Bem-estar

Gravidez na adolescência: um problema social que impacta jovens mães

Canva

Em 25.08.23

O índice de gravidez na adolescência ainda é alto no Brasil. O país ocupa o 2º lugar no ranking da América Latina, com mães entre 14 e 19 anos. Por isso, a educação sexual e a conscientização social são tão importantes. A ginecologista e obstetra Mariana Rosario, membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, conversou com o Dicas de Mulher sobre o assunto e explicou os impactos da gestação precoce.

O que é a gravidez na adolescência?

A Doutora Mariana explica que a gestação é considerada precoce quando, “em poucas palavras, envolve uma adolescente que engravida”. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), a gravidez na adolescência ocorre entre os 10 e os 19 anos. Além de apresentar riscos físicos para a mãe e para o bebê, pode desencadear problemas emocionais e sociais.

Dados sobre a gravidez na adolescência no Brasil

Desde 2019, os índices de gravidez na adolescência estão diminuindo. De acordo com o Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC), em 2018, foram registrados 456,1 mil casos. Em 2020, o número caiu para 380,7 mil. Apesar disso, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o Brasil ainda é o 2º país com maior número de mães adolescentes. A pesquisa também mostra que a maioria das meninas está nos bairros mais pobres e em situação de vulnerabilidade social, mesmo quando a análise foca exclusivamente em uma cidade.

Um estudo do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde mapeia as regiões com mais mães adolescentes. A maioria dos casos está nas regiões Norte e Nordeste. No índice de nascidos vivos, entre as mães indígenas, 28% são adolescentes; entre as pardas, 17%; entre as pretas, o índice é de 13%. Apenas 9% das mulheres brancas tiveram filhos na adolescência.

Causas da gravidez na adolescência

Para a doutora Mariana, existem dois fatores principais que contribuem à gravidez na adolescência: a falta de acesso às informações e aos métodos contraceptivos. Por isso, a educação sexual é uma questão de saúde pública e ensino básico. A ginecologista também comentou que os adolescentes estão entre as pessoas que menos usam preservativos. Muitas jovens não se sentem confortáveis para ter essa conversa com suas parcerias. Mais uma vez, isso reforça a importância da conscientização.

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Impactos da gravidez na adolescência

A gravidez desencadeia impactos significativos na saúde mental e física de uma adolescente, além de causar sérios problemas sociais. Segundo o Ministério da Educação, 18% dos casos de evasão escolar resultam de uma gravidez indesejada na adolescência. Confira os detalhes abaixo!

Impactos na saúde

Segundo a doutora Mariana, a gravidez na adolescência impacta tanto a saúde da mãe quanto a do bebê. As principais consequências são:

  • Risco para a mãe e para o bebê: “o corpo da adolescente pode não estar completamente desenvolvido para receber uma gestação. Além disso, há maior risco de complicações, como pré-eclâmpsia, anemia e baixo peso ao nascer”.
  • Prematuridade: “um risco para o bebê, que pode nascer antes do tempo exatamente pelo sistema reprodutor da mãe não estar completamente desenvolvido”.
  • Desenvolvimento de doenças crônicas: entre elas, diabetes gestacional e obesidade.
  • Deficiência nutricional: “a adolescente ainda está em desenvolvimento e compartilha nutrientes com o feto. Em alguns casos, escondem a gravidez, não se alimentando corretamente e não há uma preocupação com a suplementação”.

A gravidez na adolescência também pode causas complicações durante o parto. Muitas vezes, a cesariana é a única opção para essas mães. O aborto espontâneo é outro fator de risco.

Impactos psicológicos

O estresse e a ansiedade são dois fatores observados nas mães adolescentes. A maioria das jovens não tem maturidade para lidar com a responsabilidade de cuidar de um bebê. Problemas de autoestima, tensões nas relações familiares e com amigos também são observados nesses casos.

Impactos sociais

O número de evasão escolar está muito relacionado à gravidez na adolescência. Conforme o IBGE, no índice de adolescentes que não estudam e não trabalham, a maioria tem filhos. Entre os problemas sociais, também estão a pobreza, maior probabilidade de uma segunda gravidez, maternidade solo e acesso limitado aos cuidados de saúde.

É importante destacar que, embora a gravidez na adolescência traga muitos desafios sociais, com o apoio adequado, as jovens mães estarão mais preparadas para enfrentar os desafios. Com uma rede de apoio, é possível ter uma vida equilibrada, estudar e planejar o futuro profissional.

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Como prevenir a gravidez na adolescência?

A informação é a melhor forma para evitar a gravidez na adolescência. O sexo precisa deixar de ser tratado como tabu e assunto indiscutível. Além disso, a educação sexual ajuda a denunciar abusos, ensina sobre diferenças e previne ISTs. A doutora Mariana cita alguns fatores de prevenção:

  • Ensinar e informar: “é essencial fornecer informações para as adolescentes. Elas devem ter acesso à educação sexual para entender sobre o uso dos métodos contraceptivos e do preservativo, bem como sobre o funcionamento de seu próprio corpo”.
  • Acesso aos métodos contraceptivos: é importante as adolescentes saberem que existem “contraceptivos acessíveis, com orientações sobre onde encontrar no posto de saúde e sobre como comprar diretamente na farmácia, no caso da camisinha”.
  • Incentivo ao uso do preservativo: “as adolescentes precisam ser incentivadas a usar a camisinha, entendendo sua importância não apenas na prevenção da gravidez como também das ISTs”.

Em um cenário ideal, a educação sexual deveria fazer parte tanto do conteúdo abordado na escola quanto de conversas entre pais e filhos. O assunto também deve chegar às comunidades carentes, postos de saúde e outros espaços sociais.

O que fazer caso esteja grávida na adolescência?

Segundo a ginecologista, “o primeiro passo é procurar um médico”. Você pode ir ao posto de saúde mais próximo para ter acesso a todo o acompanhamento e cuidado que uma gestação na adolescência exige. Também é importante contar para a família e para o pai do bebê. A psicoterapia é importante para a jovem entender e lidar com as mudanças corporais, emocionais e sociais.

Vídeos sobre a gravidez na adolescência

Além da conversa com a doutora Mariana, acompanhe uma seleção de vídeos sobre a gravidez na adolescência. Especialistas falam sobre os riscos, consequências, prevenção e fatores sociais.

Como reduzir a gravidez na adolescência

No vídeo do Hospital de Base, a doutora Rudiane conceitua o que é adolescência e pré-adolescência. Em seguida, ela aborda os números de gravidez na adolescência no Brasil. Então, apresenta possíveis soluções para reduzir os números. A médica encerra a conversa explicando os impactos causados por essa gestação.

Quais os riscos de uma gravidez na adolescência?

Uma ginecologista explica detalhadamente os riscos da gravidez na adolescência. Em seguida, há uma entrevista com uma jovem de dezenove anos que se descobriu grávida na adolescência.

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Por que o Brasil continua acima da média nos índices de gravidez na adolescência?

Uma psicóloga traz reflexões sobre as causas da gravidez na adolescência, mesmo em um mundo moderno e repleto de tecnologia, com fácil acesso à informação. Ela explica a importância de falar sobre maternidade e sobre sexualidade tanto em casa quanto na escola.

A gravidez na adolescência é um desafio que precisa ser enfrentado. Para isso, a educação e a conversa aberta sobre sexo, sexualidade e planejamento familiar são os principais caminhos.

Escritora com 8 livros publicados e apresentadora de um programa de rádio sobre literatura nacional, o Capivaras Leitoras. Ama ler, viajar e passar um tempo com a Buffy, sua cachorrinha vira-lata.