Bem-estar

Como acabar com a caspa de maneira definitiva

iStock

Atualizado em 19.07.22

Caspa é o nome popular da dermatite seborreica, problema que, sem dúvidas, incomoda grande parte da população adulta (geralmente entre 20 e 50 anos de idade), mas que, ainda assim, ainda gera muitas dúvidas entre as pessoas.

A caspa pode ser definida como um processo de descamação da pele do couro cabeludo. Em entrevista ao Dicas de Mulher, Ligia Kogos, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e diretora da Clínica Ligia Kogos de Dermatologia, explica que a caspa é resultado do excesso do trabalho das glândulas sebáceas no couro cabeludo.

O que é caspa?

“A caspa é um problema muito comum especialmente no inverno, pois nada mais é do que uma proteção do nosso organismo para ‘aguentar o frio’… As glândulas produzem uma secreção que, por sua vez, queima a pele, descamando-a e formando aquela casquinha de pele morta.”

Ligia Kogos, dermatologista

Ligia acrescenta ainda que a descamação muitas vezes vem acompanhada de vermelhidão e coceira (mais ou menos intensas, dependendo do caso), o que costuma causar grande incômodo às pessoas que sofrem com o problema.

Publicidade

Dessa forma, vale ressaltar que a dermatite seborreica é uma descamação excessiva do couro cabeludo causada por predisposição genética, mas que, para se manifestar, depende da existência de outros fatores, tais como: clima, estresse, desequilíbrio hormonal ou alimentação rica em carboidratos e/ou gorduras.

A caspa acomete tanto as mulheres como os homens?

Foto: Thinkstock

A resposta é sim. Porém, vale ressaltar, que o problema é mais recorrente nos homens. Ligia Kogos explica que os homens são mais propensos à caspa por possuírem maior número de glândulas sebáceas – responsáveis pela oleosidade – e maior produção de hormônios, como a testosterona, que afetam diretamente no aumento de sebo no couro cabeludo.

Porém, as mulheres também não estão livres do problema. “Em casos de estresse, por exemplo, o ACTH (hormônio adrenocorticotrófico do córtex adrenal) é produzido em excesso, aumentando a atividade das glândulas sebáceas, que ficam super estimuladas, podendo resultar na caspa”, explica.

Ligia Kogos destaca ainda que mulheres que têm um pouco de hormônio masculino a mais estão mais propensas a ter caspa. “É mais comum o problema ocorrer também em moças que já possuem a pele mais oleosa e já sofrem, por exemplo, com a acne”, diz.

A dermatologista acrescenta que a mulher que sofre com a síndrome dos ovários policísticos também está mais sujeita a ter caspa. “Mas, de forma geral, nos homens, os casos de caspa geralmente são mais exuberantes, mais intensos, costumam incomodar mais”, revela a dermatologista.

7 dúvidas sobre a caspa respondidas pela dermatologista

Foto: Thinkstock

Publicidade

Abaixo você confere algumas dúvidas comuns sobre o assunto, que ainda geram muita confusão na cabeça das pessoas que tentam investigar um pouco mais especialmente sobre as causas da caspa:

Dicas de Mulher – O uso de condicionador causa caspa?

Ligia Kogos – Muitas pessoas acreditam que é o uso de condicionador que causa caspa, mas não é bem assim. Talvez isso vá ocorrer se a pessoa já tiver uma tendência a ter caspa e fizer o mau uso do produto (colocar muito condicionador no couro cabeludo e não repassar totalmente, por exemplo). Mas vale destacar que geralmente a caspa não acontece ‘por culpa da pessoa’, mas mais por fatores internos.

Lavar o cabelo com água quente causa caspa?

Não, isto é mito. Como a caspa resulta do excesso de produção sebácea pelas glândulas do couro cabeludo – secreção esta rica em ácidos graxos que provocam irritação, descamação, coceira e inflamação –, a água quente externa não desencadeia o quadro. Pelo contrário, pode até aliviar momentaneamente, por seu efeito anti-inflamatório, o quadro exuberante de prurido e descamação. É apenas um mito esta crença de que a água quente poderia provocar a caspa.

Lavar o cabelo diariamente pode fazer com que o quadro de caspa piore?

Cada pessoa tem suas necessidades individuais quanto à lavagem, de acordo com seu tipo de cabelo (oleoso, normal ou seco) e seu estilo de vida. Há muitas que precisam lavar todos os dias, seja por terem cabelos oleosos, ou por exercícios físicos, natação ou, simplesmente, por assim se sentirem melhor (como a maioria dos homens). O ato de esfregar fortemente o couro cabeludo todos os dias, porém, pode acabar estimulando as glândulas a trabalharem mais, agravando a oleosidade e a caspa. Mas lavar normalmente não interfere significativamente. Dessa forma, cada pessoa pode perfeitamente lavar os cabelos na frequência com que se sentir melhor.

A caspa é contagiosa?

Publicidade

Não, nem mesmo se você usar a escova ou o pente de uma pessoa que esteja com caspa. A caspa nada mais é do que o resultado de uma descamação do couro cabeludo causada por predisposição genética, mas que, para se manifestar, depende da existência de outros fatores (clima, estresse, desequilíbrio hormonal ou alimentação rica em carboidratos e/ou gorduras).

Uma alimentação inadequada pode estimular a caspa ou piorar o quadro?

