
iStock

Muitas dúvidas surgem durante a gravidez, inclusive as relacionadas ao parto. Pensando nisso, conversamos com a ginecologista e obstetra Patrícia Germanovix do Carmo (CRM PR 21605 | RQE 16603), que nos contou tudo sobre a episiotomia para te deixar por dentro. Confira!
O que é episiotomia?
Episiotomia é uma incisão (corte) realizada na região do períneo, que é o músculo entre a vagina e o ânus, para ampliar o canal do parto. Patrícia conta que, até pouco tempo, era ensinada como rotina necessária na prática obstétrica para evitar que o períneo se rasgasse e com isso lesionar o ânus e o reto (parte final do intestino).
Atualmente, não deve ser praticada dessa forma indiscriminada. Mas as reais indicações também não são claras, podendo-se considerar algumas como necessidade de parto instrumentalizado (forceps ou vacuo-extrator), sofrimento fetal, acesso para fletir a cabeça do bebê, macrossomia fetal (bebê muito grande e os ombrinhos não passam), apresentação pélvica (bebê sentado). Patrícia ainda aponta que ela deve ser sempre realizada com anestesia (local ou raqui).
Riscos e consequências da episiotomia
“A verdade é que se fazia um grande corte para se evitar uma laceração que podia nem acontecer ou que seria na maioria absoluta das vezes pequena”, afirma a médica.
Publicidade
Relacionadas
Portanto, devemos nos atentar às consequências do procedimento, a fim de não submetermos a mãe a um risco desnecessário. Patrícia aponta que a cicatrização pode causar “fibrose”, que deixa a região endurecida e com pouca elasticidade, causando dores locais e durante a relação sexual, prejudicando a qualidade de vida da mulher. Além disso, aumenta sangramento e risco de infecção.
Mais dúvidas sobre episiotomia respondidas
- Quais são os tipos de episiotomia? Ela é habitualmente realizada “médio-lateralmente”, isso significa que é do meio do períneo para o lado direito, direcionando o corte para longe do ânus. Mas também pode ser “mediana”, bem no meio do períneo.
- Quantos pontos são dados na episiotomia? A quantidade de pontos para fazer a episiorrafia (fechamento) da incisão vai depender do tamanho em extensão e profundidade.
- Qual a diferença entre episiotomia e episiorrafia? A episiorrafia é a sutura (fechamento) do corte feito na episiotomia. Esta sutura é feita em camadas de dentro para fora, devendo-se respeitar os tecidos.
- Qual a diferença entre laceração e episiotomia? Laceração é a lesão ocasionada naturalmente pela saída do bebê, classificada de acordo com sua localização (peri-uretral, parede vaginal ou perineal) e profundidade no períneo, sendo grau 1 quando envolve só a mucosa, grau 2 quando chega na camada muscular mais externa, grau 3 atinge a mais interna e grau 4 lesa o ânus/reto. Patrícia diz que muitos estudos mostram que na maioria absoluta das vezes acontece até laceração grau 2, sendo as mais profundas bem pouco frequentes, por isso chegou-se à conclusão de a episiotomia não ser absolutamente necessária.
- Episiotomia é crime? A prática de episiotomia seletiva não é crime. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera aceitável que seja realizada em até 10% dos partos assistidos, isso mostra que a prática não é absoluta e que está havendo critério em sua realização.
Segundo a ginecologista e obstetra, o mais importante é que a mulher seja informada sobre todo e qualquer procedimento que se julgue necessário durante seu atendimento. Ter um bom vínculo com a equipe que a assiste é parte fundamental na humanização, isso facilita o entendimento e melhora a assistência.
Experiências com episiotomia
Selecionamos vídeos que abordam informações sobre a episiotomia, além da experiência de mulheres que passaram pelo procedimento. Solte o play e se informe.
A episiotomia é necessária?
Eleonora Moraes é psicóloga e doula, e passou pelo processo de episiotomia. Ela nos conta como é feita, se é necessária e como foi sua experiência, com direito à imagens que explicam a anatomia do corpo feminino. Vale conferir!
Sobre violência obstétrica
Publicidade
Bela Gil nos conta sobre o que caracteriza a violência obstétrica, citando exemplos e quais são nossos direitos. Além disso, nos conta sua experiência com a episiotomia. Ficou interessada? Clique no vídeo e saiba mais.
Como lidar com uma complicação pós-parto
Infelizmente, algumas mulheres passam pela episiotomia e uma laceração, ou até pelos 2 problemas juntos. Esse é o caso da Fefa, que nos contou sobre sua cicatrização e deu dicas para ajudar outras mamães nesse processo. Acompanhe!
A informação é a melhor arma que podemos usar para nos proteger de situações como a episiotomia. Por isso, conheça seus direitos e lute por eles! Saiba tudo sobre o puerpério para uma melhor experiência com a maternidade!

Fernanda Mocki Colombo
Acadêmica de psicologia apaixonada por todas as formas de se expressar.