Bem-estar

Meu bebê não ganha peso: o que posso fazer?

Existem tabelas de referência para peso da criança, de acordo com a idade e o sexo. E são elas que dirão se o bebê não está mesmo no peso adequado

Atualizado em 24.04.23
Foto: Getty Images

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O crescimento do bebê é motivo de atenção entre praticamente todas as mães. Nas visitas ao pediatra, muitas, inclusive, questionam: “será que meu filho engordou tudo o que tinha que engordar?”; “Meu bebê não engorda. Será que meu leite é fraco?”.

Como resultado desta preocupação, algumas pessoas acabam, às vezes, até tomando decisões erradas, por pura ansiedade. Muitas mães podem pensar, por exemplo, que o bebê não está ganhando peso pois seu leite não está sendo suficientemente bom para ele. Porém, este é um mito, não existe leite materno fraco. Vale lembrar que cada mãe produz o leite que seu bebê precisa e na quantidade certa. O fato é que o organismo da mulher só precisa regular a quantidade de leite nos primeiros dias depois do parto.

Outras famílias ainda chegam a acreditar que leite em pó possa ser a solução quando o bebê não ganha peso. Porém, na verdade, há muita coisa para ser levada em consideração e somente um pediatra poderá passar as orientações corretas de acordo com cada caso.

“Não há estatísticas específicas e amplas sobre bebês que não ganham peso, mas esta queixa não é rara no dia a dia do pediatra”, comenta Camila Richieri Gomes, endocrinopediatra da Clínica Dr. Família.

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Por outro lado, Tatiana Miranda, pediatra do Hospital Leforte, destaca que a transição socioeconômica, somada ao desenvolvimento do sistema de saúde e a melhora das condições de saneamento que o Brasil vive atualmente, vem favorecendo a diminuição do déficit de ganho ponderal (dificuldade de ganhar peso). “Além dessa nova característica epidemiológica, o País também vive a chamada transição nutricional, que é caracterizada pela presença, em um mesmo território de desnutrição, da deficiência de micronutrientes e excesso de peso. Sendo que hoje temos bastante preocupação com o outro polo desse problema, que é a obesidade, mesmo nos bebês”, diz.

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“Nas crianças, essas duas transições, epidemiológica e nutricional, podem ser notadas quando se observa um crescente aumento da prevalência de sobrepeso e da obesidade em todo o País, em detrimento dos casos de desnutrição (baixo peso). A prevalência de crianças obesas no Brasil é atualmente de 6,6%”, acrescenta Tatiana.

Como descobrir se o bebê está abaixo do peso recomendado

Foto: Getty Images

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Não basta simplesmente olhar para o bebê e achar que ele está “muito magrinho”, muito menos comparar o desenvolvimento dele com o de outras crianças.

Tatiana explica que o pediatra irá avaliar o peso e a altura da criança. “Existem as chamadas curvas de percentis de peso normais para cada idade, adequados à população brasileira, e divididos pelo sexo também”, diz.

Ou seja, existem tabelas e gráficos de referência para peso, estatura e índice de massa corpórea de crianças, de acordo com a idade e sexo. E são eles que “dirão” se o seu bebê, de fato, não está ganhando peso.

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Os gráficos atualmente mais utilizados e recomendados pela Sociedade Brasileira de Pediatria são os gráficos da Organização Mundial da Saúde, de acordo com a pediatra Camila. Confira nos links abaixo:

  • Para meninas de 0 a 5 anos
  • Para meninos de 0 a 5 anos

Por que o bebê não ganha peso?

Tatiana explica que as principais causas de desnutrição derivam de quatro condições elementares:

1. Ingestão calórica insuficiente. A criança está comendo menos calorias do que o seu corpo necessita.

2. Absorção inadequada. “A criança come o que necessita, porém, por diversas causas, doenças que chamamos de síndrome de má absorção, o seu organismo não absorve adequadamente tudo o que é ingerido”, explica a pediatra.

3. Demanda metabólica aumentada. “A criança está em alguma condição onde o seu corpo necessita de mais calorias do que o normal – doenças crônicas, infecções de repetição, são condições em que isso pode ocorrer”, diz Tatiana.

4. Má utilização dos nutrientes. Dieta não balanceada, alimentos de má qualidade ou mal preparados.

Camila ressalta que, em linhas gerais, a criança não ganha peso adequadamente porque não ingere o suficiente, ou não está absorvendo o suficiente. “De todas essas causas, a mais comum é a ingestão inadequada”, comenta.

O que os pais devem fazer ao notar que o bebê não ganha peso

Foto: Getty Images

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1. Não fazer comparações. É importante ressaltar que os pais não devem comparar seu filho com outras crianças do convívio, por exemplo, dizer que seu bebê está muito magrinho “porque o filho de uma amiga tem a mesma idade e é bem mais gordinho”. Existem gráficos de referência para peso, estatura e índice de massa corpórea de crianças, de acordo com a idade e sexo, dessa forma, são eles que “dirão” se o seu bebê, de fato, não está no peso recomendável.

2. Não se culpar. A mãe nunca deve achar que é “culpa” dela o fato de o bebê não estar ganhando peso. A ideia “meu leite não está sendo bom o suficiente para meu filho” é equivocada.

3. Não tomar nenhuma atitude por conta própria. Não adianta forçar o filho a mamar/comer quando ele não quer, nem tentar inserir alimentos que você considere que vai ajudar ele a ganhar peso (caso ele já esteja na alimentação complementar). Somente o médico poderá passar as recomendações adequadas.

4. Levar sempre ao pediatra. “Deve ser feito o acompanhamento regular e periódico com o pediatra, que é capaz de detectar de maneira precoce qualquer problema que esteja acontecendo com o bebê. É para isso que servem as consultas de puericultura, ou seja, as consultas em que o bebê e a criança vão ao pediatra sem nenhuma queixa específica, para acompanharem seu desenvolvimento”, destaca Camila.

Tatiana reforça que o pediatra é o profissional que avaliará se há realmente um déficit de ganho de peso, “e o que procurará e elucidará a causa ou as múltiplas causas de por que o bebê não ganha peso”, finaliza.

Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.