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Disidrose: como tratar e prevenir esta doença de pele muito comum

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Com colaboração da Dermatologista Dra. Izabella Maia

Atualizado em 06.03.24

A disidrose, ou Eczema Disidrosico, é uma doença crônica de pele. Um tipo bastante comum de eczema (alergia) que afeta as palmas das mãos, os dedos e as solas dos pés. Sua principal característica são pequenas bolhas de um a dois milímetros de largura e de base avermelhada. Em casos mais severos, pode evoluir para rachaduras e fissuras. Nessas situações, é preciso tomar mais cuidado, já que o local fica vulnerável a infecções bacterianas.

Conheça a especialista

Dra. Izabella Maia é médica dermatologista (CRM 140321 e RQE 117387), especialista em rejuvenescimento e beleza natural. Fellow em tricologia e transplante capilar.

Segundo a dermatologista Izabella Maia, o diagnóstico da disidrose é clínico: a partir de uma história clínica detalhada, ou seja, descrição sobre o desenvolvimento da doença, é possível estabelecer as causas e saber se realmente se trata de disidrose. A dermatologista explica ainda que alguns exames podem ser pedidos, como o exame micológico direto, no caso de suspeita de infecção fúngica; o patch-test, em casos relacionados à dermatite de contato; e a biópsia, quando não for possível identificar o agente causal.

Há controvérsias se a disidrose costuma ter maior incidência em mulheres ou se afeta igualmente os homens. Sabe-se que a faixa etária mais suscetível ao desenvolvimento da doença está entre os 20 e os 40 anos de idade. As bolhas duram cerca de três semanas, então, desaparecem, e reaparecem esporadicamente. Crises recorrentes resultam em espessamento da pele (hiperqueratose).

Izabella explica que a disidrose pode ser confundida com quadros de dermatite atópica, dermatite de contato alérgica, dermatite de contato por irritante primário, eczema numular, entre outras doenças dermatológicas, sendo possível a distinção a partir de um exame da pele. Embora não haja cura, há tratamentos de controle.

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Causas da disidrose

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A disidrose é causada por uma inflação na pele que cria pequenas bolhas, as quais estouram, deixando a pele com aparência escamosa. Cerca de metade das pessoas afetadas apresentam tendência a desenvolver alergias, tendo outros tipos de manifestações alérgicas em seu histórico, como dermatites ou mesmo bronquite.

Segundo Izabella, as causas da disidrose não estão completamente estabelecidas. Apesar disso, ela é classificada em dois tipos: disidrose idiopática ou verdadeira, quando não é possível identificar a origem da doença; e erupções disidrosiformes, quando a disidrose surge relacionada a outro problema, como a dermatite atópica, a dermatite de contato, a farmacodermia (reação alérgica a medicamentos), e dermatofítides (reações alérgicas a um fungo).

Entre outros desencadeadores da doença, estão o estresse físico ou mental e a lavagem muito frequente das mãos. A disidrose é mais frequente durante o verão ou em mudanças bruscas de temperatura, e parece estar relacionada à produção exagerada de suor nas mãos e pés, ainda que o líquido presente dentro das bolhas não seja suor. É importante dizer que não existe perigo de transmissão, mesmo entrando em contato direto com a pele de outra pessoa.

Sintomas da disidrose

Nas crises de disidrose, a pele fica inflamada. Isso faz com que os espaços criados pela inflamação entre as células da pele sejam preenchidos por fluído. É assim que surgem as pequenas bolhas características da doença. A dermatologista Izabella Maia nos ajudou a montar uma lista com as principais características e sintomas da doença:

  • Bolhas: pequenas saliências que, quando coçadas, podem evoluir para bolhas maiores e erupção do fluido existente dentro delas. Aparecem em grupos, nunca sozinhas. Há dois tipos de bolhas características da disidrose: bolhas pequenas salientes e bolhas opacas mais profundas, niveladas com a pele ou pouco elevadas. Esse segundo tipo não se rompe com facilidade.
  • Coceira: nem sempre há coceira, mas é possível que as bolhas cocem e fiquem doloridas. A coceira piora se a pele entrar em contato com substâncias irritantes.
  • Fissuras (rachaduras): quando se coça as bolhas, elas rompem, liberando o líquido interno. Ao cicatrizarem, a pele pode ficar mais grossa e seca, desencadeando rachaduras, que são bastante dolorosas e demoram semanas ou meses para curar.
  • Queimação ou febre no local, dor e/ou inchaço: esses sintomas podem aparecer se houver um processo infeccioso no local. Nesse caso, procure um médico para tratar a infecção e voltar a controlar os sintomas.
  • Formigamento: em alguns casos, as crises de disidrose podem ser acompanhadas pelo inchaço dos linfonodos, desencadeando a sensação de formigamento no antebraço.

Já notou a presença de um ou mais sintomas? Sempre que houver a suspeita de disidrose é importante consultar uma médica dermatologista para confirmar o diagnóstico ou investigar o que está afetando a sua pele.

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Tratamentos para disidrose

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Há diversos tratamentos para a disidrose. O mais comum é realizado com aplicação de medicamentos de uso tópico, como cremes ou loções. Eles são usados para combater os sintomas, uma vez que a doença não tem cura.

Segundo a dermatologista, apenas em casos mais sérios, é indicado o uso de medicações via oral. Se houver uma infecção secundária, indica-se o uso de antibióticos. Em situações mais resistentes aos tratamentos convencionais, utiliza-se imunossupressores e fototerapia.

