto (movimento sufragista), o direito à autonomia, o direito à proteção em casos de violência doméstica (Lei Maria da Penha e Lei do Feminicídio) e os direitos reprodutivos.

O movimento feminista está presente no seu dia a dia, em detalhes que você pode até não perceber. Isso porque ele combate um sistema de opressão patriarcal que também age no cotidiano de toda mulher, como em expressões do micromachismo, você conhece?

Graduada em Filosofia e Letras Português/Francês. Uma capricorniana um tanto perfeccionista, apaixonada por poesia e cinema. Estuda Drummond e Lukács.