Bem-estar

Afinal, a idade é só um número em um relacionamento?

Dicas de Mulher

Mulheres compartilham experiências e contam os desafios de se relacionar com homens mais jovens

Atualizado em 09.06.23

Famosas como Fátima Bernardes, Tatá Werneck e Adriana Esteves são só algumas das mulheres que ultrapassaram a linha do preconceito e assumiram relações com homens mais jovens. No entanto, independentemente de estarem sob os holofotes, essas mulheres enfrentam muitos desafios e, os principais são lidar com machismo.

Apesar disso, uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, apontou que 36% das mulheres, após se divorciarem, preferem se relacionar com homens mais novos. Assim, ao estarem com um homem mais jovem, recuperam a autoestima e o bem-estar físico e mental perdidos em relações anteriores. Contudo, ainda há estereótipos e preconceitos de que a mulher deve buscar parceiros “superiores” em termos econômicos, sociais e etários.

Como lidar com essas questões e enfrentar esses estigmas? A idade é, de fato, só um número? O Dicas de Mulher conversou com três mulheres que se relacionam com homens mais jovens. Elas relatam as suas experiências e mostram que a idade está longe de ser um fator impeditivo para o relacionamento. Confira!

Como tudo começou

A biomédica Camila Arce Nichelle, de 33 anos, e o namorado de 20, faziam academia no mesmo horário, mas nunca se cumprimentaram. Ela conta que em março deste ano, ele mudou de horário, então tomou coragem para saber mais sobre o rapaz.

“Eu imaginava que ele era mais novo, mas não tanto! Então, pedi para um amigo conseguir o Instagram dele para saber se namorava. Com o Instagram privado, só tinha o nome e a idade na Bio. Aí fui procurá-lo no Tinder: se fosse solteiro, estaria lá. Dito e feito, em poucos dias o match foi feito e começamos a conversar.”

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Já a vendedora Diva de Menezes, conheceu o seu companheiro por meio de amigos em comum, e a diferença de idade entre eles é de 17 anos. Agora a dona de casa Ângela Florentina, de 53 anos e o namorado de 45, se conheceram por meio das redes sociais.

Como é se relacionar com um homem mais jovem?

Ângela conta que já se relacionou com homens mais novos e acredita “que quando existe um passado, seja ele bom ou ruim, sempre haverá troca de experiências para mudarmos o que não foi bom no relacionamento anterior.”

Ela ainda diz que a desvantagem em se relacionar com pessoas mais jovens, “é ter de ceder e entender que, mesmo tendo vivido outras experiências, é preciso estar aberta para ter novas histórias.” Diva menciona o lado vantajoso da sua relação e aponta o companheirismo, disposição e proteção” presentes em seu relacionamento.

Já Camila, diz ser “vantajoso conhecer uma cultura bem diferente da minha (como músicas, gírias, roupas), ter um namorado menos traumático é muito bom também, porque com o tempo, a gente fica mais calejada e isso pesa um pouco.” Além disso, ela conta que a troca de conhecimentos é incrível e que todo dia surge algo novo. “Temos experiências diferentes, então conseguimos nos ajudar mutuamente.”

Sobre o lado negativo do relacionamento, Camila compartilha que as desvantagens estão associadas à rotina de horários e compromissos, “mas claro que a maturidade, ou a falta dela para lidar com determinadas situações, às vezes, aparece. Por isso o diálogo é sempre muito importante, como em qualquer relação. A diferença é que essa geração está mais aberta a isso.”

Preconceito entre amigos e familiares

Por mais que o tempo passe e as mulheres conquistem poder de escolha e força para lutar pelos seus desejos, ainda não é considerado comum um homem mais jovem se relacionar com uma mulher mais velha. Sempre há comentários maldosos colocando em dúvida o amor, orgulho, respeito e admiração pela mulher.

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Além disso, muitas mulheres se sentem inseguras e até culpadas em amar um homem mais novo, sobretudo, quando a diferença de idade é bem maior. Então, pensamentos como “mas ele tem idade para ser meu filho” é recorrente. Além do mais, em muitos casos, o preconceito parte das próprias mulheres que apontam e ridicularizam as outras.

Sobre isso, Ângela compartilha: “às vezes, observo que o preconceito vem da parte das mulheres.” Mas ela informa que até o momento não enfrentou nenhum preconceito e espera que continue assim. “Sabemos que o preconceito existe, cabe a nós nos mantermos indiferentes”.

No caso de Camila, os seus amigos foram mais preconceituosos do que as mulheres que, inclusive, a apoiaram. Ela acredita que o comportamento dos homens pode ter sido dessa maneira por causa de ciúmes ou machismo.