Sim. Uma alimentação rica em gorduras, açúcares, frituras e/ou em carboidratos refinados (como arroz, macarrão e pães brancos) pode estimular ou agravar um quadro da caspa. Além disso, é fundamental também evitar o consumo de bebidas alcoólicas – que pioram muito o quadro em uma pessoa que já tem predisposição para ter caspa.

A caspa pode fazer os cabelos caírem?

A caspa pode, sim, causar uma queda maior dos fios – já que provoca processo inflamatório nos folículos pilosos. Até por isso existe uma preocupação maior por parte das mulheres com o problema. Porém, vale ressaltar que a caspa não é responsável pela calvície – que também está associada à predisposição genética. No entanto, a inflamação constante do couro cabeludo, como a provocada pela caspa, pode agravar o problema de calvície.

A caspa tem cura?

Acredita-se que a dermatite seborreica possa acompanhar a pessoa ao longo de sua vida com períodos de melhora e piora. Porém, atualmente existem bons opções de tratamento e, com um adequado – indicado por um dermatologista – é possível reduzir muito os sintomas, como as descamações e as coceiras.

Quando procurar ajuda médica para tratar a caspa?

Ligia Kogos explica que, ao notar os primeiros sinais da caspa, a pessoa deve tentar, primeiramente, usar um xampu anticaspas (que geralmente são à base de enxofre, ácido salicílico, zinco ou sulfacetamida sódica). “Eles são encontrados facilmente à venda no mercado e geralmente são eficientes. Então a pessoa deve ter um pouco mais de paciência e ler atentamente o rótulo do produto procurando por um desses itens”, diz.

Anda de acordo com a médica, é importante que a pessoa também pare para observar sua alimentação. “Está consumido muito carboidrato? Gordura? Chocolate? Fritura? Bebida alcoólica? Vale a pena, então, tentar melhorar a alimentação também para ver se o problema diminui”, explica, lembrando que uma alimentação rica em gorduras e em carboidratos pode piorar o quadro.

Mas, continua a profissional, se mesmo tomando esses cuidados – seguindo uma boa alimentação, usando xampus anticaspas – o problema persistir, o ideal é a pessoa procurar um médico dermatologista que indicará a melhor forma de tratamento.

Tratamentos para a caspa

Abaixo, Ligia Kogos cita algumas alternativas utilizadas para tratar a caspa:

1. Xampu anticaspa

O uso de xampus para combater o excesso de trabalho das glândulas sebáceas é, de acordo com Ligia, a primeira medida a ser tomada. “Geralmente são produtos à base de enxofre, ácido salicílico, zinco, sulfacetamida sódica – que tentam regular a atividade das glândulas e remover esse excesso de células”, diz.

2. Loções

De acordo com a dermatologista, pode ser necessário o uso de loções à base de corticoides (às vezes com outros ingredientes, como peritionato de zinco etc.), que possuem efeito anti-inflamatório, quando só o xampu não apresenta resultados.

3. Banho de sol

O sol também é um aliado no combate à caspa. Ligia Kogos explica que o banho de sol (com proteção adequada no restante da pele) é recomendado, pois tem importante ação anti-inflamatória e ajuda a diminuir as atividades das glândulas sebáceas.

4. Antifúngicos

Ligia destaca que, às vezes, são recomendados antifúngicos no tratamento da caspa, como, por exemplo, Ketoconazol. “Isso porque as condições no couro cabeludo que fazem surgir a caspa são propícias para o acúmulo de fungos – ou seja, eles acham ali condições para se proliferarem”, diz.

5. Fotobiomodulação

Esta é uma outra alternativa de tratamento e, de acordo com Ligia Kogos, consiste na aplicação de laser com ação anti-inflamatória, à base de Iodo, que vai ajudar a regular as atividades das glândulas sebáceas, melhorando o quadro de caspas.

6. Tratamento interno

Ligia Kogos explica que, em casos mais “graves”, pode ser necessário o uso de injeções de corticoides.

7. Isotretinoína

Ligia explica que, em casos de caspa crônica, pode ser necessário o uso de Isotretinoína (Roacutuan) via oral, que regula de maneira definitiva a glândula sebácea.

Vale ressaltar que a melhor maneira de tratar a dermatite seborreica só poderá ser indicada por um dermatologista, levando em conta as particularidades de cada caso.

Como prevenir a caspa?

Foto: Thinkstock

Como já foi destacado, a caspa nada mais é do que o resultado de uma descamação do couro cabeludo causada por predisposição genética. Porém, como essa descamação se manifesta por influência de outros fatores (clima, estresse, alimentação irregular), algumas medidas podem ser tomadas – por pessoas que têm tendência a esse problema – no sentindo de evitar a piora do quadro.

  • Seguir uma boa alimentação, sobretudo, evitando o excesso de alimentos gordurosos, frituras, açúcares e carboidratos refinados.
  • Evitar o consumo excessivo de bebida alcoólica.
  • Praticar exercício físico também pode ajudar a combater a caspa.
  • Evitar o sedentarismo e, também, não trocar a noite pelo dia.

Agora você já sabe exatamente o que é caspa e conhece boas alternativas para tratar este problema. Lembre-se, porém, que somente um médico dermatologista poderá indicar qual é o melhor tipo de tratamento para cada caso.

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.