Tratamento tópico

As pomadas e cremes usados para tratar a disidrose costumam ser aplicados duas vezes ao dia e ter vaselina, óleo mineral ou gordura vegetal em sua fórmula, para tentar manter a hidratação da pele. Alguns dos tipos de pomadas utilizadas são:

  • Cremes e pomadas à base de cortisona: aliviam os sintomas da disidrose e aceleram o processo de cicatrização. Para melhor absorção, envolva a região afetada com um filme plástico por alguns minutos. Cuidado: o uso prolongado pode desgastar e ressecar a pele, além de abrir espaço para infecções secundárias.
  • Cremes à base de ureia: esfoliam e hidratam a pele, evitando o desenvolvimento da doença e aliviando sintomas.
  • Pomadas imunossupressoras: evitam o surgimento de bolhas, mas, como alteram o sistema imunológico, aumentam as chances de contrair uma infecção de pele.
  • Solução de permanganato de potássio ou acetato de alumínio: “secam” e neutralizam bolhas com muito fluido e tem efeito antisséptico, mas deve ser usada com precaução: sua aplicação pode ser dolorosa e resíduos deixados na pele podem causar queimadura.

A disidrosse deixa a pele ressecada, por isso é muito importante investir em uma rotina de hidratação. Com excessão dos cremes hidratantes, todos os medicamentos citados acima devem ser prescritos pelo seu médico, considerando o seu caso específico.

Tratamento via oral

Como já foi dito, o tratamento via oral é indicado para casos um pouco mais graves da doença. Nessas situações, o médico pode indicar um anti-histamínico (antialérgico) para melhorar os sintomas de coceira e ardência; um corticoide para diminuir a quantidade e tamanho das bolhas; ou um antibacteriano em casos crônicos. O médico analisará cada quadro para determinar qual é o medicamento mais adequado.

Mudança alimentar

Izabella explica que a disidrose também pode surge em decorrência de alergia a níquel. Assim, ingerir alimentos com esse metal desencadeia a doença. Se o caso for esse, é necessário uma mudança alimentar, evitando alimentos enlatados, alimentos ácidos, alimentos cozidos em panela de aço inoxidável, ostras, aspargos, feijão, cogumelos, cebolas, milho, espinafre, tomate, ervilha, trigo integral, pera, chá, chocolate e fermento em pó.

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Tratamentos para os casos mais graves

Quando nenhum dos tratamentos anteriores se mostrou eficaz, o médico pode recomendar a fototerapia, com a exposição da ferida à luz ultravioleta, o que fortalece a pele, diminuindo a irritação. Em casos ainda mais graves, é possível que o médico recomende injeções de toxina botulínica (botox), que diminuem o funcionamento das glândulas de suor.

Durante o tratamento, é muito importante se atentar à higiene adequada da região afetada, que deve ser feita com água morna e sabão neutro. A pele deve ser bem seca após a limpeza, e hidratada no mínimo duas vezes por dia. É importante também evitar o contato com substâncias irritantes.

Remédios caseiros para aliviar os sintomas da disidrose

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Não há tratamentos caseiros para a disidrose, lembrando que a doença é crônica. Entretanto, há chás, plantas e hábitos que ajudam a aliviar os sintomas. Confira:

  • Gel de Aloe Vera: aplique o gel caseiro ou industrializado na região afetada. Ele ajuda a reduzir a inflamação e a coceira. Também previne infecções bacterianas e acelera o processo de cicatrização da pele.
  • Compressas de água fria: ajuda a aliviar coceiras intensas. Aplique a compressa com gaze ou outro tecido limpo e de textura suave.
  • Infusão do capim seco da camomila: com uma gaze limpa, aplique a infusão na região afetada 3 vezes por dia. A camomila possui propriedades anti-inflamatórias que ajudam a reduzir reações alérgicas na pele.
  • Chá de calêndula: contém substâncias cicatrizantes e calmantes que ajudam a aliviar a coceira e a secar as bolhas. Aplique compressas do chá na região afetada 3 vezes por dia.
  • Chá de jasmim: as flores de jasmim são conhecidas por suas propriedades analgésicas, antioxidantes, antibacterianas, anti-inflamatórias, calmantes e digestivas. Aplique compressas do chá na região afetada 3 vezes por dia.
  • Os remédios naturais não tratam a doença, apenas aliviam os sintomas. Eles também não substituem a consulta profissional. Um especialista poderá te ajudar a passar pelas crises de disidrose com mais tranquilidade e qualidade de vida.

    Medidas preventivas

    Algumas atitudes podem auxiliar na prevenção dos surtos. Confira as medidas preventivas indicadas pela dermatologista Izabella Maia:

    • Lavar as mãos com água morna;
    • Secar bem as mãos e os pés;
    • Manter os pés limpos e secos;
    • Retirar os anéis antes de lavar as mãos;
    • Usar sabonetes sem perfume;
    • Usar hidratantes ao longo do dia;
    • Evitar coçar as bolhas;
    • Evitar o uso de produtos irritantes;
    • Dar preferência para o uso de sapatos de couro e meias que facilitem a evaporação do suor.

    Ao seguir o tratamento médico indicado e adotar os cuidados preventivos, você conseguirá evitar os desconfortos causados pela disidrose. Nem sempre a pele descascando é um indicativo da doença. Conheça outros motivos e situações externas que afetam a pele.

Dos assuntos cotidianos, como moda, beleza e saúde, às causas feministas, estamos juntas em todas as buscas da sua jornada!