“O preconceito dos amigos vem com piadinhas do tipo: “pegou para criar”, “o que ele pode te oferecer?”, “vai gastar toda a mesada dele” etc. Em relação à família, vejo como preocupação pelo dia que ele enjoar de mim e quiser terminar. Sim, já fadaram meu relacionamento ao fracasso”, relata Camila.

Como elas lidam com o preconceito

Para a mulher, lidar com o preconceito é um dos maiores desafios em namorar um homem mais jovem. A sociedade ainda está fortemente enraizada ao padrão social da época, em que a mulher deve seguir o sistema machista e patriarcal vivido por gerações anteriores.

Mulheres mais velhas, ainda são julgadas, apontadas e vistas como vulgares, e muitos comentam que se relacionam com homens mais novos, porque não aceitam a própria idade e querem se comportar como adolescentes. Para Ângela, tais atitudes demonstram o “preconceito e revela a inveja da felicidade que sentem do casal.”

Camila relata que faz terapia para lidar com essas questões e diz que a sua psicóloga “é fundamental, até mesmo para o meu próprio preconceito, pois eu nunca me imaginei num relacionamento assim. Às vezes, os comentários machucam, mas eu converso com o meu namorado e recebo muito apoio”.

Algumas mulheres, como Diva, conseguem lidar de forma mais tranquila com o preconceito e vivem um relacionamento saudável e feliz. “A diferença de idade não atrapalha em nada o nosso relacionamento porque eu ignoro qualquer tipo de preconceito”, comenta.

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Lições que aprenderam em seus relacionamentos

Em toda fase da vida e em todo relacionamento há sempre lições a serem aprendidas. Sobre isso, Camila comenta ser impossível não lembrar de si mesma aos 20 anos e não refletir sobre a vida. “Acho que a maior lição é viver o momento, aproveitar as oportunidades e também ter paciência para deixar ele viver as fases de cada idade.”

Diva diz que a maior lição que tirou do seu relacionamento é “que uma pessoa mais jovem pode ser mais madura do que uma mais velha.” Já Ângela, relata que o casal aprende muito no dia a dia e, “independentemente da idade, sempre teremos algo a aprender um com o outro para o nosso relacionamento não desgastar”.

Assim como conta Camila, é normal algumas mulheres se sentirem receosas no início do relacionamento. Mas ela não acha que a idade interfere na felicidade do casal. “Nós temos níveis de maturidade parecidos, tanto para assuntos sérios como para brincadeiras e lazer”.

Muitas vezes, o medo pode impedir de uma pessoa viver grandes histórias, e se permitir, é uma das lições que elas podem aprender com isso. Sobre isso, Camila revela que já cogitou a possibilidade de não assumir o relacionamento.

“O primeiro pensamento foi: “meu Deus, o que meus pais vão dizer”. Então, aos poucos, fui entendendo que não devo satisfações a ninguém e me permiti ser feliz. Ele é incrível e entendeu caso eu não quisesse assumir, mas ficou super feliz quando contei para minha família. Hoje eu já apresento ele como “meu novinho”.”

O que esperar do futuro?

Pensar no futuro pode gerar medo e insegurança em algumas mulheres que vivem relações com homens mais jovens. Algumas delas temem que o etarismo prevaleça e não consigam lidar com a intolerância da sociedade.

Camila diz que já se sentiu receosa em relação ao futuro, afinal, “a mulher já costuma ser mais insegura com a aparência, filhos etc. Me ajuda não aparentar ter 33 anos, e acredito que se o sentimento for verdadeiro, as inseguranças são superadas.”

Porém, para Ângela, a diferença de idade não interfere em nada e, sim, as atitudes. “Nunca me causou insegurança, muito pelo contrário, ele me passa muita segurança dia após dia.” Muitas mulheres lidam melhor com os julgamentos que recaem sobre elas e superam o preconceito.

Assim, provam que a idade é só um número, são felizes com os seus parceiros e provam o que é realmente importante: sentimento, respeito, reciprocidade e maturidade para lidar com as adversidades de qualquer relação, independentemente da idade, raça, gênero e classe social.

E se o assunto te interessa, conheça uma situação oposta, veja as vantagens de se relacionar com homens mais velhos.

Formada em Letras e pós-graduada em Jornalismo Digital. Apaixonada por livros, plantas e animais. Ama viajar e pesquisar sobre outras culturas. Escreve sobre diversos assuntos, especialmente sobre saúde, bem-estar, beleza e comportamento.