Bem-estar

8 perguntas para fazer a si mesma antes de pedir o divórcio

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Com colaboração da psicóloga Rebeka Santos

Atualizado em 09.01.24

Relacionamentos são complexos e precisam ser cultivados por meio de diferentes perspectivas. Entretanto, o que fazer quando tudo indica que o amor está chegando ao fim? O Dicas de Mulher conversou com a psicóloga Rebeka Santos sobre o assunto. Confira as perguntas para fazer a si mesmo antes de pedir o divórcio. Separe um tempo de reflexão, escreva suas impressões e tenha um diálogo sincero consigo.

Conheça a especialista

Rebeka Santos é psicóloga clínica, especialista em saúde mental. Trabalha com atendimento online e presencial.

8 perguntas para fazer a si mesma antes do divórcio

Todo relacionamento passa por altos e baixos, entretanto, em determinados momentos, a separação parece ser a única solução para os conflitos. Antes de tomar qualquer decisão, considere todos os ângulos. Abaixo, Rebeka sugere algumas perguntas que nortearão seu diálogo consigo. Acompanhe!

Por que estou considerando o divórcio?

De acordo com Rebeka, a pergunta primordial antes de uma separação conjugal é justamente: “qual é o motivo que me leva a pensar no divórcio como uma solução?”. Assim, você conseguirá pensar sobre os fatos com mais clareza e objetividade.

Ao identificar as causas, também fica mais fácil refletir sobre as possíveis formas de resolução, isto é, “se ainda existe o desejo de mudança na relação”. Segundo a psicóloga, em alguns casos, mesmo com a possibilidade de mudança, talvez “não haja o desejo de reparação”.

O casal trabalha em sintonia para a relação funcionar?

Como o casal lida com a resolução dos conflitos? Ambos conseguem abrir mão de sonhos individuais de forma igualitária? Ambos desejam e colocam em prática a mudança? Existe um diálogo aberto sobre sentimentos? Segundo Rebeka, essas perguntas ajudam a entender “o esforço mútuo e individual do casal para manter a saúde do relacionamento”. Estar com alguém que não se engaja pela união é prejudicial para o futuro afetivo.

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Como foi a evolução da relação amorosa?

“Reavaliar a trajetória da união pode trazer luz para a tomada de decisão a respeito do divórcio”. Ao observar a evolução do relacionamento no decorrer do tempo, você relembrará de acontecimentos positivos e negativos. Como eles foram vivenciados? O casal aprendeu com a experiência ou continua repetindo os mesmos erros? Para alguns casais, essa avaliação fortalece os laços de amor, para outros, evidencia um relacionamento tóxico.

Como eu me imagino sem o meu parceiro?

“Pode parecer óbvio, mas muitas pessoas não refletem sobre como será a vida sem sua parceria”. Assim, caso o divórcio aconteça, o sofrimento emocional será muito grande. Você deve compreender a vida individualmente e reavaliar seus desejos. Rebeka ressalta que é normal sentir medo e ansiedade após o término, “mas esse é um obstáculo possível de se ultrapassar, principalmente com apoio terapêutico”.

Quais são minhas prioridades e objetivos pessoais?

“Os desejos individuais podem moldar a perspectiva de cada cônjuge sobre a vida e o relacionamento”. Segundo a psicóloga, é saudável que os cônjuges tenham suas próprias metas e objetivos, no entanto, elas precisam ser expostas e acordadas em determinados aspectos: “imagine você se planejar para morar fora do país sem saber se seu cônjuge aceitaria a ideia”, com certeza, isso ocasionaria uma séria discussão.

O divórcio pode afetar meus filhos?

Uma das grandes aflições das mães ao pensar no divórcio é como essa decisão afetará seus filhos. Sem dúvidas, “uma ruptura impactará no núcleo familiar”, entretanto ela pode ser vivenciada com leveza. “Muitas mulheres colocam o bem-estar dos filhos acima do próprio bem-estar”. Com o tempo, a infelicidade da mãe e as brigas constantes afetarão ainda mais negativamente as crianças.

É importante pensar na possibilidade de uma terapia familiar ou individual, assim, a criança poderá “elaborar da própria maneira o luto pela separação dos pais”. Se os filhos forem maiores, “uma conversa clara e honesta pode ser ideal entre a família”, desde que sempre seja pontuado que a separação ocorrerá entre o casal e não em relação aos laços fraternais.

Como a separação pode afetar minha saúde mental?

Não é apenas nos filhos e familiares que você deve pensar antes do divórcio. Na verdade, o foco principal deve ser a sua saúde mental, “pois o processo de separação envolve uma série de desafios emocionais, psicológicos e sociais”. O autocuidado é muito importante nesse período.

As questões burocráticas do divórcio podem elevar os níveis de estresse e ansiedade, consequentemente, afetando a saúde mental. “Por isso, se tiver a possibilidade, faça psicoterapia. O processo irá te auxiliar durante essa jornada”.

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Como serão divididos os bens e responsabilidades financeiras?

Um casamento não envolve apenas questões afetivas e sentimentais, mas também burocráticas. “Infelizmente, nossa sociedade compreende a questão financeira em um divórcio como interesse, egoísmo e até mesmo vingança, principalmente quando se trata das mulheres buscando os próprios direitos”. Por isso, é fundamental dialogar sobre a divisão de bens e as responsabilidades financeiras. Se necessário, busque respaldo jurídico.

Como saber se estou infeliz no casamento?

Nem sempre a insatisfação e a infelicidade no casamento são palpáveis. Por isso, é importante “fazer uma autoavaliação honesta sobre seus sentimentos”. Como você se sente quando está ao lado de sua parceria? E quando está longe? O relacionamento é uma via de mão dupla, ou seja, exige reciprocidade.

Segundo a psicóloga, os principais fatores da infelicidade conjugal são: “conflitos frequentes, comunicação insuficiente, desinteresse, desrespeito, insatisfação sexual, abuso físico e/ou psicológico, distância física e emocional e falta de apoio”. Sem carinho, afeto e acolhimento, um relacionamento não sobrevive.

Como saber qual é o momento certo para se separar?

Será que existe o momento certo para se divorciar? Rebeka explica que essa questão é delicada, pois “cada relacionamento é único e as circunstâncias para o término podem variar muito”. A psicóloga pontua alguns sinais que te ajudarão a refletir sobre o seu momento ideal. Veja:

  • Falta de comprometimento;
  • Insatisfação persistente;
  • Ausência de diálogo honesto;
  • Desrespeito;
  • Divergências significativas;
  • Comportamentos tóxicos e/ou abusivos;
  • Impactos na saúde mental e física;
  • Violência física ou psicológica.

O divórcio é uma decisão pessoal. Não continue em um relacionamento apenas para agradar a sua parceria. Caso o casamento esteja passando por um momento delicado, a terapia de casal é uma ótima maneira para delinear o futuro da relação, seja um estreitamento de laços ou um ponto final.

Psicóloga apaixonada por literatura e psicanálise. Acredita que as palavras, escritas ou faladas, têm o poder de transformar.